O economista e ex-secret�rio de Pol�tica Econ�mica do Minist�rio da Fazenda, Luiz Gonzaga Belluzzo, aprovou a decis�o do Banco Central (BC) de reduzir, na �ltima quarta-feira, a taxa b�sica de juros da economia em 0,50 ponto porcentual, para 11,50% ao ano. Belluzzo, que tamb�m � s�cio da Faculdade de Campinas (Facamp), conversou com jornalistas ontem, antes da cerim�nia de lan�amento do curso de p�s-gradua��o da institui��o. Questionado se n�o v� contradi��o na redu��o da Selic num momento de infla��o ainda alta, alimentada principalmente pelo setor de servi�os, que responde pouco � pol�tica de juros, Belluzzo disse que n�o. De acordo com ele, a infla��o de servi�os responde sim � pol�tica de juros porque � um setor que est� sendo puxado pela demanda. "Ent�o, responde sim � pol�tica de juros. O que eu estou dizendo � que essa infla��o de servi�os vem numa mudan�a estrutural, com a entrada de 2,2 milh�es de pessoas que estavam no Bolsa-Fam�lia para o mercado de trabalho", explicou.
Segundo Belluzzo, essas pessoas conseguiram melhorar sua renda e com esta melhora, a elasticidade renda/servi�os � muito mais alta do que a dos bens b�sicos que elas consumem. Na opini�o do ex-secret�rio, para um economista convencional a receita seria aumentar a taxa de juros e acabar com a infla��o de servi�os. "Mas um BC n�o pode se limitar a isso. Voc�s conhecem algum pa�s no mundo com uma taxa de juros real mais alta do que a do Brasil? Isso � uma anomalia", criticou. "� um v�cio estranho. Em plena crise mundial ter uma taxa de juros nominal de 12%, que valoriza o c�mbio e causa preju�zos para as contas p�blicas. O Brasil est� cheio de jabuticabas e a taxa de juros no Brasil � a maior jabuticaba no momento", observou.
Ainda de acordo com Belluzzo, � compreens�vel que em momentos de repique inflacion�rio que se eleve a taxa de juros e outros pa�ses fizeram isso. "Mas esses pa�ses subiram a taxa de juros de 3,5% para 4% ou de 4% para 4,5%. O n�vel de juros tamb�m � importante, tem que ser considerado", disse. Questionado se conhece outro pa�s no mundo com uma cultura inflacion�ria t�o arraigada no consciente do empres�rio e da popula��o quanto no Brasil, Belluzzo respondeu que essa cultura decorre da cria��o de instrumentos que estavam adaptados � infla��o alta. "As institui��es s�o h�bitos e pr�ticas e isso realmente demora. Mas n�o � justificativa para, depois de tanto tempo de estabiliza��o ter uma taxa de juros t�o alta", respondeu.
No entanto, Belluzzo recomendou que a redu��o da taxa de juros seja acompanhada de um controle duro dos gastos p�blicos. Perguntado se o que ele queria dizer � que o governo precisa gastar melhor, ou com mais qualidade, ele disse que n�o gosta desta express�o, porque parece refer�ncia a um or�amento dom�stico. "Quando uma dona de casa corta gastos, ela prejudica poucas pessoas. No campo macro, quando o governo corta gastos, ele prejudica muita gente. Ent�o, redu��o de gastos p�blicos n�o inclui investimentos", afirmou Belluzzo, acrescentando que se o governo deixar de investir a economia cair� ainda mais.