
Inicialmente devem ser priorizados 14 segmentos identificados pelos levantamentos feitos ainda na d�cada de 1990 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). Em Minas, est�o localizados dois desses trechos: o ramal que liga Belo Horizonte �s cidades de Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete e o que liga tr�s das principais cidades do Norte do estado: Bocai�va–Montes Claros e Jana�ba. “No Brasil, grandes extens�es de vias f�rreas apresentam n�veis muito reduzidos de utiliza��o ou encontram-se mesmo em plena ociosidade. A ideia � usar a ferrovia em benef�cio direto da popula��o, que, durante anos, enxergou as linhas como um intruso que trazia barulho, risco de acidente e outros �nus”, afirma o diretor do Departamento de Rela��es Institucionais do Minist�rio dos Transportes, Afonso Carneiro Filho.
O governo federal decidiu envolver o setor ferrovi�rio na discuss�o sobre mobilidade em 2003, quando foi lan�ado o Programa de Resgate do Transporte Ferrovi�rio de Passageiros. Composto por tr�s projetos – alta velocidade; tur�stico e regional de passageiros –, o objetivo � resgatar as ferrovias do cen�rio de abandono e transform�-las em parte de um modelo eficiente de transporte de pessoas, criando uma alternativa �s saturadas rodovias. Nesse sentido, a proposta inicial � ligar as chamadas cidades-polo �s capitais e tamb�m conectar eixos regionais importantes.
O Minist�rio dos Transportes encaminhou uma emenda ao Plano Plurianual 2012–2015, prevendo investimentos de R$ 3 bilh�es para os pr�ximos quatro anos em conjunto com os governos estaduais. A proposta � iniciar os estudos de viabilidade paralelamente aos projetos de engenharia no primeiro trimestre do pr�ximo ano e come�ar a revitaliza��o das linhas no ano seguinte – exce��o para dois ramais previstos para o Rio Grande do Sul e o Paran�, que j� contam com os projetos e devem come�ar as obras ainda em 2012. “� um programa que deve perdurar mais de um governo. N�o � vapt-vupt. � preciso um rearranjo estrutural que requer tempo e investimento”, afirma o diretor do Minist�rio dos Transportes, Afonso Carneiro Filho. Na proposta, a previs�o � de que parte dos modais deve ser viabilizada por meio de parceria p�blico-privada.
Na segunda etapa, em parceria com a Ag�ncia de Desenvolvimento Metropolitano de Belo Horizonte, �rg�o ligado ao governo de Minas, devem ser feitos projetos para mais dois ramais em Minas: BH–Sete Lagoas e BH–Divin�polis–Ita�na. A primeira linha deve cruzar as cidades de Santa Luzia e Confins, alcan�ando o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, e com a �ltima parada na esta��o do Bairro Horto, na Regi�o Leste da capital. Enquanto isso, o segundo segmento deve beneficiar o Vetor Oeste da regi�o metropolitana, ligando as duas maiores cidades da Grande BH – Contagem e Betim – a dois dos principais munic�pios do Centro-Oeste: Divin�polis e Ita�na. O ponto final, nesse caso, seria na Esta��o Eldorado do metr�.
Trecho que ficou na saudade
Por d�cadas, o trem de passageiros que circulava entre Belo Horizonte e Monte Azul (Norte de Minas) marcou a vida de muita gente, movimentando os pequenos munic�pios do Norte do estado e facilitando a vida das pessoas mais simples, por causa do pre�o mais barato da passagem. Mas tudo que era proporcionado pelo “trem do sert�o” ficou s� na saudade a partir de setembro de 1996, quando ele deixou de rodar. O an�ncio da poss�vel volta do trem de passageiros e carga interligando Bocai�va, Montes Claros e Jana�ba cria um novo alento na regi�o.
Mas para a volta do trem de passageiros ser� necess�ria tamb�m a recupera��o das esta��es ferrovi�rias. O trecho da antiga Rede Ferrovi�ria Federal (RFFSA) entre Belo Horizonte e o Norte do estado est� sendo explorado pela Ferrovia Centro-Atl�ntica (FCA), que realiza somente o transporte de cargas. A FCA n�o cuida das antigas esta��es de passageiros. Por isso, muitas delas est�o em ru�nas. “As nossas rodovias est�o sobrecarregadas. O trem de passageiros vir� para desafogar as estradas e modernizar o transporte, al�m de atender a quest�o do turismo”, afirma Alberto Bouchardet, l�der do movimento “Trem Baiano”, que h� anos luta pela retomada do transporte ferrovi�rio de passageiros no Norte de Minas.
Apesar de o projeto Programa de Resgate do Transporte Ferrovi�rio de Passageiros priorizar a conex�o de cidades-polo com capitais, a inclus�o do trecho do Norte de Minas � justificada pela import�ncia do transporte para a regi�o. Por d�cadas, segundo o diretor do Departamento de Rela��es Institucionais do Minist�rio dos Transportes, Afonso Carneiro Filho, o acesso a Montes Claros foi feito essencialmente pela ferrovia, tendo em vista as condi��es das rodovias, que, muitas vezes, nem mesmo eram asfaltadas. “A produ��o agr�cola da regi�o era transportada pelo trem”, afirma, ressaltando que no Norte do estado a linha deve ser compartilhada entre carga e passageiro. (Com PRF)
Metr� ntegrado
Somando os tr�s ramais que passam pela regi�o metropolitana, a proposta � fazer um semianel contornando a Grande BH e alcan�ando importantes munic�pios de regi�es vizinhas. Parte do modelo deve integrar-se ao metr�, com intervalos entre as viagens variando de tr�s a 15 minutos numa via exclusiva; os demais devem aproveitar as linhas de carga num modal misto metropolitano. Nesse segundo cen�rio, o transporte serviria para atender trechos com demanda menores e, por isso, o total de viagens seria reduzido, com intervalo de viagens variando de 15 a 60 minutos (metropolitano) e 5 a 6 horas (intermunicipal). “O trem de passageiros permite tamb�m que sejam transportadas mercadorias, pacotes e encomendas de alto valor agregado, como eletr�nicos, e ainda distribui��o de cargas a�reas”, afirma Afonso Carneiro Filho, do Minist�rio dos Transportes.