
M�o de obra escassa e um alto n�vel de rotatividade de pessoal levam os supermercados de Minas Gerais a correr atr�s de candidatos a vagas em quase todos os departamentos das lojas, no pior cen�rio para as contrata��es observado nos �ltimos tr�s anos. Em todo o estado, o setor mant�m 7.500 oportunidades abertas por falta de interessados e em decorr�ncia da dificuldade de encontrar de gente experiente a trabalhadores dispostos a aprender uma profiss�o, informou nessa ter�a-feira a Associa��o Mineira de Supermercados (Amis). Desse universo, s�o 4 mil vagas destinadas ao quadro permanente das empresas e 3,5 mil postos de trabalho tempor�rios para refor�ar o atendimento ao consumidor durante as festas de fim de ano.
Com o d�ficit nas admiss�es, os supermercados ter�o de rever os planos de encerrar o ano com 8 mil novos empregados, segundo o presidente da Amis, Jos� Nogueira Soares Nunes. No grupo dos tempor�rios, o mais prov�vel � que as empresas contratem 1,5 mil a, no m�ximo, 2 mil pessoas. “A falta de m�o de obra se tornou um problema s�rio e generalizado na economia brasileira”, reclamou o empres�rio, s�cio-propriet�rio do grupo DMA, dono das redes Epa, Martplus e Via Brasil. Juntas, as lojas das tr�s marcas t�m cerca de 500 oportunidades que n�o conseguem preencher.
Apesar de as redes supermercadistas flexibilizarem as contrata��es, reduzindo as exig�ncias de escolaridade, experi�ncia na fun��o e idade, as dificuldades persistem, enfatizou Jos� Nogueira, ao abrir nessa ter�a-feira os trabalhos da 25ª Conven��o Mineira de Supermercados (Superminas), no centro de conven��es Expominas, em BH. O superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, observa que a falta de m�o de obra atinge n�o s� a Grande Belo Horizonte, como todo o interior do estado. A escassez afeta mais o preenchimento das vagas especializadas, incluindo gerentes de loja, operadores de caixa, a�ougueiro, padeiro, confeiteiro, sommelier (aquele que tem forma��o espec�fica no consumo de vinhos) e sushiman (especializado na prepara��o da comida japonesa). “A dificuldade das empresas se acentuou com o crescimento da economia e ficou mais grave neste ano”, disse Rodrigues.
Empresas como o Grupo Benassi, um dos maiores distribuidores de frutas do pa�s, t�m contratado gente sem experi�ncia que passa por programas internos de treinamento, conta o supervisor de loja Adailton Francisco. S� para a fun��o de repositor de lojas nos supermercados, o atacadista precisa de, no m�nimo, 15 empregados na Regi�o Metropolitana de BH. “Vivemos o per�odo mais dif�cil para contratar dos �ltimos tr�s anos”, afirma. No interior, as empresas enfrentam a concorr�ncia com outras atividades que t�m atra�do m�o de obra com melhor remunera��o, a exemplo da constru��o civil. � o caso do latic�nio Puroleite, de Passa Tempo, no Centro-Oeste de Minas. A escassez alcan�a desde os servi�os de faxina e produ��o de queijos ao controle desempenhado pelos t�cnicos da �rea de alimentos, informa a s�cia do empreendimento Margarida Maria Vaz de Oliveira Silva. “Investimos no treinamento dos trabalhadores, mas, muitas vezes, acabamos perdendo o profissional para a constru��o civil”, diz.
Para tentar auxiliar as redes, a Amis tem desenvolvido cursos de qualifica��o profissional, que devem atender 2 mil pessoas neste ano at� dezembro. Os trabalhadores interessados nas vagas do setor podem procurar diretamente a institui��o e as redes supermercadistas. Por meio de conv�nio com a Amis, a Federa��o do Com�rcio de Minas (Fecom�rcio Minas) lan�a hoje cursos de padeiro, confeiteiro e a�ougueiro, desenvolvidos em parceria com o Sindicato do Com�rcio Varejista de G�neros Aliment�cios (Sincovaga). O treinamento dever� come�ar no primeiro semestre de 2012.
