Os efeitos da crise nos pa�ses da Zona do Euro, que derrubaram em 25% o volume de exporta��es brasileiras para a Uni�o Europeia entre janeiro deste ano e o mesmo per�odo do ano passado, tamb�m foram respons�veis pelo golpe sofrido pela balan�a comercial mineira. Apesar de n�o ter registrado o mesmo rombo do pa�s no primeiro m�s do ano, o saldo entre exporta��es e importa��es em Minas Gerais fechou em US$ 1,28 bilh�o, queda de 30,4% em rela��o ao mesmo m�s de 2011. Os dados preliminares foram divulgados nessa sexta-feira pela Central Exportaminas com base nos n�meros do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (MDIC).
Assim como no Brasil, que importou US$ 1,291 bilh�o a mais do que remeteu para o exterior, a entrada de produtos no estado contribuiu para o resultado. As importa��es atingiram a marca de US$ 1 bilh�o no per�odo, alta de 17,1% em rela��o a janeiro de 2011. Na outra ponta, as exporta��es sofreram queda de 15%, somando US$ 2,3 bilh�es no m�s passado contra US$ 2,73 bilh�es alcan�ados no mesmo per�odo do ano passado (veja quadro abaixo).
A explica��o tamb�m passa pelo pre�o das commodities no mercado internacional, em especial do min�rio de ferro e caf�, principais produtos da pauta exportadora do estado. “O comportamento dos pre�os foi o elemento chave para explicar essa situa��o. De maneira geral, as commodities tiveram um desempenho fraco no primeiro m�s do ano”, avalia Alexandre Brito, consultor de neg�cios internacionais da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Segundo Brito, em rela��o a janeiro do ano passado, a queda nos valores exportados de min�rio chega a 31% no pa�s. “Em volume a retra��o foi de 23,8% com pre�os 10% inferiores”, afirma. No caso do caf�, a compara��o de pre�o da saca de 60kg realizada pelo Centro de Estudos Avan�ados em Economia Aplicada (Esalq/Usp) ainda mostra alta de 16% entre janeiro de 2011 – quando era cotada a R$ 412 – e o �ltimo m�s, quando abriu valendo R$ 480. Os bons pre�os, por�m, foram ainda melhores durante o �ltimo ano, oscilando acima da casa de R$ 500 e atingindo picos de R$ 555, em maio. A queda na remunera��o permanece, j� que a saca do produto iniciou fevereiro cotada a R$ 462.
Preocupa��o Para o presidente da federa��o Olavo Machado J�nior, o resultado � preocupante. “A nossa economia gira muito em torno da produ��o de commodities e toda a cadeira produtiva desses setores pode sentir os efeitos”, avalia. Ao contr�rio do empres�rio, a secret�ria de Estado de Desenvolvimento Econ�mico, Dorothea Werneck n�o acredita que os n�meros de janeiro se repitam ao longo de 2012. “N�o h� preocupa��o. A queda est� associada ao min�rio de ferrom, que sofreu muito em fun��o dos problemas ocasionados pelas chuvas”, lembra Dorothea ao citar os impactos das tormentas que atingiram o estado no primeiro m�s do ano. “A paralisa��o na Vale chegou a tr�s dias”, acrescenta.
Para a secret�ria, o crescimento reduzido da economia mundial ao longo de 2012 fatalmente trar� impactos �s exporta��es do estado. “Mas n�o acredito que ser� uma queda t�o forte como a de janeiro”, afirma. Alexandre Brito enxerga comportamento semelhante da balan�a comercial mineira. “N�o ser� um ano fant�stico para as exporta��es, mas a tend�ncia � que feche semelhante a 2011”, prev�.
Ainda positivo No acumulado dos �ltimos 12 meses, as exporta��es mineiras somam US$ 40,98 bilh�es, alta de 26,2% ante o per�odo de fevereiro de 2010 a janeiro de 2011. Com o resultado, Minas responde por 15,9% do desempenho nacional. A exporta��es tamb�m mostraram for�a, ao avan�arem 28,6% em 12 meses, subindo para US$ 13,2 bilh�es. O desempenho mineiro supera a varia��o de 23,7% em todo o pa�s. Com saldo comercial de US$ 27,8 bilh�es no per�odo, Minas det�m a maior contribui��o no super�vit brasileiro, que soma US$ 28,1 bilh�es.
Acordo automotivo com
o M�xico vai ser revisto
Com o aval das montadoras, o governo brasileiro quer rever o tratado automotivo fechado com o M�xico. A possibilidade de mudan�as no termo de compromisso foi acertada nessa sexta-feira em conversa da presidente Dilma Rousseff com o presidente do M�xico, Felipe Calder�n. “No momento o acordo � desequilibrado contra o Brasil. O presidente Calder�n entendeu as raz�es que a presidenta exp�s. Esse processo come�a j� na semana que vem. Acreditamos que num prazo curto, dentro de fevereiro, a gente possa produzir uma revis�o que seja aceita pelos dois pa�ses”, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, Fernando Pimentel.
S�o comercializados no Brasil 16 modelos produzidos no M�xico, de seis f�bricas (Chevrolet, Dodge, Ford, Honda, Nissan e Volkswagen). S�o autom�veis de diferentes faixas de pre�o. Do New Fiesta hatch, da Ford, at� o Honda CRV, passando por modelos como Fiat 500 e Freemont; Dodge Journey e Ram; Chevrolet Captiva, VW Jetta e Jetta Variant e cinco modelos da Nissan, que seria a principal prejudicada: March, Sentra, Versa, Tiida e Tiida sed�.
Entre as causas de insatisfa��o do Brasil est�o o aumento das importa��es de ve�culos do pa�s e a baixa exig�ncia de conte�do nacional pelos mexicanos em 30%. O acordo garante isen��o da taxa de importa��o de 35% que � cobrada de ve�culos vindos da Europa, da �sia e dos EUA. Segundo ele, h� “enorme interesse” do M�xico em rever as condi��es. Em 2011, o resultado foi negativo em US$ 1,55 bilh�o – alta de 196% ante 2010.
Pimentel afirmou que n�o houve ruptura do acordo em vigor. “Sugerimos como uma possibilidade a utiliza��o da cl�usula de sa�da caso n�o se chegue a um bom termo nesse processo de negocia��o. Mas tanto o ministro Ant�nio Patriota quanto eu estamos certos de que vai haver”, completou Pimentel. O ministro citou alguns pontos que o Brasil gostaria de ver revistos no acordo: “Queremos aumentar o conte�do regional na produ��o dos ve�culos, tanto no M�xico como no Brasil e ampliar o escopo do acordo, de forma que n�o seja apenas para autom�veis de passeio, como � hoje. E inclua tamb�m caminh�es, �nibus, utilit�rios, o que poderia melhorar o saldo, que hoje � totalmente negativo contra o Brasil”.
Para o presidente da Confedera��o Nacional das Ind�strias (CNI), Robson Andrade, o setor � favor�vel � mudan�as no acordo. “O Brasil precisa dar uma demonstra��o de for�a independente de ferir os acordos com a OMC”, afirma Andrade. Na an�lise do presidente da Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, o setor aceitaria negociar uma mudan�a no acordo automotivo com o M�xico. Belini confirmou que, na reuni�o, o governo disse estar em um processo de reavalia��o do acordo. “Isso nos foi confirmado”, resumiu. “Como tem um processo de reavalia��o, n�o tem nada ainda definido. A sugest�o da Anfavea � continuar. Aceitamos inclusive estudar outros termos”, prosseguiu.