A elimina��o da extrema pobreza no Brasil depende do aumento do benef�cio do Bolsa Fam�lia e da inclus�o de mais pessoas no programa, na avalia��o do pesquisador da Diretoria de Estudos Sociais do Instituto de Pesquisa Econ�mica e Aplicada (Ipea), Rafael Os�rio.
Diante das proje��es de menor crescimento da economia nos pr�ximos anos em fun��o da crise financeira e do seu impacto sobre o emprego, o t�cnico n�o acredita que o lucro com o trabalho ser� suficiente para a elevar a renda de brasileiros extremamente pobres para mais de R$ 70.
Por isso, em vez de apenas complementar a renda do benefici�rio do Bolsa Fam�lia, o economista do Ipea defende que o programa considere o rendimento das fam�lias abaixo da linha de pobreza igual a zero e lhes conceda um benef�cio fixo de pelo menos R$ 70 mensais.
“Vamos supor que uma pessoa receba R$ 20 de bolsa para complementar o trabalho de R$ 50. Se em um determinado momento perde o emprego ou tem uma renda menor, volta para a extrema pobreza”, apontou Os�rio, explicando que h� grande volatilidade de renda entre os pobres.
Durante apresenta��o de pesquisa sobre os desafios do Bolsa Fam�lia no 35º Encontro Anual da Associa��o Nacional de P�s-Gradua��o e Pesquisa em Ci�ncias Sociais (Anpocs), ontem, o t�cnico tamb�m prop�s o fim do limite de cinco filhos para recebimento de benef�cio pelo programa, que paga cerca de R$ 30 por crian�a.
“Esse limite pune as crian�as. � uma justificativa moral para a sociedade porque as pessoas ainda acreditam que pobres se reproduzem como coelhos”, disse. Segundo ele, nenhuma pesquisa conseguiu provar a rela��o entre o recebimento da bolsa e a decis�o das fam�lias de ter mais filhos.
Ao lado disso, o pesquisador tamb�m sugeriu a inclus�o de cerca de 800 mil fam�lias no programa, que n�o foram identificados justamente por estarem em �reas remotas, de dif�cil acesso ou por serem novos n�cleos familiares, casais sem filhos ou cujos filhos j� deixaram a casa.
Com essas mudan�as, com menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), nos c�lculos do economista, um or�amento de R$ 33 bilh�es resolveria o problema dos muito pobres no Brasil. Nos 8 anos de programa, o gasto m�dio foi de 0,4% do PIB. O or�amento do Bolsa Fam�lia em 2011 � R$ 17 bilh�es.
Para o representante do Minist�rio do Desenvolvimento Social, Luis Henrique de Paiva, presente no debate sobre a pesquisa do Ipea, um aumento no benef�cio � poss�vel em parceria com os estados, atendendo objetivos do Programa Brasil sem Mis�ria.
Segundo Paiva, j� foram firmadas parcerias com oito estados para complementar o valor da bolsa: S�o Paulo, Rio de Janeiro, Esp�rito Santo, Rond�nia, Acre, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Amap�, sendo que esses dois �ltimos v�o disponibilizar at� R$ 100 e at� R$ 80 por fam�lia, respectivamente.
Por meio da colabora��o com �rg�os que atuam em �reas rurais e reservas extrativistas, onde se estima que vivam pessoas com o perfil do programa, mas que n�o estejam cadastradas, Luis Henrique tamb�m disse que h� o intuito de incluir 320 mil fam�lias e fechar 2011 com 13,3 milh�es de benefici�rios. O encontro da Anpocs reuniu cerca de 1,8 mil pessoas em Caxambu e termina hoje.