A maior demanda dos brasileiros por bens e servi�os do exterior para consumo ou investimento do setor produtivo, em ambiente de crescimento econ�mico, leva ao aumento do d�ficit em transa��es correntes. A avalia��o � do chefe do Departamento Econ�mico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
Segundo dados divulgados hoje pelo BC, o d�ficit nessa conta, que registra as compras e vendas de mercadorias e servi�os, chegou a US$ 7,086 bilh�es em janeiro. Esse � o maior resultado negativo da s�rie hist�rica do BC, iniciada em 1947. Para fevereiro, com menor n�mero de dias �teis, a previs�o � que o d�ficit em transa��es correntes fique em US$ 2 bilh�es.
De acordo com Maciel, o resultado da balan�a comercial negativo em US$ 1,292 bilh�o foi o segmento que mais contribuiu para o resultado negativo das transa��es correntes em janeiro. Esse � o pior resultado da balan�a comercial para meses de janeiro. Outro destaque � o aluguel de equipamentos, que registrou d�ficit de US$ 1,621 bilh�o. “Est� associado principalmente � amplia��o da capacidade produtiva, particularmente no setor extrativista mineral, o que deve continuar neste ano”, disse Maciel.
Segundo ele, houve uma mudan�a estrutural em rela��o aos d�ficits em transa��es correntes no pa�s ao longo dos anos. De acordo com Maciel, anteriormente, o resultado negativo era marcado por fluxos de pagamentos de d�vidas e esses valores eram mantidos independentemente dos ciclos econ�micos do pa�s. Atualmente, grande parte do d�ficit est� associada �s remessas de lucros e dividendos de empresas estrangeiras no pa�s para o exterior. Nesse caso, as remessas ocorrem de acordo com o ciclo econ�mico, ou seja, se a economia vai bem e as empresas t�m maior lucro, h� mais remessas. Em situa��o contr�ria, h� redu��o das remessas. Em janeiro, essas remessas ficaram em US$ 981 milh�es e os dados preliminares deste m�s, at� hoje, est�o em US$ 120 milh�es.
Apesar do resultado negativo hist�rico das transa��es correntes em termos nominais, Maciel destacou que em rela��o a tudo o que o pa�s produz – Produto Interno Bruto (PIB) – o d�ficit de janeiro n�o foi o maior da s�rie, ao ficar em 2,46%. De acordo com ele, o resultado em rela��o o PIB � o indicador mais correto para ser usado nas an�lises. “Em outros carnavais j� tivemos d�ficits bem maiores que isso, na ordem de 4% do PIB”.
Maciel tamb�m enfatizou que a amplia��o do d�ficit em transa��es correntes tem sido acompanhada pelo maior fluxo de investimento estrangeiro direto, “a melhor forma de financiar” o resultado negativo. A expectativa � que, neste ano, o pa�s receba US$ 50 bilh�es desse investimento, e que o d�ficit em transa��es correntes fique em US$ 65 bilh�es. Em janeiro, o investimento estrangeiro direto chegou a US$ 5,433 bilh�es, o maior resultado para o per�odo. Em fevereiro, at� hoje, esses investimentos est�o em US$ 2,166 bilh�es. A previs�o para o m�s fechado � US$ 3,2 bilh�es.
Outra forma de financiar o resultado negativo esperado para o ano � o empr�stimo de recursos no exterior. Em janeiro deste ano, a taxa de rolagem (raz�o entre desembolsos e amortiza��es) de empr�stimos de m�dio e longo prazos chegou a 284%. Isso mostra que as empresas n�o somente rolaram os vencimentos, mas tamb�m tomaram novos recursos. “O financiamento do d�ficit em transa��es correntes se d� de uma maneira confort�vel. Al�m do IED [investimento estrangeiro direto], as taxas de rolagem, as condi��es para capta��o de empr�stimos, continuam favor�veis”, disse Maciel. Em fevereiro at� hoje, essa taxa est� em 128%.
O pa�s tamb�m recebe investimentos em a��es e t�tulos de renda fixa, mas esse segmento registra muitas oscila��es de entradas e sa�das de recursos, diferentemente do investimento direto, que permanece no pa�s por mais tempo. Em janeiro, os investimentos em carteira (a��es e t�tulos de renda fixa) registraram ingresso l�quido de US$ 4,932 bilh�es. Desse total, as a��es negociadas no pa�s registraram ingresso l�quido de US$ 4,291 bilh�es e os t�tulos negociados no Brasil ficaram em US$ 555 milh�es. Os dados preliminares deste m�s mostraram que os investimentos totais em a��es ficaram em US$ 933 milh�es e as negociadas no pa�s, em US$ 1,721 bilh�o.