
O resultado surpreendeu o coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Funda��o Ipead/UFMG, Wanderley Ramalho. “Eu n�o acreditava que, no ano, a infla��o passaria tanto do teto da meta de 6,5%”, confessa. O sinal amarelo por�m j� estava aceso em abril, quando o acumulado nos quatro primeiros meses do ano j� somava 4,48%, o equivalente ao centro da meta. O especialista tamb�m n�o previa uma escalada de pre�os t�o elevada no �ltimo m�s do ano. “Em dezembro, o IPCA foi de 0,59% contra 0,33% no mesmo per�odo de 2010”, afirma. O resultado foi o maior para o m�s desde 2007, quando tamb�m fechou em 0,59%.
O grande vil�o para o bolso dos consumidores foi a alimenta��o fora de casa. O item apresentou varia��o de 1,61% entre novembro e dezembro e de 15,83% em 2011 contra 2010. Do resultado de 7,22% em 2011, a refei��o fora de casa respondeu por 0,55 ponto percentual, considerado elevado diante dos mais de 300 produtos que comp�em a infla��o.
O professor Joelson Figueiredo Fernandes sabe bem o que a alta de pre�os representa para o or�amento dom�stico. “Almo�o todo dia fora de casa e, se antes pagava uma m�dia de R$ 15, agora pago para R$ 20”, calcula. Para driblar a eleva��o dos custos, o jeito foi se submeter a um regime for�ado. “Meu prato pesava entre 500 e 600 gramas e hoje caiu para 400”, explica. Na fam�lia de Jane Louren�o, todos confirmam a alta dos pre�os. “A pizza aumentou muito. Sem contar que fica mais caro, mas a qualidade tem sido menor e o tamanho tamb�m”, reclama.
Companheira indispens�vel das refei��es para muitos belo-horizontinos, a cerveja em bares e restaurantes tamb�m n�o deu tr�gua em 2011. Em um ano, subiu quase 20% na capital. “Antes o chope sa�a por R$ 2,90. Agora estamos pagando R$ 3,50”, calcula a economista Sandra Huber.

O cen�rio se repetiu em 2009 e n�o deve ser muito diferente este ano. Para Wanderley Ramalho, apesar das fortes press�es previstas, a infla��o deve arrefecer em 2012. “Vamos ter um IPCA menor e um crescimento maior, o inverso do que aconteceu em 2011”, prev�.
Al�m de frutas, verduras e hortali�as, reajustes de pre�os das passagens de �nibus em Belo Horizonte, somados � mensalidade escolar e de faculdades, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e sal�rio m�nimo, devem contribuir para a forte alta de infla��o esperada para este m�s. “Em Belo Horizonte sempre h� maior press�o em janeiro e esse ano n�o vai ser diferente. Uma coisa � certa, ser� maior do que a de dezembro. Vai ser pesado, podemos esperar”, antecipa Wanderley Ramalho.
Cesta b�sica
A cesta b�sica em Belo Horizonte subiu 3,52% em dezembro frente a novembro, sendo cotada a R$ 266,73, valor que equivale a 48,9% do sal�rio m�nimo. O produto que mais contribui para a alta foi o feij�o carioquinha, com varia��o de 10,84% no m�s. Na contram�o, a queda de 2,39% do leite pasteurizado ajudou a segurar os pre�os. No ano, a cesta b�sica subiu 43% acima da infla��o ao registrar alta de 10,34% em rela��o a 2010.
Capital � a campe� dos pre�os altos
A escalada da infla��o � generalizada e tamb�m foi sentida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Funda��o Getulio Vargas (FGV). Na �ltima semana de dezembro, a varia��o foi de 0,79% contra 0,78% da semana imediatamente anterior. Das sete capitais pesquisadas, quatro registraram acelera��o do �ndice.
O destaque, mais uma vez, ficou por conta de Belo Horizonte, cujo �ndice passou de 0,70% na pesquisa de 22 de dezembro para 0,79% no levantamento realizado at� o dia 31 do mesmo m�s. O resultado representa alta de 12,8%, o maior avan�o entre as cidades que comp�em o levantamento. O acumulado do ano na capital mineira fechou em 6,78%, uma alta de 32% em rela��o ao resultado de 2010, quando o �ndice foi de 5,10%. Mais uma vez, Belo Horizonte ficou acima do teto da meta da infla��o para o ano e registrou a maior infla��o entre as sete capitais pesquisadas. Recife, que passou de 0,74% para 0,82%, Rio de Janeiro (de 1,06% para 1,16%) e S�o Paulo (0,65% para 0,68%) est�o entre os munic�pios em que a infla��o n�o deu tr�gua.
Produtos Das sete classes de despesa medidas pelo IPC-S na capital mineira, quatro registraram acelera��o de pre�os. O destaque fica por conta de transportes, cuja taxa pulou de 0,54% para 0,97%, e alimenta��o que saiu de 1,45% para 1,69%. O resultado para transportes pode ser explicado pela alta de 8,16% no pre�o das passagens de �nibus municipais que come�ou a valer na sexta-feira.
As novas tarifas de t�xi tamb�m foram captadas pela pesquisa com varia��o passando de 3,74% para 6,13%. Tarifa de passagem a�rea com alta de 8,31% na �ltima semana da dezembro contribuiu para pressionar o item de transportes. Entre os alimentos, o mam�o papaya – com eleva��o de 31,97% at� 22 de dezembro e de 21,43% na �ltima pesquisa – e o fil�-mignon, que variou de 10,79% para 9,55% entre a terceira e quarta semana de dezembro foram os principais vil�es. Em sentido contr�rio, sa�de e cuidados pessoais que passou de 0,91% para 0,73%; habita��o (de 0,29% para 0,23%) e despesas diversas (de 0,50% para 0,46%), impediram eleva��es ainda maiores. (PT)