Com a crise internacional deixando o Brasil passar a Inglaterra em volume de Produto Interno Bruto (PIB) e a Europa enfrentando taxas hist�ricas de desemprego, a vinda de estrangeiros para o lado de c� do Atl�ntico j� � sentida no mercado imobili�rio. A situa��o na Europa foi justamente o que motivou a fam�lia da empres�ria Henriqueta Flores a cruzar o oceano e vir abrir um restaurante de comida portuguesa em Belo Horizonte. “O restaurante que temos em Lisboa j� n�o d� bons resultados h� um ano, era hora de tentar algo diferente”, conta. Henriqueta, que ainda n�o decidiu onde vai morar, procura apartamentos pr�ximos � Regi�o da Pampulha.
Segundo Paulo Aquino, gerente da Ouro Preto Neg�cios, imobili�ria que administra diversos im�veis naquela regi�o, a cada 10 novos clientes em potencial, cinco s�o estrangeiros e tr�s de outros estados brasileiros: “Eles nem sempre fecham neg�cio, devido �s dificuldades que encontram com a estrutura de loca��o, mas a simples procura j� joga os pre�os para cima, o que complica at� mesmo para os brasileiros”. Na avalia��o de Aquino, a localiza��o em rela��o ao Mineir�o e a valoriza��o da regi�o com a proximidade da Copa do Mundo s�o pontos decisivos para muitos dos portugueses e chineses que t�m procurado a imobili�ria.
A vinda dos estrangeiros � um fen�meno que ganhou for�a no final de 2008, com a crise financeira e seus desdobramentos, mas ganhou f�lego do �ltimo ano para c�, com a crise na Zona do Euro, segundo Fabiano Taylor, vice-presidente da Rede Invista, que congrega 110 imobili�rias em Belo Horizonte. “Hoje, recebemos 30% mais clientes estrangeiros interessados em loca��o e compra de im�veis que h� um ano”, calcula. E muita gente aproveita a virada do ano para se estabelecer em outro pa�s.
Muitas vezes, at� assinar os contratos, esse pessoal enfrenta dificuldades capazes de abortar as negocia��es. Segundo Aquino, o despreparo dos clientes estrangeiros e seu desconhecimento da legisla��o brasileira � o principal complicador: “Em alguns casos, eles n�o conseguem comprovar a renda e nem sempre t�m recursos para bancar o seguro-fian�a ou a capitaliza��o. O que nos resta � negar o contrato”. O diretor-secret�rio do Conselho Regional de Corretores de Im�veis diz que � preciso criar alternativas. “� importante analisar cada caso, porque pode haver disposi��o em pagar o aluguel antecipado para garantir o neg�cio.”
CUSTO-BENEF�CIO
A demora em conseguir um bom apartamento � o pre�o que o estrangeiro interessado em morar e trabalhar em Belo Horizonte enfrenta: “Foram dois meses at� que eu encontrasse algum apartamento com custo-benef�cio razo�vel no Centro da cidade. E ainda acho o pre�o bastante alto”, confessa o bibliotec�rio espanhol Pablo Pita da Veiga, que trocou o emprego de funcion�rio p�blico na terra de Cervantes para atuar no instituto com o nome do escritor, em Belo Horizonte. “A procura valeu a pena e a experi�ncia tem sido interessante”, diz Veiga, citando os trabalhos que executou para o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), quando acompanhou desenhistas espanh�is que visitaram a cidade no ano passado.