Ganha for�a o debate no �mbito do comit� federal de pol�tica monet�ria (Fomc, na sigla em ingl�s) do Federal Reserve (Fed) de se adotar uma meta para o Produto Interno Bruto (PIB) nominal, alterando o duplo mandato atual do banco central americano de promover o emprego pleno e de zelar por pre�os est�veis. Se a ideia vingar, na pr�tica os Estados Unidos acabariam injetando muito mais dinheiro na economia, inundando o mundo com liquidez e desvalorizando ainda mais o d�lar, para atingir um crescimento-alvo.
"Se a economia dos Estados Unidos parecer que est� emperrando novamente no futuro pr�ximo e os mercados desabarem, esse ser� um tema que estar� mais explicitamente na pauta de discuss�es do Fomc", disse � Ag�ncia Estado o economista-chefe internacional do banco ING, Rob Carnell. "Alguns membros do Fomc j� demonstraram simpatia pela ideia, embora n�o haja muito entusiasmo, neste momento, de perseguir uma proposta que exija um ato do Congresso para mudar o mandato do Fed."
A ado��o de uma meta para o PIB nominal � uma m� ideia, na opini�o de Cornell, pois, essencialmente, isso representaria uma meta de infla��o combinada com uma meta de PIB real. Essas duas metas juntas, na pr�tica, resultariam numa meta de PIB nominal, disse o economista do ING. "O problema � que ao ter uma meta impl�cita, ou seja, n�o oficial de infla��o h� anos, o Fed acabou negligenciando o crescimento do cr�dito, que explodiu e levou � crise financeira", afirmou.
A no��o por tr�s de tal meta � a de que se o crescimento econ�mico est� baixo, fixa-se um alvo para o valor em dinheiro do PIB e n�o a varia��o da sua taxa de crescimento, o que talvez exija medidas mais dr�sticas de est�mulo monet�rio do que apenas corte de juros, op��o praticamente esgotada no momento. "Se uma meta de PIB nominal fosse adotada, ent�o a �nica ferramenta dispon�vel seria mais afrouxamento quantitativo, pois n�o restou mais nada", disse Cornell, que estima um crescimento de 1,3% do PIB americano em 2011 e de 1,8% em 2012.
Na opini�o do economista-chefe para Estados Unidos do banco HSBC Kevin Logan, alguns membros do Fomc j� indicaram que uma meta de PIB nominal � uma medida que vale � pena perseguir, mas o comit� como um todo ainda n�o endossa tal ponto de vista. "Essa � uma discuss�o que pode crescer, pois as autoridades econ�micas v�m tentando h� algum tempo animar a economia e atingir uma taxa de crescimento maior sem sucesso", disse Logan � Ag�ncia Estado. Para ele, uma quest�o importante � como o Fed iria implementar uma meta de PIB nominal, pois n�o � poss�vel a autoridade monet�ria ter controle sobre essa vari�vel.
"O Fed pode ter controle apenas sobre o seu balan�o patrimonial e sobre o taxa de juros", afirmou Logan. "Al�m disso, qual a liga��o entre os instrumentos de taxas de juros do Fed e essa vari�vel da meta de PIB nominal? E se esse link n�o for inteiramente claro, o Fed estaria entrando num territ�rio nunca antes trilhado, o que p�e em quest�o a credibilidade de ele conseguir atingir tal objetivo", comentou.
Logan lembrou ainda que, levando em conta uma meta impl�cita de infla��o ao redor de 2%, j� indicada por Bernanke no passado, e se for aceita que h� uma tend�ncia hist�rica de taxa real do crescimento econ�mico ao redor de 2,5%, ent�o o mercado teria de achar que o Fed persegue uma meta impl�cita de crescimento de PIB nominal de 4,5%. "N�o acho que o Fed tenha tal meta", disse. "A recente recess�o trouxe o PIB nominal para territ�rio negativo, mas n�o acredito que o Fed esteja tentando recuperar a perda recente do PIB nominal para uma meta impl�cita de 4,5%", explicou.
Na opini�o do economista do banco Goldman Sachs em Nova York, Alberto Ramos, a flexibilidade recente adotada pelo BC brasileiro em abandonar o objetivo de atingir o centro da meta inflacion�ria este ano, para n�o prejudicar a atividade econ�mica, n�o significa que o BC est� perseguindo agora uma meta espec�fica de PIB. "O objetivo de produto e emprego n�o est� na fun��o 'objetivo' do BC, mas est� na fun��o 'rea��o', isto �, se a economia est� registrando um crescimento fraco, e isso vai aliviar as press�es sobre a infla��o, o que abre espa�o para cortes de juros", afirmou Ramos.
Al�m disso, ressaltou o economista do Goldman Sachs, a meta de infla��o no Brasil, de 4,5%, � bastante elevada, o que explica, em parte, as altas taxas de juros brasileiros. "O pr�prio sistema de metas permite � infla��o acelerar para 6,5% e ainda permanecer no teto dessa meta, o que deixa espa�o para o BC atuar preventivamente para lidar com o ambiente externo e cortar juros", diz Ramos.