Taioba conquista cozinhas

Parte da horta de Luciano Rocha Carvalho, de 51 anos e morador de uma fazenda vizinha a Ribeir�o das Neves, na Grande Belo Horizonte, � dedicada � Xanthosoma saggitifolium, mais conhecida como taioba. A planta, que faz parte do grupo das hortali�as n�o convencionais, como s�o chamadas as esp�cies cultivadas em baixa escala, desperta aten��o de badalados restaurantes nesta �poca do ano, quando come�a a ser colhida. Diversos pratos feitos com a taioba j� ganham espa�o na gastronomia do estado, ajudando a aumentar a renda de pequenos produtores.

Luciano Carvalho, sempre protegido pelo chap�u de palha e as botinas sete l�guas, planta dezenas de p�s de taioba no in�cio de setembro. “� para aproveitar as chuvas de fim de ano”, justifica. Sua produ��o ir� abastecer algumas casas de Ribeir�o das Neves, uma das regi�es mais carentes da regi�o metropolitana. Por isso mesmo, ele vende o molho da hortali�a por R$ 1. � um pre�o baixo se comparado � mesma quantidade negociada em feiras da capital, onde o molho sai a quase R$ 2.

“Muita gente vem at� minha propriedade para compr�-la. A planta tem um gosto saboroso, mas � preciso saber cultiv�-la”, alerta o agricultor. Mas aten��o: o vegetal n�o deve ser consumido sem antes ser levado ao fogo. “Elas devem ser refogadas, pois cruas causam irrita��o das mucosas na boca e na garganta, causando coceira (acridez) e sensa��o de asfixia pelo efeito t�xico de cristais de oxalato de c�lcio”, adverte o engenheiro-agr�nomo e coordenador t�cnico de Horticultura da Emater-MG, Georgeton Silveira.

O especialista d� a dica para quem deseja cultivar a hortali�a: “Ela se desenvolve melhor em regi�es de clima quente e �mido. �pocas secas e frias prejudicam o desenvolvimento da cultura. Vai muito bem em temperatura acima dos 25 graus, perdendo as folhas e entrando em dorm�ncia abaixo dos 20 graus. Os solos devem ser ricos em mat�ria org�nica”. Este �ltimo detalhe, ali�s, � seguido � risca por Luciano Carvalho, que sempre joga esterco na horta e a aduba com outros produtos org�nicos. “O meu segredo � a boa aduba��o”, refor�ou o agricultor de Ribeir�o das Neves.

Corre��o adequada O engenheiro-agr�nomo acrescenta que, quando necess�rio, a acidez do solo deve ser corrigida pelo menos 60 dias antes do plantio da taioba. � preciso, segundo ele, “usar o tipo de calc�rio e a dosagem com base na an�lise de solo, buscando pH entre 5,8 e 6,3”. De 60 a 75 dias ap�s o plantio, quando as folhas ter�o alcan�ado entre 30 e 40 cent�metros, a taioba est� pronta para ser colocada no mercado.

“O manuseio deve ser feito em local sombreado. O rendimento, dependendo do clone, pode chegar a mais de 1,3 quilo por planta durante o ciclo de 8 meses, o que equivale a 26 toneladas por hectare”, informa um estudo sobre hortali�as n�o convencionais feito pelo Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) em parceria com a Emater-MG, Epamig, Universidade Federal de Vi�osa (UFV) e Embrapa Hortali�as.

Os ma�os, em m�dia, t�m de seis a oito folhas, como os vendidos por Maria da Penha Rosa Viera, agricultora em Icaivera, distrito de Betim, na CeasaMinas. “Vendo cada molho, na Ceasa, por R$ 1,25. Nas feiras, o pre�o � o dobro”, conta a mulher, que h� 30 anos vende taioba no entreposto de Contagem. Parte da produ��o, confidencia, � reservada para o consumo da pr�pria fam�lia. “Quem n�o provou tem que provar. As folhas, refogadas, s�o deliciosas”.