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Estado de Minas

Alto volume de rolagem de d�vidas prolonga turbul�ncia na Europa


postado em 26/12/2011 09:18

A virada do ano n�o deve afastar o clima de indefini��o econ�mica na Zona do Euro. Para os analistas, pelo contr�rio, a crise da d�vida deve se arrastar por um longo per�odo e a desconfian�a dos investidores pode se agravar ao longo de 2012. No pr�ximo ano, mais de 1,35 trilh�o de euros em t�tulos soberanos de pa�ses da Uni�o Europeia vencer�o e ter�o que ser rolados no mercado, dos quais mais de 600 bilh�es s�o dos chamados Piigs (Portugal, It�lia, Irlanda, Gr�cia e Espanha), os mais afetados pelo clima de incerteza. Mesmo na��es poderosas, como Fran�a e Alemanha, v�m sendo obrigadas a pagar juros elevados para renovar seus d�bitos, e a perspectiva de uma recess�o em boa parte das economias do continente parece cada vez mais pr�xima.

N�o � toa, a diretora-gerente do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), Christine Lagarde, vem fazendo seguidos alertas sobre a gravidade do problema. Numa entrevista publicada ontem por um jornal franc�s, ela afirmou que “a economia mundial est� numa situa��o perigosa”. Para Lagarde, a Europa vive “uma crise de confian�a na d�vida p�blica e na solidez do sistema financeiro”, cujos efeitos se espalham pelos demais continentes, sem poupar ningu�m. Por conta disso, em janeiro, o FMI vai reduzir a previs�o, feita em setembro, de que a economia global crescer� 4% no pr�ximo ano.

Embora afastem a possibilidade de ruptura, com a quebra de bancos e calotes dos governos mais fr�geis, economistas afirmam que o grau de desconfian�a e instabilidade em 2012 estar� atrelado ao desempenho do Banco Central Europeu. Depois de anunciar, na semana passada, uma linha de quase 500 bilh�es de euros em empr�stimos de tr�s anos para os bancos do continente, e prometer um segundo leil�o para fevereiro, a institui��o assumiu o papel de fiel da balan�a.

Blindagem
Na pr�tica, a autoridade monet�ria europeia deu uma sinaliza��o aos investidores de que o sistema banc�rio estar� protegido. “Ainda que n�o assuma claramente a fun��o de fiador dos governos em crise, o BCE est� garantindo liquidez aos bancos e dando o recado: por tr�s anos, eles n�o quebrar�o”, analisa o economista-chefe do banco ABC Brasil, Lu�s Ot�vio de Souza Leal.

O socorro dar� ainda �s institui��es financeiras a possibilidade de refor�ar o caixa com opera��es conhecidas como arbitragem de juros. Nilton Rosa, economista-chefe da corretora SulAm�rica Investimentos, explica que o ganho resultar� da aplica��o dos recursos tomados no BCE, ao custo de 1% ao ano, em t�tulos soberanos que rendem at� 7%. “Em contrapartida, voc� acaba limitando o avan�o das taxas de retorno que os credores pedem para comprar os t�tulos p�blicos”, estima. O reflexo disso pode ser algum al�vio para os pa�ses endividados.

Na avalia��o de Leal, os pa�ses que se sair�o melhor nessa corrida pela recupera��o s�o aqueles que ainda despertam alguma confian�a dos credores. “A Espanha tem uma d�vida menor em rela��o ao PIB do que a It�lia, s� que o desemprego est� alt�ssimo e fica mais dif�cil aplicar mais medidas de restri��o fiscal. O resultado � que os investidores sobem ainda mais os juros”, pondera.

Embora a a��o do BCE afaste o risco de quebradeira, os economistas s�o un�nimes em estimar uma recess�o demorada na Zona do Euro. Para Leal, a recupera��o s� vir� por meio de uma desvaloriza��o acentuada da moeda, que d� a pa�ses como a Alemanha condi��es de aumentar as exporta��es. “A capacidade alem� de puxar a economia do bloco n�o pode ser subestimada” comenta. Para Rosa, entretanto, a solu��o � mais complexa. “� preciso completar a uni�o monet�ria com uma uni�o fiscal e pol�tica. Esse processo levar� mais tempo”, conclui.

