Com uma queda de mais de 2o% do �ndice Ibovespa no ano, � dif�cil imaginar que ainda haja boas apostas em investimentos de renda vari�vel. Os mais afoitos j� tiraram os recursos da Bolsa de Valores de S�o Paulo (Bovespa) temerosos de que not�cias pessimistas do Velho Continente desestabilizem ainda mais o j� vol�til mercado financeiro nacional.
H� por�m aqueles que, como o administrador Eduardo Zwetkoff, mant�m o capital aplicado em a��es. Mas n�o apenas nas famosas - e mais suscept�veis � queda - Vale e Petrobras, as conhecidas bluechips, como tamb�m nas que pagam bons dividendos, ou seja, dividem maior parcela dos lucros entre os acionistas.
Segundo levantamento feito com exclusividade para o Estado de Minas pelo professor de Mercado de Capitais da CMA Educacional Andr� Machado, uma carteira de investimento composta pelas 10 maiores pagadoras de dividendos do mercado teria rendido, nos �ltimos 12 meses at� 7 de outubro, 8,8% de lucro (veja quadro). Enquanto isso, as bluechips dariam um rombo de 32,32%, queda acumulada no mesmo per�odo, mesmo j� considerado o pagamento de dividendos - que tamb�m distribuem, mas em percentual inferior.
"Se n�o fosse considerada a divis�o dos lucros, esta carteira teria uma queda de 3,81%. Podemos concluir que, justamente pelo fato de pagar bons dividendos, que ela � priorizada pelos investidores, sofrendo um impacto bem menor de vendas, num ano em que o Ibovespa j� cai mais de 20%", avalia o especialista. Entre as mais bem cotadas no ranking, est�o as companhias de energia el�trica e operadoras de telefonia. A grande campe�, Eletropaulo, rentabilizou nos �ltimos 12 meses at� 7 de outubro, 25,94% do valor pago pela a��o.
"S�o empresas que conseguem ter mais previsibilidade sobre o fluxo de caixa. Tendo ou n�o crise, o produto ser� vendido", explica o analista-chefe da XP Investimentos, Rossano Oltramari. Para Andr� Machado, a crise internacional t�m poucos impactos sobre o dia a dia das pessoas e, consequentemente, sobre a demanda dessas companhias de capital aberto. "A menos que tenhamos um cen�rio de depress�o profunda, n�o veremos as fam�lias desligando o freezer e a televis�o ou parando de falar ao telefone. Por isso, a receita dessas empresas � t�o est�vel", observa Machado.
Al�m de terem mercado garantido, estas empresas ainda demandam baixos recursos para novos investimentos. "Em uma distribuidora de energia, a malha de transmiss�o j� est� pronta", observa o s�cio da V10 Investimentos, Lucas Roque.
DEFESA NA CARTEIRA Isso significa que al�m de estabilidade no faturamento, elas destinam parte pequena do lucro l�quido acumulado para reinvestir. O resultado � uma fatia maior do bolo para ser dividido entre os acionistas. � nessa pol�tica de estabilidade de pre�os das a��es e divis�o de lucros, que o investidor Eduardo Zwetkoff aposta. "Dos recursos que tenho em renda vari�vel, 50% est�o em empresas consideradas boas pagadoras de dividendos", garante.
Vale lembrar que se a cota��o dessas a��es n�o acompanham fielmente a Bovespa em momentos de queda, o mesmo acontece nas grandes altas. "Elas (boas pagadoras de dividendos) mant�m uma const�ncia maior e n�o remuneram tanto quando a Bovespa se recupera", pondera Eduardo. Para Luis Abdal, diretor do maior evento de educa��o financeira e de investimentos da Am�rica Latina, Expo Money, essas a��es constituem uma caracter�stica de defesa da carteira de investimentos. "Elas perdem no valor do papel, mas ganham na distribui��o de dividendos. E n�o sofrem como as commodities", observa.