Dentro de quatro anos, as 25 usinas de �lcool e a��car do Tri�ngulo Mineiro dever�o atingir a marca de 2.000 MW em capacidade de cogera��o de energia a partir do baga�o de cana. Isso � mais do que uma usina de S�o Sim�o, a maior hidrel�trica da Cemig, cuja pot�ncia instalada � de 1.700 MW. Hoje, as usinas de �lcool e a��car do Tri�ngulo j� comercializam 297,5 MW provenientes queima do baga�o da cana. “A regi�o � a maior produtora de energia a partir da cogera��o de baga�o de cana em Minas”, diz Luiz Cust�dio Cotta Martins, presidente do Sindicato da Ind�stria do A��car e do �lcool de Minas Gerais (Siamig/Sinda��car-MG).
No Tri�ngulo Mineiro concentram-se 74% da cana mo�da, 81% do a��car e 71% do etanol produzidos no estado. Entre 2003 e 2010, o setor investiu R$ 4 bilh�es em empreendimentos instalados no Tri�ngulo. Entre outros desafios colocados para o setor est� a negocia��o para a constru��o da infraestrutura que vai levar a energia das usinas, por linhas de transmiss�o, ao sistema integrado nacional.
Outros investimentos que est�o na pauta de moderniza��o do Tri�ngulo Mineiro – e est�o prestes a ser realizados – s�o a constru��o do gasoduto que ligar� o munic�pio de S�o Carlos, em S�o Paulo, a Uberaba, e a implanta��o da f�brica de am�nia da Petrobras, que consumir� 1.257 metros c�bicos di�rios de g�s natural para produzir 519 mil toneladas por ano de am�nia. O empreendimento foi confirmado pela presidente Dilma Rousseff em janeiro. Quando sair efetivamente do papel, a f�brica da Petrobras vai abastecer a Vale Fertilizantes, a antiga Fosf�rtil, em Uberaba, adquirida pela mineradora por R$ 3,8 bilh�es.
Nos �ltimos 10 anos, a soma de riquezas produzidas no Tri�ngulo Mineiro triplicou. O Produto Interno Bruto (PIB) da regi�o, capitaneado pelas atividades relacionadas ao agroneg�cio e servi�os ligados ao setor, saiu de R$ 10,2 bilh�es em 1999 para R$ 31,2 bilh�es em 2008, segundo os �ltimos dados da Funda��o Jo�o Pinheiro. A prosperidade chegou ao Tri�ngulo na forma da agricultura de alta precis�o, do melhoramento gen�tico do rebanho, da biotecnologia aplicada na produ��o de gr�os, e segue abrindo caminho em segmentos como o de telecomunica��es.
Um dos pontos fortes da regi�o s�o as oportunidades de integra��o entre setores. Essa caracter�stica � marcante no Tri�ngulo, como se v� pela presen�a de empresas como Cargill, Syngenta e Monsanto. Com outras do mesmo ramo, essas grandes empresas formam um cintur�o de base da produ��o agr�cola em torno de Uberl�ndia. Alvo de cr�ticas dos inimigos dos transg�nicos, a norte-americana Monsanto produz sementes de milho h�brido, de alta performance. A semente geneticamente modificada j� est� entrando em sua terceira gera��o. “� um desafio aos limites da produtividade”, diz a gerente da f�brica, Virg�nia Jacob.
Gra�as a processos de melhoramento gen�tico do Zebu, Uberaba tornou-se refer�ncia mundial entre criadores. As tr�s principais centrais de insemina��o de Zebu no Brasil – Alta Genetics, ABS e Nova �ndia – est�o instaladas ali. Com a t�cnica, um s� touro pode produzir entre 400 e 500 doses de s�mem a cada 15 dias. Nos �ltimos 10 anos, uma revolu��o nos processos de reprodu��o do gado concorreu para deixar o setor em evid�ncia. “Passamos a usar n�o s� os touros, mas tamb�m as matrizes para o melhoramento gen�tico", diz o superintendente comercial da Associa��o Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Jo�o Gilberto Bento. Como cada vaca pode gerar entre 50 e 60 bezerros ao ano, houve aumento exponencial na produ��o de material gen�tico. Uberaba passou a abrigar, al�m de centros de insemina��o, os principais centros de reprodu��o gen�tica do pa�s.
