A decis�o sobre a taxa b�sica de juros j� n�o � mais o �nico holofote que recai sobre a reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central, que come�ou ontem e decide hoje o novo patamar do juro b�sico, a taxa Selic: a suspeita de vazamento de informa��es privilegiadas da reuni�o dos dias 30 e 31 de agosto, quando os analistas foram pegos de surpresa com um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, espalhou-se pelo mercado financeiro e deflagrou uma investiga��o por parte da Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM) sobre movimenta��es at�picas no mercado de juros.
A CVM n�o divulgou detalhes da investiga��o. Enquanto analistas ouvidos pela Ag�ncia Estado dizem considerar bastante improv�vel um vazamento da decis�o do Copom pelo BC, vem causando estranhamento j� h� algum tempo no mercado financeiro, por exemplo, a movimenta��o por parte dos investidores pessoa f�sica nos contratos futuros negociados na BM? perderam dinheiro aqueles que apostaram na manuten��o dos juros, como a maioria dos analistas.
De fato, houve uma escalada das declara��es da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, nos dias que antecederam a decis�o do Copom, de que j� havia espa�o para corte na taxa Selic. Em viagem ao Recife, na ter�a-feira, dia 30 primeiro dia da reuni�o do Copom, a presidente Dilma fez a seguinte declara��o: "A partir deste momento, n�s come�amos a ver a possibilidade de redu��o dos juros no Brasil." Na v�spera, ao anunciar em entrevista coletiva o aumento da meta de super�vit prim�rio do governo central em quase R$ 10 bilh�es, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que "na medida em que o governo deixa de aumentar o gasto p�blico, abre espa�o para queda de juros, quando o Banco Central entende que � poss�vel".
Esta n�o � a primeira vez que a lisura do processo de decis�o do Copom � posta em quest�o. Em 1999, em meio � desvaloriza��o do real ap�s o fim do regime de bandas cambiais para oscila��o da moeda brasileira frente ao d�lar, Francisco Lopes, ex-presidente e ex-diretor de Pol�tica Monet�ria do BC e dono da consultoria Macrom�trica, foi investigado sob a suspeita de vender informa��es privilegiadas. O caso teve como piv� o banqueiro Salvatore Cacciola, que foi condenado em 2005 a 13 anos de pris�o por crime contra o sistema financeiro relacionado � opera��o de socorro irregular do BC ao seu banco, o Marka, que teria causado um preju�zo de R$ 1,5 bilh�o aos cofres p�blicos. Nada ficou comprovado sobre o suposto vazamento de informa��es privilegiadas pelo BC.
"O mercado j� comenta isso faz tempo, isto �, n�o � segredo para ningu�m que realmente est� tendo uma taxa de acerto maior e tamb�m uma movimenta��o maior do investidor pessoa f�sica antes do Copom, mas isso por si s� n�o prova absolutamente nada", disse � Ag�ncia Estado o diretor de pesquisa de mercados emergentes para Am�ricas da Nomura Securities, Tony Volpon. Apesar de considerar que o processo de seguran�a do BC seja bastante r�gido e sem espa�o para vazamentos, Volpon disse que � muito importante a investiga��o da CVM sobre as movimenta��es at�picas no mercado futuro de juros ao redor da reuni�o do Copom para zelar pela credibilidade do processo.