Consumidor da Grande BH paga caro nas academias de gin�sticas no in�cio do ano

Aberta a temporada de rematr�culas em cursos extracurriculares, o drag�o n�o larga a ficha de inscri��o na academia de gin�stica, nem dispensa um mergulho nas piscinas de escolas de nata��o da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Na capital e cidades do entorno, a varia��o de pre�os desses cursos no acumulado do ano foi superior � m�dia nacional (veja quadro). A maior parte dos valores das mensalidades de cursos diversos, como gin�stica, muscula��o, inform�tica e autoescola, variou no �ltimo ano bem acima da infla��o oficial – o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) – divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), que cravou 6,5% em 2011. Entretanto, a varia��o dos cursos extracurriculares nos �ltimos 12 meses foi de 10,52% na m�dia nacional e de 9,29% na Grande BH.

Nas escolas de nata��o, de acordo com o IBGE, o reajuste m�dio foi de 10,95% na m�dia nacional e de 11,70% na RMBH no ano passado. As academias de gin�stica do Brasil elevaram seus pre�os em m�dia 8,26% e as da  Grande BH, 9,45%. Nas categorias restantes, que englobam cursos de inform�tica e idioma, a m�dia nacional esteve acima da varia��o registrada em Minas.

Entre os alteres, aparelhos, esteiras, bicicletas e boias de borrachas de piscinas, manter o corpo sarado e saud�vel demanda investimento que n�o para de subir. Segundo Ant�nio Braz, analista do IBGE em Minas, o peso que esses itens t�m no c�lculo do �ndice da infla��o � de 1,43%. O fato de as matr�culas concentrarem-se neste in�cio de ano n�o torna o peso flutuante na avalia��o do IBGE: “A m�dia dos pesos n�o tem ajuste sazonal, e � referenciada na Pesquisa de Or�amento Familiar, a partir do que as fam�lias declararam que pesa nos seus gastos”.

Entretanto, alguns fatores podem ajudar a entender os repasses, segundo Braz: “O principal � o aumento da demanda, com o crescimento da renda e da economia. N�o se constroem piscinas da noite para o dia para que a oferta acompanhe a demanda”. Outro elemento que n�o pode ser desconsiderado na forma��o do custo desses servi�os � a m�o de obra. “O sal�rio base, que � o m�nimo, vem subindo acima da infla��o e pressionam o pre�o”, ressalta o analista.

Escalada de pre�os

Justamente o dilema enfrentado por Adriane Dambolena, coordenadora da �rea de hidrogin�stica da Pingo D’�gua, escola de nata��o no Bairro S�o Pedro, que tamb�m tem unidade no Luxemburgo. “Todos os meus profissionais t�m de ter forma��o superior em educa��o f�sica e precisam ter remunera��o reajustada”, justifica. Na ponta do l�pis, outros custos tamb�m pressionam o repasse, segundo ela. Com as revitaliza��es na Savassi, todas as despesas com o local onde a academia funciona subiram muito mais do que a m�dia da infla��o: “O IPTU subiu 9% e o aluguel, 12%”, diz.

Dentro d’�gua, o pequeno Ant�nio Gianturco, de 2 anos e 8 meses, s� se diverte. Mas, na borda da piscina, a m�e dele, a professora Gabriela Gianturco, reflete sobre os 50% de reajuste praticados pela escola sobre a mensalidade da nata��o. Ant�nio cai na �gua tr�s vezes por semana e bate as perninhas por 20 minutos. A m�e desembolsa R$ 240 mensais a partir deste m�s. No ano passado, a mensalidade era R$ 160. “� um gasto que n�o tem outro jeito, n�o havia como eu cortar, porque ele ainda est� aprendendo. � uma seguran�a saber que ele pode ficar na piscina se souber nadar. � um investimento inevit�vel.”

Corre��es acima dos reajustes salariais

Cliente de outra escola, a Cia. do Nado do Anchieta, a servidora federal M�rcia Carvalho Mascarenhas, que mant�m a filha Manoella Mascarenhas, de 2 anos, nas aulas de nata��o, reclama que o reajuste � sempre mais alto que o da remunera��o: “No nosso caso, estamos h� quatro anos sem qualquer incremento no sal�rio e essas mudan�as de pre�os anuais pesam bastante”.

No sal�o de muscula��o da academia Ativa Fitness, no Santo Ant�nio, o propriet�rio Tiago Costa explica que os aumentos de aluguel e IPTU representam as principais press�es no custo, mas que evita o repasse, sob pena de perder os clientes fi�is. A solu��o das principais academias da cidade � unir a oportunidade ao marketing, segundo Costa: “Oferecemos pre�os promocionais semestrais e anuais e deixamos que apenas o valor mensal seja aumentado”. Dos clientes da Ativa, 40% optam pelos pacotes. A pr�tica � a mesma na Rede Alta Energia, que, segundo o gerente comercial Alexandre Marini, tamb�m evita o quanto pode o repasse, de olho na fideliza��o dos alunos. “N�o posso aumentar e correr o risco de perder os clientes”, diz Costa.

Na prepara��o

A estudante Ana Raggi, bacharel em direito, que espera se ver livre dos cursinhos preparat�rios para concurso ainda este ano, decidiu, para isso investir todo o seu tempo nesse objetivo. No curso para os concursos dos Tribunais, na Escola Supremo Concursos, investiu R$ 2,4 mil. O curso preparat�rio para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lhe custou h� dois anos, R$ 1 mil. Hoje, sai por R$ 1,3 mil. Segundo o IBGE, a varia��o nesse item chega a 12,03%, na m�dia nacional.

“Nossos pre�os sofrem press�o de aluguel, IPTU e passagens a�reas, porque nosso corpo docente � nacional”, explica Bianca Sousa Borges, coordenadora da escola. Para tentar solu��es mais vi�veis para os alunos, que em sua maioria, segundo Bianca, “n�o t�m fonte de renda pr�pria e s�o bancados pela fam�lia”, o curso oferece, a partir deste m�s, modalidade on-line, at� 10% mais barata que a vers�o presencial. Um curso preparat�rio para o concurso de delegado da Pol�cia Federal custa R$ 3.120 na modalidade presencial e R$ 2.808 para educa��o a dist�ncia, via internet.

O �nico item, da categoria cursos diversos, que variou abaixo da infla��o, em Belo Horizonte, segundo o IBGE, foram as escolas de idiomas, registrando aumento de 6,24%. Em compensa��o, as autoescolas subiram 16,49%. (FB)