Numa ponta, recordes e lucros; na outra, previs�es pessimistas quanto ao fechamento de postos de trabalho. No dia que o Banco do Brasil confirmou o fechamento do terceiro trimestre com lucro l�quido acima do previsto pelo mercado e superior a dois d�gitos em compara��o ao ano passado, em Minas, um alerta � aceso: a execu��o do planejamento estrat�gico do BB para os pr�ximos anos pode resultar no fechamento de mais de 1 mil vagas no estado. Sob a justificativa de ter “ganhos em escala”, a diretoria do banco planeja centralizar parte dos servi�os e a consequ�ncia pode ser o encerramento de atividades em Minas, Bras�lia e Recife.
Em boletim publicado ontem, o Banco do Brasil confirmou ter encerrado o terceiro trimestre com aumento do lucro l�quido de 11,2% em rela��o ao mesmo intervalo do ano passado, equivalente a lucro de R$ 2,89 bilh�es no per�odo. Considerando o per�odo de janeiro a setembro, a institui��o registrou lucro recorde de R$ 9,15 bilh�es, alta de 18,9%, sendo que, desse total, R$ 2,57 bilh�es s�o referentes apenas ao terceiro trimestre.
Apesar do cen�rio amplamente favor�vel, a expectativa � pelo fechamento de unidades – e consequente corte de vagas – para manter o planejamento estrat�gico. Buscando centralizar seus servi�os, o BB deve fechar tr�s das cinco unidades operacionais. Inicialmente, a decis�o seria que as preteridas fossem as de Minas, Distrito Federal e Pernambuco, mantendo abertas apenas as regionais de S�o Paulo e Paran�, apesar de ainda n�o haver tal confirma��o. Com isso, dois pr�dios ocupados pelo Banco do Brasil em BH seriam desativados, colocando em xeque o emprego de 1 mil empregados, segundo alerta feito ontem pelo Sindicato dos Banc�rios de BH e Regi�o.
O que causa estranheza aos servidores mineiros � que, segundo avalia��o das chefias, nos �ltimos tr�s trimestres Belo Horizonte foi considerada a melhor regi�o em termos de efici�ncia. Posicionados em local estrat�gico, tanto o centro de suporte operacional quanto o de log�stica atenderiam de forma eficaz tamb�m Rio de Janeiro e Esp�rito Santo. Enquanto isso, h� tr�s anos, quando as opera��es de financiamento de cr�dito agr�cola foram transferidas temporariamente para o Paran�, segundo servidores, o modelo perdeu em efici�ncia, aumentando a burocracia e morosidade da an�lise de documentos e outros servi�os.
S�o Paulo O movimento rumo � S�o Paulo n�o afeta apenas a superintend�ncia de Minas. Tamb�m sofrem com esvaziamento de seus quadros as unidades do Distrito Federal e do Recife. At� 2014, a previs�o � que quase metade das diretorias e empregados de �reas que n�o lidam diretamente com p�blico sejam transferidos de Bras�lia para a capital paulista. Do ano passado para c�, tr�s importantes ger�ncias – Agroneg�cio, Cr�dito e Diretoria Comercial – foram deslocadas para S�o Paulo, quase dobrando o or�amento da regional paulista, que, aumento seus recursos de R$ 240 milh�es para R$ 420 milh�es.
Sofrendo influ�ncia direta do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), ex-funcion�rio do Banco do Brasil, o projeto ultrapassaria os limites estrat�gicos do banco, entrando na seara pol�tica. A ideia seria fortalecer os quadros petistas nas elei��es municipais do ano que vem. “Somos contra esse formato centralizador e ainda questionamos a decis�o de se escolher S�o Paulo e Paran�. Se � uma decis�o estrat�gica, por que optar por dois estados pr�ximos ao Sul?”, afirma o diretor do Sindicato dos Banc�rios de BH e Regi�o e representante de Minas na Comiss�o de Negocia��o do BB, W�gner Nascimento. O Estado de Minas entrou em contato com o Banco do Brasil, mas, at� o fechamento da edi��o, n�o obteve resposta.
Ind�stria mineira perde dinamismo
Enquanto nuvens negras cercam o futuro das economias europeias, n�o ser� o mercado interno, tradicionalmente aquecido nos �ltimos meses do ano, que vai levantar a bola da ind�stria mineira este ano – e o principal foco do pessimismo vem justamente das grandes empresas. A expectativa dos industri�rios de Minas indica perda de dinamismo da atividade, conforme a sondagem mensal da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), nas compara��es entre setembro e agosto.
O recuo da evolu��o no n�vel da atividade, do emprego, da utiliza��o da capacidade instalada e o aumento dos estoques, puxados principalmente pelas grandes ind�strias, s�o indicativo do pessimismo dos empres�rios. “O fator sazonal favor�vel do fim do ano vai ser m�nimo e localizado em setores como t�xtil e talvez alimentos e bebidas. Os principais indicadores pessimistas v�m de grandes empresas, de �reas como o extrativismo, siderurgia, qu�mica e automobil�stica – para elas, o ano j� acabou”, diz Guilherme Le�o, gerente de economia da Fiemg.
A sondagem, pesquisa qualitativa indicativa da percep��o dos industri�rios, mostrou que a produ��o em setembro registrou �ndice de 48,9 pontos, na m�dia. De acordo com a metodologia da pesquisa da Fiemg, o n�mero abaixo de 50 indica evolu��o negativa. Entre as ind�strias de maior porte, o �ndice despencou quase 20 pontos – de 55,3 em agosto para 35,7. O emprego, nas empresas de maior porte, esteve em 47,8 pontos, abaixo da m�dia, de 48,9. Tamb�m foram as grandes empresas as que menos usaram a capacidade instalada (32,9 pontos, ante 47,4 em setembro).“Isso � preocupante, porque em um ou dois meses, os dados se refletam nas pequenas e m�dias empresas, que muitas vezes atuam como fornecedoras dessas maiores”, aponta Le�o.
Segundo ele, grande parte da perda na atividade est� relacionada � crise externa. Diante das perspectivas de crescimento reduzidas para Europa e Jap�o, principais importadores de produtos mineiros, o indicador de condi��es atuais de neg�cios recuou 1,9 ponto em outubro, atingindo 45,9 pontos. As condi��es atuais da economia, do estado, e da pr�pria empresa demonstram pessimismo. O �ndice de confian�a do empres�rio industrial mineiro caiu 2,2 pontos, batendo os 52,88 – dentre as grandes empresas, chega a 50,1. “Isso � ruim, porque se a empresa perde confian�a, adia crescimento, reduz contrata��es e tende a querer diminuir os estaques antes de investir.”