Bras�lia – Os espanh�is elegeram um novo governo sob impacto das crescentes dificuldades econ�micas, mas ainda n�o sabem quais sa�das os eleitos no domingo v�o implementar para tirar o pa�s do atoleiro. A tend�ncia, contudo, � de a oposi��o dar continuidade ao esfor�o de austeridade da atual gest�o do primeiro-ministro Jos� Luiz Zapatero. O futuro chefe de governo, Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), at� agora declarou que "n�o haver� milagres". Logo no primeiro discurso ap�s a maior vit�ria de sua legenda em 30 anos, pediu unidade nacional e fez mist�rio sobre as medidas que tomar�.
Sob press�o para dizer algo que acalme o nervosismo dos mercados, adiantando sacrif�cios com o aperto fiscal, at� agora Rajoy apenas acenou com reformas trabalhistas e financeiras, al�m de mudan�as no setor p�blico. O que n�o foi suficiente para acalmar os neg�cios nas principais bolsas mundiais, que tamb�m fecharam no vermelho pressionadas pela crise de d�vida soberana na Zona do Euro e em meio a um impasse no Congresso americano sobre os planos de redu��o do d�ficit or�ament�rio dos Estados Unidos. Na Europa, a situa��o ainda foi agravada pelo fato de a ag�ncia Moody’s afirmar que v� press�es sobre a perspectiva est�vel do rating triplo A da Fran�a. Paris registrou queda de 3,41%, Dow Jones, nos Estados Unidos, caiu 2,20% e a bolsa brasileira fechou 0,79% no vermelho (veja ao lado).
DESAFIOS Na Espanha, Rajoy falta detalhar suas inten��es, deixando sua chegada ao poder na conta do protesto dos eleitores. A popula��o culpa o governo socialista por reagir tarde demais para administrar o colapso do boom imobili�rio e seus efeitos negativos na economia. "Quando as coisas s�o benfeitas, produzem resultados. Pararemos de ser parte do problema e come�aremos a ser parte da solu��o", declarou o novo primeiro-ministro.
Pela frente, o novo governo encontrar� enormes desafios com a estagna��o da quarta economia europeia e taxa de desemprego de 22,6%, a maior do continente. No terceiro trimestre, a Espanha teve varia��o nula do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas) sobre o trimestre anterior. A d�vida soberana alcan�ou a marca de 641 bilh�es de euros, correspondente a 65,2% do PIB. Mas o pior foi o pa�s ter sido empurrado para mais perto de pedir ajuda externa, pois os custos de financiamento do governo dispararam semana passada para n�veis insustent�veis.
Com tanto por resolver, a pouca clareza nas propostas de Rajoy renderam cr�ticas dentro e fora da Espanha, embora ele saiba que os mercados financeiros est�o exigindo an�ncios firmes e imediatos. "O resultado das elei��es em nada muda o cen�rio da Espanha. O futuro governo de centro-direita ainda n�o tem condi��es de anunciar medidas que dever�o sinalizar mais cortes de gastos p�blicos", avalia Jason Vieira, analista internacional da Cruzeiro do Sul Corretora. Segundo ele, Rajoy ter� de reafirmar decis�es impopulares do advers�rio Zapatero, combinadas com o desafio de criar est�mulos � economia.
Fracasso nos Estados Unidos
A aparente falta de progresso nos esfor�os dos Estados Unidos para a redu��o da d�vida do pa�s foi ponto negativo no mercado ontem. Os integrantes do chamado supercomit� para redu��o do d�ficit dos Estados Unidos admitiram o fracasso na busca por um acordo. "Estamos profundamente desapontados por n�o termos conseguido obter um acordo bipartid�rio para a redu��o do d�ficit", anunciaram a senadora democrata Patty Murray e o deputado republicano Jeb Hensarling, copresidentes do Comit� Conjunto de Redu��o do D�ficit, em comunicado conjunto.
Pelo acordo firmado em agosto para a eleva��o do teto da d�vida do governo dos EUA, o chamado supercomit�, formado por 12 deputados e senadores dos dois principais partidos pol�ticos do pa�s, tinha at� amanh� prazo para apresentar um acordo de redu��o do d�ficit do governo da ordem de pelo menos US$ 1,2 trilh�o.
O prazo verdadeiro, no entanto, encerrou-se ontem, pois a lei determinava que os membros da comiss�o precisariam de 48 horas para tomar conhecimento do pacote antes de apresent�-lo ao Congresso.
Mais cedo, a Casa Branca afirmou que os cortes autom�ticos nos gastos p�blicos, que passar�o a vigorar a partir de 2013 se o "supercomit�" do Congresso n�o apresentasse um plano para reduzir o d�ficit or�ament�rio, n�o s�o a maneira preferida para reduzir o rombo nas contas do governo federal dos EUA, conforme afirmou o secret�rio de Imprensa Jay Carney. Ele acrescentou, no entanto, que os congressistas n�o devem tentar bloquear a introdu��o dos cortes autom�ticos.
A lei que criou o supercomit� do Congresso determina que o grupo precisa apresentar um plano para cortar os gastos do governo federal norte-americano, caso contr�rio passar� a vigorar uma s�rie de medidas para reduzir o d�ficit or�ament�rio do pa�s em US$ 1,2 trilh�o ao longo de uma d�cada. Metade desse montante resultaria de cortes nos gastos com defesa. Carney pediu aos congressistas que continuem trabalhando para chegar a uma "abordagem equilibrada" para reduzir o d�ficit. "N�o h� muitas formas de fazer isso e a melhor maneira � clara e evidente para qualquer um que analisar", acrescentou.