A voca��o agropecu�ria tamb�m qualifica a regi�o do Tri�ngulo para o setor de produ��o de prote�na animal – aves, su�nos e bovinos. Segundo estudo da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), h� potencial para transformar a regi�o numa das principais cadeias mundiais do segmento. A meta � chegar a 450 mil toneladas anuais de carne.
A energia econ�mica do Tri�ngulo se revela na for�a com que o setor de servi�os prospera em munic�pios como Ituiutaba, Araguari, Uberaba e Uberl�ndia. Nesta �ltima, existem nada menos que 600 atacadistas e distribuidores e mais de 300 transportadores de portes variados, segundo levantamento da Associa��o Mineira dos Munic�pios (AMM). O setor movimenta R$ 5 bilh�es ao ano e gera cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. A localiza��o privilegiada explica por que ali se instalaram as tr�s maiores empresas atacadistas-distribuidoras do Brasil: os grupos Martins, Arcon e Peixoto, que, juntos, faturam cerca de R$ 3 bilh�es por ano. No mundo dos servi�os, al�m de transporte e com�rcio, h� lugar para o crescimento na �rea da tecnologia, como mostra a expressiva presen�a de contacts centers na regi�o. S� o grupo Algar conta com duas centrais de atendimento, uma em Uberl�ndia e outra rec�m-inaugurada em Ituiutaba.
Tri�ngulo de lendas reais
Dizem que foi em Capin�polis, cidade do Tri�ngulo Mineiro, enquanto comia guariroba com carne seca e quiabo, que Juscelino Kubitschek resolveu se candidatar � Presid�ncia da Rep�blica.
Dizem tamb�m que um dos desbravadores dessa regi�o foi o destemido Joaquim Maximiliano, que partiu de S�o Jo�o del-Rey com a mulher, quatro filhos e uma tropa de animais para conquist�-la.
E dizem que um dos fundadores da cidade de Abadia dos Dourados foi enterrado com cartas de Tiradentes, cartas que nosso her�i trocava com seus antepassados.
E dizem muitas outras coisas sobre essa parte de Minas, que quis se desmembrar de Minas, porque, com raz�o, se achava esquecida do poder central. Entende-se. J� em 1906 Araguari, por causa da Estrada de Ferro Goi�s, estava voltada para fora do estado. E a Cia. Mogiana paulista l� chegou em 1896. Assim, n�o � de estranhar que o recente projeto do trem-bala colocar� Campinas em contato imediato com essa f�rtil regi�o de Minas.
Das hist�rias da riqueza trazida pelo primeiro zebu que chegou da �ndia em 1870, muitos sabem. Talvez n�o saibam que a Expozebu (de 1º a 10 de maio) � um neg�cio que movimenta mais de R$ 150 milh�es; e que um trecho da BR-050 ercado por ricas fazendas � chamado de Vieira Souto da Pecu�ria e Avenida Paulista do Zebu.
Depois das levas de bandeirantes, das avalanches de garimpeiros, a regi�o conheceu a imigra��o variada, de onde resultou, por exemplo, a festan�a da “Maktub”, quando centenas de bailarinas encenam ritmos �rabes.
Sabemos que Chico Xavier – o m�dium esp�rita – escolheu Uberaba para l� viver e atender aos que o procuravam. A lenda internacional em que se transformou est� l� registrada no memorial em sua homenagem. Mas a fant�stica hist�ria dessa regi�o est� nos moluscos, vertebrados e f�sseis de 80 milh�es encontr�veis nas terras calc�rias de Peir�polis.