
A Rua Guaicurus e o entorno da rodovi�ria de Belo Horizonte, conhecido pela boemia e pelos prost�bulos, tornou-se palco de disputa comercial acirrada. A cobi�a tem hoje dois concorrentes de peso: os chineses, que expandiram os neg�cios a partir dos shoppings populares e invadiram as ruas da vizinhan�a, e os empres�rios do hotel Golden Tulip, projeto que contar� com investimento de R$ 200 milh�es. O empreendimento vai transformar o arranha-c�u de 27 andares na regi�o do Boulevard Arrudas em hotel cinco estrelas e ainda atrair mais R$ 100 milh�es de investidores para empreendimentos comerciais.
O resultado da disputa respinga diretamente nos comerciantes antigos. O pre�o de venda do ponto comercial na regi�o gira hoje em torno de R$ 5 mil o metro quadrado, o mesmo cobrado em �reas nobres da Zona Sul da capital, como Savassi e Funcion�rios. “A regi�o do Bulevar deve ter boa evolu��o em fun��o das melhorias feitas l�. E acaba sendo uma alternativa para o crescimento, j� que h� pouco espa�o de expans�o no Hipercentro”, observa Ariano Cavalcanti de Paula, presidente da C�mara do Mercado Imobili�rio de Minas Gerais (CMI-MG).
A infla��o do aluguel e a do valor do im�vel come�aram com a ida dos shoppings populares para a regi�o. Ao caminhar pelas redondezas, o que mais se v� s�o asi�ticos instalados nas lojas. Eles est�o por toda parte: nos caf�s, corredores dos shoppings, com crian�as nos colos e at� fantasiados de Papai Noel para atrair a clientela. A reportagem do Estado de Minas tentou falar com v�rios deles, mas quase ningu�m se disp�e a dar entrevistas. Na hora de vender, fazem esfor�o para entender o portugu�s. Mas, quando solicitados a dar entrevista sobre os neg�cios, soltam todos o mesmo gesto. A cabe�a balan�a, sinalizando que n�o entendem o que estamos perguntando.
Um chin�s, que se identificou apenas como Lee, explica o desinteresse. “Trabalhamos muito e grande parte das pessoas vende sem nota fiscal. N�o � vantagem nenhuma dar entrevista para jornais. O que vamos ganhar com isso? N�o gostamos”, diz. Ele est� h� 10 anos na capital e tem duas lojas na regi�o.
RESIST�NCIA O empres�rio Eder Braga Pereira, dono da Estrada Real Decora��es, tem duas lojas na regi�o central da capital, al�m de uma unidade na Savassi. Todas s�o alugadas. A loja comercializa flores permanentes ao longo do ano e produtos de Natal de setembro a dezembro. Pereira pretendia expandir a unidade da Santos Dumont, mas um empres�rio chin�s jogou seu sonho por �gua abaixo. “A loja ao lado da minha, em que sempre estive de olho, vagou. Mas o propriet�rio pediu R$ 250 mil de luvas e R$ 10 mil de aluguel. O valor � muito alto, n�o deu para cobrir. Os chineses pegaram o ponto”, conta. Pereira trabalha diariamente das 5h �s 24h. “Para poder lutar contra os chineses, que invadiram as ruas sem pagar impostos, � preciso trabalhar muito mesmo”, diz.