
Depois de alguns anos no ostracismo, a f�brica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, inaugurada com bastante pompa em abril de 1999 para produzir ve�culos de luxo, enfim parece ter encontrado seu norte. Depois do fracasso com os carros de passeio, a unidade da Zona da Mata trocou a linha de autom�veis de luxo pela montagem de caminh�es – o extrapesado Actros e o leve Accelo. Ambos come�aram a ser produzidos em escala comercial no in�cio do m�s. A meta da montadora alem�, l�der no setor de ve�culos comerciais na Am�rica Latina, � encerrar 2012 com 15 mil unidades fabricadas em Minas – a empresa n�o informou quantos exemplares de cada um.
A adapt��o da f�brica da Mercedes consumiu, em 2011, investimento de R$ 450 milh�es – os testes para a produ��o dos ve�culos pesados come�aram no semestre passado. A empresa n�o revela a m�dia atual de caminh�es fabricados diariamente, mas, segundo o vice-presidente do Sindicado dos Metal�rgicos do munic�pio, Henrique Almeida, “de 5 a 15 unidades s�o montadas por dia”. O n�mero anual estimado pela fabricante pode at� parecer baixo se comparado ao produzido pela f�brica da Mercedez-Benz em S�o Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que fechou o ano passado com aproximadamente 80 mil ve�culos pesados colocados no mercado, dos quais 51 mil caminh�es e 28 mil chassis para �nibus.
Por�m, de acordo com Henrique Almeida, a inten��o da montadora � produzir, daqui a alguns anos, uma m�dia de 40 mil ve�culos anuais. Levando em conta o hist�rico de derrocada da unidade de Juiz de Fora, lideran�as econ�micas da regi�o e diretores do Sindicato dos Metal�rgicos da cidade interpretam a meta de 15 mil unidades como uma senha para a recupera��o da f�brica. Tanto que, segundo o sindicato dos trabalhadores da linha de montagem, pelo menos duas fornecedoras da montadora alem�, j� instaladas na pr�pria planta industrial, decidiram aumentar o quadro de funcion�rios.
� o caso da Maxion, especializada em longarinas em regime just in time, e da Randon, respons�vel pela pr�-montagem de agregados, entre eles para-lamas traseiros, radiador e mangueiras do sistema de arrefecimento, pedaleiras de freio e embreagem, coluna de dire��o e freio de m�o. A Seeber, especializada em pintura de pe�as pl�sticas e met�licas, tamb�m est� instalada no chamado parque de fornecedores da montadora.
Empregos A Mercedez conta hoje, de acordo com a pr�pria empresa, com cerca de “800 colaboradores” na planta de Juiz de Fora – cerca de 400 participaram de cursos na planta de S�o Bernardo do Campo e aproximadamente 40 foram encaminhados para adquirir maior experi�ncia em Munique (Alemanha) e servir como “multiplicadores” no Brasil. Para Henrique Almeida, a expectativa � de que, no auge da produ��o, esse n�mero gire em torno de 3 mil a 4 mil pessoas.
Representantes da f�brica e do sindicato agendaram uma reuni�o na semana que vem, para discutir o cronograma de contrata��o de empregados. “A prioridade, na vis�o do sindicato, � contratar pessoas que j� fizeram parte do quadro. Muita gente tem procurado a entidade, otimista com a retomada da unidade. � um momento de recupera��o e de at� retrata��o com aquela expectativa que o p�blico tinha (da Mercedes-Benz). Nossa aposta � a de que a montadora, agora, possa corresponder � expectativa de sua chegada ao munic�pio”, acrescentou Henrique Almeida.
O otimismo dele � o mesmo de comerciantes da regi�o, que apostam na amplia��o de empregos para impulsionar o com�rcio do munic�pio e de cidades vizinhas. “Finalmente, a Mercedes-Benz consolidar� a sua participa��o industrial no munic�pio. A expectativa sempre foi muito positiva em rela��o � f�brica e, mais do que nunca, esperamos que a unidade se torne um grande empreendimento industrial. E que alavanque empregos e neg�cios para a cidade e regi�o”, disse o presidente da Associa��o Comercial de Juiz de Fora, Cl�udio Horta Mendes.
Trope�os A readapta��o da planta de Juiz de Fora deve fechar o ciclo de ostracismo da unidade da Mercedes-Benz. Inaugurada no fim da d�cada de 1990, com o prop�sito de se tornar o centro de produ��o do Classe A. Mas o modelo n�o caiu no gosto do brasileiro. Anos depois, a montadora apostou em outros ve�culos. Em 2009, por exemplo, quando contava com 1,2 mil empregados na Zona da Mata, foram produzidos “somente” 17 mil ve�culos do modelo CLC 200 Kompressor – o cup� esportivo, com motor de 1.8 litros e de duas portas, era destinado ao mercado europeu. Tal volume representou apenas cerca de 20% da capacidade de produ��o da f�brica, que era de 77 mil unidades.
Mas o futuro promete ser bem diferente, como acredita Andr� Zuchi, secret�rio de Planejamento e Desenvolvimento Econ�mico de Juiz de Fora: “� o redirecionamento de todo o processo da Mercedes. Esse � o projeto mais agregador, que dar� maior resultado para a cidade nos pr�ximos anos. Vamos ter a constru��o de um parque automotivo forte. Num futuro pr�ximo, outras f�bricas do setor v�o investir aqui. J� h� (empres�rios da constru��o civil) interessados em construir galp�es para atender os parceiros da montadora”.
Revendas aumentam estoques
Rio de Janeiro – As concession�rias de �nibus e caminh�es est�o ampliando o estoques de ve�culos com motores a diesel padr�o Euro 3, cuja fabrica��o foi proibida no pa�s a partir de 1º de janeiro. As ind�strias s� podem fabricar agora os modelos de padr�o Euro 5, que s�o menos poluentes. No entanto, a legisla��o que entrou em vigor este ano permite a comercializa��o dos estoques de ve�culos do modelo antigo fabricados no ano passado at� mar�o.
Alarico Assump��o Jr., presidente-executivo da Federa��o Nacional da Distribui��o de Ve�culos Automotores (Fenabrave), diz que a limita��o vale apenas para o com�rcio entre a ind�stria e as concession�rias, que est�o livres para comercializar estoques formados at� mar�o durante o ano todo. Segundo o dirigente da Fenabrave, o estoque de ve�culos Euro 3 nas lojas este ano poder� alcan�ar entre 45 mil e 55 mil unidades at� mar�o, suficiente para atender a demanda durante boa parte do ano. Por isso a Fenabrave quer que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) estenda pelo menos at� o fim do primeiro semestre o financiamento para a aquisi��o de �nibus e caminh�es Euro 3, que s�o cerca de 10% mais baratos.