
A Uni�o Europeia (UE), representada pela Fran�a e Alemanha, pressionou na noite dessa quarta-feira a Gr�cia para que decida se quer continuar ou n�o na Zona do Euro. Numa posi��o conjunta com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI), o bloco cobrou do primeiro-ministro grego, George Papandreou, uma r�pida resposta sobre a aceita��o do pacote de resgate de 130 bilh�es de euros, aprovado pelos l�deres da UE semana passada e apoiado pelo Fundo, na forma proposta pelo governo da Gr�cia de um referendo popular. “A Europa est� baseada na solidariedade e respeitamos a vontade do povo grego, mas j� fizemos tudo ao nosso alcance para ajudar o pa�s e a pergunta que ele tem de responder e se vai querer continuar fazendo parte do euro” , disse o presidente da Fran�a, Nicolas Sarkozy. Ele tamb�m avisou que, “enquanto durar a incerteza” gerada pela decis�o de submeter o pacote a consulta popular, estar� suspenso o pagamento da pr�xima parcela de 8 bilh�es de euros do atual empr�stimo � Gr�cia. Trata-se da sexta parcela de uma ajuda de 110 bilh�es de euros, que impede o pa�s de decretar morat�ria.
Diante do inesperado impasse, Sarkozy e Merkel convocaram �s pressas Papandreou a vir a Cannes e cobraram pessoalmente dele uma resposta para aplacar o clima de incerteza gerado pelo an�ncio de um referendo em janeiro. Segundo Sarkozy, o governante grego se comprometeu a tentar realizar a consulta entre 4 e 5 de dezembro. Na chamada minic�pula do G20, os dois principais governantes da Europa ressaltaram que a Gr�cia deve “respeitar os compromissos assumidos” com os demais 16 pa�ses da moeda comum. Essa press�o contou com o reforco do novo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e dos presidentes do Conselho Europeu e da Comiss�o Europeia, Herman Van Rompuy e Jos� Manuel Dur�o Barroso, respectivamente.
“Bomba grega”
Depois do p�nico gerado pelas declara��es de Papandreou nas bolsas mundiais, que oscilaram nessa quarta-feira fortemente ao longo do dia, Sarkozy e Merkel se mobilizaram para desarmar a “bomba grega” �s v�spera da c�pula do G20. Antes de pressionar diretamente Papandreou, os dois l�deres se reuniram com diretores de institui��es da UE e do FMI para estudar formas de conter os danos da decis�o grega, al�m de exigir resultado r�pido. Sarkozy disse que o an�ncio da Gr�cia “pegou toda a Europa de surpresa”.
No parlamento, o primeiro-ministro franc�s, Fran�ois Fillon, acrescentou que a regi�o n�o pode esperar semanas pelo resultado do referendo. “Os gregos precisam dizer logo e sem ambiguidade se escolhem se manter na Zona do Euro ou n�o”, discursou. Pesquisas de opini�o indicam que 60% dos gregos veem o acordo costurado pelos l�deres europeus no dia 27 como ruim, mas a perman�ncia no euro continua popular.
Merkel explicitou a mesma impaci�ncia de Fillon, relembrando que j� houve outros encontros atabalhoados entre l�deres da UE e Papandreou. “Concordamos com um plano para a Gr�cia semana passada. Queremos coloc�-lo em pr�tica, mas para isso precisamos de clareza”, declarou. Jos� Manuel Barroso, presidente da Comiss�o Europeia, exortou os gregos a se unirem em apoio ao plano de resgate, alertando que a alternativa seria assombrosa demais para se antever. “Sem concordar com o programa da UE e FMI, as condi��es para os cidad�os gregos se tornariam muito mais dolorosas, sobretudo para os mais vulner�veis”, disse.
O primeiro-ministro grego disse que o referendo daria uma “resposta clara” ao acordo, exortando o G20 a respeitar o desejo popular e n�o ceder aos apetites do mercado financeiro. Nessa quarta-feira, seu gabinete aprovou a proposta e uma comiss�o foi designada para preparar a consulta � popula��o. Com a crise do referendo grego, a almejada ajuda dos pa�ses emergentes para a Zona do Euro seria o principal ponto de discuss�o no encontro do G20. Mas as maiores autoridades europeias tiveram de voltar � estaca zero e foram obrigadas a contornar o estresse gerado pelo an�ncio grego.
At� amanh�, encerramento da c�pula, ser� uma corrida contra o tempo para tentar refor�ar a confian�a perdida antes do in�cio da c�pula. O programa de aux�lio negociado na madrugada de 27 de outubro prev� um novo financiamento de 145 bilh�es de euros e o corte da d�vida da Gr�cia em 50% –equivalente a cerca de 100 bilh�es de euros, com respaldo de 400 bancos, seguradoras e fundos de investimentos. A opera��o reduziria a d�vida do pa�s de 160% para 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
Problemas pol�ticos por tr�s do impasse
Os acordos multilaterais para salvar a Zona do Euro do colapso est�o amea�ados por problemas pol�ticos de governos locais. Por tr�s do novo embara�o surgido apenas poucos dias depois de um aparente al�vio est�o as preocupa��es dos governantes da Fran�a e da Gr�cia para recuperar apoio do eleitorado. Papandreou est� interessado em continuar no poder. Segundo um diplomata franc�s ouvido pelo Estado de Minas, tamb�m a pol�mica declara��o de Sarkozy de que a Gr�cia “n�o estava pronta para o euro” est� endere�ada ao p�blico dom�stico, em busca de apoio eleitoral.