
No ano passado, segundo a Web Consult, o setor faturou R$ 500 milh�es no Brasil. Este ano, a previs�o � que o n�mero dobre, atingindo a marca de R$ 1 bilh�o. Na outra ponta, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) avaliou quatro grandes sites brasileiros e encontrou falhas perigosas para o consumidor. Cadastro obrigat�rio de e-mails sem acesso ao contrato, utiliza��o indevida de dados pessoais, isen��o da responsabilidade em caso de problemas com o produto ou servi�o vendido, assim como descontos maquiados figuraram entre os principais alertas da pesquisa. Outros pontos, como a aus�ncia de Servi�o de Atencimento ao Cliente (SAC) e falta de informa��o que identifique os fornecedores tamb�m foram apontados na pesquisa.
Leonardo Bortoletto, presidente da Web Consult e tamb�m vice-presidente da Intelig�ncia Digital, aponta que o setor vem experimentando um grande boom, e a despeito de ainda ter grande potencial pela frente, o uso indevido da ferramenta pelos seus gestores pode comprometer a imagem do segmento. Segundo ele, as informa��es claras s�o determinantes para manter a credibilidade. “Os sites deveriam deixar todas as informa��es dos fornecedores expl�citas, al�m de informar sempre o n�mero m�nimo de participantes.” Ele ressalta a import�ncia da fideliza��o e diz que problemas com consumidores insatisfeitos � armadilha que compromete o sucesso do neg�cio: “Compras coletivas s�o um neg�cio complicado. Para o site permanecer no mercado ele deve garantir a fideliza��o dos clientes para uma terceira ou quarta compra. N�o adianta vender apenas uma vez.”
Para a aposentada Luci Bahia Miranda, a corrida por ofertas nos sites de compras coletivas chegou ao fim. Em setembro, ela comprou duas panelas el�tricas que estavam sendo anunciadas no Groupon por R$ 39,99, quando o pre�o original seria de R$ 99. “Eles mandaram s� uma panela, mas cobraram o valor das duas, no total de R$ 79,98”, conta. Em contato com a empresa, ela foi informada que havia o registro de compra de apenas um cupom. “Mas se era s� um, porque cobraram os dois?”, questiona.
FORMATO TROCADO
A �nica pe�a que chegou ainda n�o correspondia ao anunciado. “Era redonda, mas a oferta era de um modelo quadrado. Al�m disso, veio sem o pegador”, conta Luci. Diante da confus�o, ela cancelou os planos de comprar as tentadoras viagens em oferta. “J� tinha pensado em ir para o Chile aproveitando as promo��es. Mas se uma simples panela deu problema, imagina uma viagem”, pondera. O Groupon informou que, em contato com a fornecedora CWE Suzuki, foi confirmada a compra de apenas uma panela e n�o duas como alega Luci. O site ainda se disp�s a encaminhar um novo pegador para a cliente.
O advogado Marcelo Barbosa, coordenador do Procon Assembleia aponta o forte crescimento dos produtos e servi�os ofertados nos sites de compras coletivas e ressalta um princ�pio b�sico: “A qualidade n�o pode cair.” Segundo ele, a oferta deve ser cumprida ou os valores devolvidos na �ntegra. Ele destaca tamb�m a responsabilidade solid�ria prevista no C�digo de Defesa do Consumidor. “O site deve ser respons�vel pela mercadoria vendida, assim como o fornecedor.” Barbosa costuma destacar ainda a import�ncia de o consumidor visitar site das empresas para verificar a confiabilidade do fornecedor. J� as p�ginas na internet precisam ser claras em todas as informa��es, inclusive explicitando os dias em que os servi�os podem ser utilizados e as datas dispon�veis.
O estudante de medicina Tiago Garcia tamb�m se decepcionou com os sites de compras coletivas depois de v�rias compras bem-sucedidas. Ao ver o desconto de 50% no jogo de paintball, ele resolveu aproveitar. “Comprei seis cupons, para mim e meus amigos”, conta. Como o vencimento da promo��o estava previsto para outubro de 2012, o grupo combinou de gastar o benef�cio nas pr�ximas f�rias de janeiro. Mas quando o voucher chegou, a data de vencimento impressa era de outubro deste ano. “Tenho tudo documentado provando o que tinha sido oferecido. Tento contato com a empresa, que s� oferece e-mail, mas n�o consigo resposta”, reclama. Diante da dificuldade, Tiago ainda calcula o preju�zo de quase R$ 180.