Emprego formal desacelera
Apesar de as contrata��es no setor supermercadista estarem a todo o vapor, a abertura de vagas no mercado de trabalho formal est� em processo de desacelera��o. Em setembro, as 209.078 oportunidades geradas foram as menores para o m�s desde 2006, quando foram criados 176.735 postos de trabalho. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Minist�rio do Trabalho. Em rela��o a setembro de 2010, m�s em que foram abertas 246.875 vagas, o resultado � 15,3% inferior.
No acumulado de 2011 o �ndice atingiu a marca de 2 milh�es de empregos formais abertos em territ�rio nacional. A meta inicial de chegar a 3 milh�es de vagas at� o final do ano j� foi revisada para 2,7 milh�es, resultado que o ministro do Trabalho Carlos Lupi acredita alcan�ar diante do bom desempenho esperado no �ltimo trimestre. “Ser�o meses fortes. Sem d�vida iremos cumprir nossa meta de gera��o de empregos”, afirmou.
O ministro justifica a redu��o no ritmo de contrata��es ao mau momento da ind�stria da transforma��o, que perdeu 30 mil vagas este ano. “Esse n�mero n�o nos preocupa, pois estamos em meio a uma crise internacional. Apesar de ser abaixo da m�dia, o resultado de setembro � robusto, um pouco maior que o de agosto (quando foram criadas 190.446 empregos com carteira assinada)", afirma.
Segundo maior gerador de vagas em Minas Gerais, o com�rcio – que engloba a atividade supermercadista – abriu em setembro 7.678 postos de trabalho, sendo 6,5 mil no com�rcio varejista. Assim como no Brasil, o principal respons�vel pela gera��o de oportunidades no estado foi o setor de servi�os, que registrou 91.774 novas vagas no pa�s e 10,7 mil em Minas no �ltimo m�s.
Ainda que tenha registrado um bom desempenho nesses dois setores, o estado fechou o m�s com saldo de apenas 3.354 novas carteiras assinadas, resultado afetado pelo fechamento de 22.771 vagas na agropecu�ria. O efeito � sazonal, motivado especialmente pelo fim da colheita do caf� na Zona da Mata e Sul do estado. A justificativa tamb�m vale para o Brasil, que perdeu 20.874 vagas no setor.
Investindo no consumo
Confiantes no fortalecimento do mercado interno, a despeito dos respingos sobre a economia brasileira da recess�o na Europa e nos Estados Unidos, os supermercados de Minas preveem investimentos de R$ 250 milh�es no ano que vem em reformas e instala��o de lojas. Os recursos superam em R$ 30 milh�es o or�amento projetado neste ano e representam aumento de 25% ante os planos realizados em 2010. “O mercado � que dita os investimentos. As empresas enfrentam uma concorr�ncia maior e aperto para manter os pre�os e os neg�cios”, afirma o presidente da Amis, Jos� Nogueira.
A expectativa do setor � crescer 3,5% neste ano, com um faturamento estimado de R$ 13,9 bilh�es, e 4% em 2012, ano em que a receita deve chegar a R$ 14,5 bilh�es. Os planos de crescimento das empresas est�o ancorados em mudan�as positivas de comportamento do consumidor, de acordo com a Amis. Pesquisa encomendada pela institui��o ao Instituto Ver em BH mostrou um consumidor que vai mais ao supermercado do que no come�o da d�cada e valoriza o tempo, em detrimento da fidelidade a uma empresa espec�fica.
O levantamento, feito neste m�s junto a 550 consumidores, indicou que 22% dos entrevistados escolhem o supermercado mais perto de casa, o dobro do universo registrado em 2001. Na d�cada, aumentou o consumo de hortigranjeiros, produtos de higiene e limpeza, carnes e latic�nios, enquanto ca�ram as compras de enlatados, refrigerantes e congelados. (MV e PT)