
De 2006 at� 2010, o pre�o do litro da gasolina apresentou altas ano a ano (exce��o do intervalo entre 2007 e 2006), mas com varia��es muito abaixo da casa de dois d�gitos. O maior aumento foi registrado no comparativo entre 2005 e 2006, quando o litro da gasolina subiu de R$ 2,387 para R$ 2,463, diferen�a de 3,18%. O aumento pode ser considerado discreto – abaixo do n�vel da infla��o no mesmo per�odo. Na contram�o, o produto teve aumento robusto em 2011, subindo de R$ 2,534 para R$ 2,827 no comparativo com o valor do ano passado. O reajuste esbarra na casa de R$ 0,30.
O aumento se explica pela insufici�ncia da safra da cana-de-a��car neste ano acompanhada pelo aumento no consumo. Neste ano, a previs�o � que mais de 3 milh�es de ve�culos sejam comercializados no pa�s, o que justifica a maior procura. O doutor em economia industrial e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, afirma que, a partir do segundo semestre, a Petrobras foi obrigada a importar gasolina para suprir a demanda do mercado interno. Sem perspectivas otimistas para os produtores de cana, ele vislumbra um cen�rio para o pr�ximo ano muito semelhante aos dos �ltimos 12 meses. “O problema para o etanol se iniciou com a crise de 2008. Os usineiros passaram a ter problemas de financiamento, o que resultou na redu��o do plantio. E sem previs�o de novas usinas o problema deve persistir”, avalia Pires.
A falta de investimento acarreta a insufici�ncia da safra e, por consequ�ncia, o aumento do pre�o do etanol. Dados da Uni�o da Ind�stria de Cana-de-A��car (Unica) mostram queda significativa da produ��o de cana. Em 2010, foram 501,23 milh�es de toneladas, enquanto no per�odo atual ficou em 459,56 milh�es, redu��o de quase 10%. Nesse sentido, o pre�o do litro do �lcool nas bombas de combust�vel de Minas superou a casa de R$ 2, numa varia��o de 18,56% nos �ltimos 12 meses, distanciando-o do pre�o da gasolina e for�ando os consumidores a migrar para a gasolina. Como � vantajoso optar por etanol quando o litro representa at� 70% do valor da gasolina, levantamento da ANP mostra que s� compensa abastecer com �lcool em Goi�s. Em Minas, a propor��o m�dia em novembro � de 77,1%.
Para o in�cio do ano, a expectativa � de que o pre�o se sustente nos patamares atuais no per�odo da entressafra (entre dezembro e abril), sem os tradicionais booms do per�odo, mas, a partir do segundo quadrimestre, caso n�o sejam adotadas medidas para incentivar o setor, a tend�ncia � que os pre�os voltem a ter altas aceleradas. “O pre�o do �lcool deve se manter. Ele j� chegou no limite. Se houver novos aumentos, o produto n�o � escoado e fica parado nas usinas, ‘invadindo’ a pr�xima safra”, afirma o presidente do Sindicato da Ind�stria do A��car e do �lcool de Minas Gerais (Siamig), Luiz Cust�dio Cotta Martins.
Bolso determina escolha
Tendo o pre�o como quest�o chave na escolha do combust�vel, o m�dico N�sio Oliveira Lima n�o tibueia ao optar pela gasolina. “Meu consumo � alto. Gasto mais de R$ 1 mil por m�s, pois todo fim de semana vou para fazenda. A� n�o d� para pensar duas vezes. N�o d� nem para comparar”, avalia o m�dico, que diz ter deixado de usar o etanol h� mais de um ano. Posi��o semelhante tem a veterin�ria Denise Chiareli. Apesar de ser defensora do meio ambiente, ela diz que o principal fator na escolha do combust�vel � o pre�o e n�o a polui��o. “Prefiro o �lcool. � menos danoso, mas primeiro penso no bolso”, afirma Denise, h� mais de seis meses usando gasolina.
A migra��o dos consumidores para a gasolina obrigou a Petrobras a importar o combust�vel para suprir a demanda do mercado interno. Em 2011, foram importados 3,1 milh�es de barris, o que acarreta em preju�zo para a estatal, que, por comprar o produto a pre�os superiores ao do mercado, � obrigada a repass�-lo para as distribuidoras em n�veis menores. “A autossufici�ncia em gasolina vai depender da produ��o de etanol. Nos pre�os atuais, o consumidor est� optando pela gasolina”, justifica o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, reiterando que a importa��o deve ficar entre 5% e 10% at� 2015, quando a previs�o � que sejam inauguradas tr�s novas refinarias. (PF)