
O caf� – respons�vel por mais da metade das exporta��es do agroneg�cio do estado no �ltimo ano – est� entre as culturas mais beneficiadas pelas precipita��es de ver�o. “A chuva � importante para terminar a grana��o (desenvolvimento dos gr�os de caf�)”, explica o engenheiro-agr�nomo da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater-MG) Cl�sio Silva Franco. O secret�rio de produ��o e agroenergia do Minist�rio da Agricultura Manoel Bertone chegou a dizer que “chuva agora � boa not�cia”.
A safra do caf� deve ficar entre 25,5 milh�es e 27,1 milh�es de sacas de 60 quilos em Minas, volume recorde que pode superar em 15,2% a produ��o de 2011. No Brasil devem ser colhidas entre 48,97 e 52,27 milh�es de sacas beneficiadas. O forte crescimento � esperado, uma vez que faz parte da fisiologia da planta alternar anos de alta e baixa produ��o, sendo o atual enquadrado como de pico. Comparado com 2010, a previs�o atual mineira supera em at� 8% as 25,1 milh�es de sacas colhidas.
O otimismo � ainda maior na regi�o do Vale do Rio Verde, em Carmo de Minas, no Sul do estado. Segundo o t�cnico agr�cola da Cooperativa Regional dos Cafeicultores Sebasti�o M�rcio Pereira, a produ��o deste ano deve superar em 30% a de 2010. “Naquela �poca foram produzidas 100 mil sacas, enquanto em 2012 prevemos elevar para 130 mil”, estima. A chuva tamb�m � vista como aliada e a expectativa � de que continue caindo ao longo deste m�s. “J� choveu 100 mil�metros, mas esperamos 200.”
O fato da produ��o do gr�o se concentrar em regi�es de altitude elevada ajudou a evitar perdas, segundo avalia��o do assessor especial de cafeicultura da Secretaria de Agricultura, Niwton Castro Morais. “Salvo alguma ocorr�ncia por conta de doen�as provocadas pela alta umidade, a chuva n�o chegar� ao ponto de alterar significativamente a safra”, avalia.
Para o superintendente de Pol�tica e Economia Agr�cola da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Jo�o Ricardo Albanez, as principais regi�es produtoras de gr�os do estado como o Sul – forte pelo caf� – e Noroeste – principal celeiro de feij�o e soja – n�o sofreram tanto com os temporais que castigaram a Zona da Mata e Vale do Rio Doce. “At� agora n�o houve perdas significativas”, avalia.
O milho, considerado carro-chefe da safra mineira, deve ter colheita de 6,8 milh�es de toneladas, 4,7% a mais que em 2011. J� a produ��o de soja pode chegar a 2,9 milh�es de toneladas, praticamente a mesma quantidade do ano passado. O feij�o por sua vez dever� ter uma redu��o de 2,1% na produ��o, chegando a 589,5 mil toneladas.
Superestimada Apesar de j� ter captado parte das perdas provocadas pela seca que assola o Sul do pa�s, o quarto levantamento da safra realizado pela Conab pode ser revisto para baixo. A previs�o � de que a safra 2011/12 chegue a 158,446 milh�es de toneladas neste ano foi considerada pelo gerente de levantamento de safras da Conab, Carlos Roberto Bestetti, como superestimada, uma vez que levou em conta informa��es captadas at� 19 de dezembro. “O efeito do clima sobre a agricultura n�o terminou. Hoje (ontem) e amanh� (hoje) chega a frente fria no Sul. Deve demorar ainda a surtir efeitos para minimizar esse fato”, pondera.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) tamb�m divulgou a previs�o de safra para cereais, leguminosas e oleaginosas estimado em 160,3 milh�es de toneladas. O volume supera em 0,3% a safra de gr�os de 2011 que fechou em 159,9 milh�es de toneladas. Arroz, milho e soja, responderam por 82,4% da �rea colhida com avan�o na produ��o de 19%, 0,1% e 9,2%, respectivamente.
Quebra o leite
Se as chuvas n�o afetam o bom ano previsto para os gr�os, o mesmo n�o ocorre com a pecu�ria leiteira. O bloqueio de estradas e pontes inviabiliza o escoamento da produ��o em cidades da Zona da Mata e Vale do Rio Doce, reduzindo em 15% a capta��o do produto. A estimativa � de que 500 mil litros de leite deixem de ser entregues diariamente por conta dos estragos provocados pelos temporais.
O que nos interessa
Vai sobrar para o bolso
Paran� e Rio Grande do Sul s�o respectivamente o primeiro e terceiro lugar entre os estados com a maior produ��o de gr�os do pa�s. Juntos, respondem por 38,2% da colheita nacional. A estiagem n�o dever� apenas castigar o or�amento familiar de produtores da regi�o, mas o bolso de consumidores em todo o Brasil. Isso porque as perdas e uma prov�vel quebra de safra reduzir� a oferta, especialmente do milho, da soja e do arroz, carros-chefe do agroneg�cio regional. Mais escassos no mercado, os itens t�m tudo para chegar mais caros na mesa e refor�ar a press�o sobre os �ndices inflacion�rios.