Foi o que tentaram fazer os l�deres europeus no in�cio de dezembro. Num acordo do qual apenas a Gr�-Bretanha ficou de fora, eles anunciaram que haver� regras or�ament�rias cujo cumprimento ser� fiscalizado com mais rigor. Mas a pr�pria diretora do FMI mostra ceticismo sobre os resultados da decis�o. “A c�pula n�o alcan�ou termos financeiros detalhados o suficiente e foi muito complicada nos princ�pios fundamentais”, afirmou Christine Lagarde na entrevista publicada ontem. “Seria bom se os europeus falassem como uma s� voz e anunciassem um cronograma simples e detalhado”, completou. “Os investidores est�o esperando. Grandes princ�pios n�o impressionam.”


Vis�o otimista
O ministro alem�o das Finan�as, Wolfgang Schauble, afirmou ontem que os mercados financeiros europeus n�o sofrer�o uma quebra em 2012. “Penso que a situa��o � control�vel. Na Uni�o Europeia, h� uma grande determina��o para manter uma situa��o est�vel”, assegurou Schauble ao jornal Bild am Sonntag. “Ainda haver� algumas surpresas e agita��es, mas estamos em posi��o de enfrent�-las. Aconselho um pouco mais de calma”, acrescentou. O ministro se disse convencido de que os investidores recuperar�o a confian�a na Zona do Euro. “A Europa � uma das regi�es econ�micas mais poderosas do mundo”, disse.

Emergentes j� sofrem

A diretora-gerente do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), Christine Lagarde, fez um alerta tamb�m para os pa�ses emergentes, afirmando que eles j� est�o sendo afetados pelas turbul�ncias da Zona do Euro. Ao citar Brasil, China e R�ssia, ela foi categ�rica: “Esses pa�ses, que tinham sido os motores da economia mundial antes da crise, v�o sofrer com a instabilidade”, disse, em entrevista publicada ontem pelo di�rio franc�s Journal du Dimanche.

An�lises sombrias sobre os efeitos do imbr�glio europeu na economia global t�m sido cada vez mais frequentes. Uma das mais pessimistas � a do Banco Ita�, que prev� uma queda de 1,1% do Produto Interno Bruto (soma da produ��o de riquezas) dos 17 pa�ses da Zona do Euro em 2012. Essa forte retra��o, segundo o banco, ter� impacto consider�vel sobre a economia brasileira, que, depois de crescer 7,5% em 2010, ter� uma expans�o de apenas 2,8% neste ano e de 3,5% em 2012.

Em relat�rio divulgado na semana passada, a institui��o lembra que o pa�s estagnou no terceiro trimestre. “A economia est� desacelerando e dever� continuar nesse ritmo. As exporta��es, por enquanto, n�o foram afetadas pela queda na atividade econ�mica global. Abaixo desse cen�rio nebuloso, a demanda dom�stica n�o deve responder rapidamente aos est�mulos do governo”, alerta o chamado “Livro Laranja”, assinado pelo economista-chefe da institui��o, Ilan Goldfajn.

A estimativa do Ita� para a Zona do Euro � bem pior que a da Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina e o Caribe (Cepal), que espera que o bloco ainda cres�a 0,4% no pr�ximo ano. Para o banco, em 2012 o PIB global deve avan�ar 2,7%, o dos Estados Unidos, 1,5% e o da China, 7,8%, bem abaixo do patamar dos �ltimos anos.

Goldfajn lembra que a redu��o do crescimento da China, que absorve 16,5% das exporta��es brasileiras, ter� um impacto importante nos pre�os das commodities, j� que as cota��es dessas mercadorias (min�rios e produtos agr�colas negociados no mercado global) caem 5,3% a cada queda de 1% no PIB chin�s. O estudo observa ainda que as condi��es de cr�dito est�o se deteriorando, principalmente l� fora. (Rosana Hessel)


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