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Estado de Minas

Gastos dos brasileiros fora do pa�s deixam saldo negativo de US$ 1,3 bi


postado em 24/02/2012 06:00 / atualizado em 24/02/2012 07:31

Bras�lia – As viagens internacionais voltaram a se acelerar expressivamente em janeiro, per�odo de f�rias que coincidiu com uma baixa no d�lar comparado ao fim do ano passado. No m�s, as despesas de brasileiros fora do pa�s somaram US$ 1,9 bilh�es – o segundo maior da hist�ria pelos dados do Banco Central. As despesas de estrangeiros no Brasil chegaram a US$ 660,5 milh�es, tamb�m o maior volume j� registrado. O saldo ficou negativo em US$ 1,3 bilh�o, recorde hist�rico para o m�s. Diante da intensa importa��o de produtos e servi�os, al�m das compras pesadas de brasileiros no exterior, o rombo nas contas externas cresceu e foi recorde em janeiro: atingiu US$ 7,1 bilh�es. A proje��o do Banco Central para 2012 � que esse buraco chegue a US$ 65 bilh�es, o maior n�vel desde 1947, quando a institui��o come�ou a computar o dado.

Os n�meros divulgados ontem pela autoridade monet�ria evidenciam ainda que o pa�s deve receber um volume menor de investimentos voltados para o setor produtivo quando comparado a 2011, algo em torno de US$ 50 bilh�es. Com esse montante reduzido, para que o d�ficit nessa conta n�o gere problemas para a economia, o Brasil vai ter de contar com US$ 15 bilh�es oriundos do mercado financeiro internacional, um capital sens�vel a qualquer sinal de problema no mundo.

Em janeiro, o rombo nas contas externas, segundo o BC, se explica por um d�ficit de US$ 1,2 bilh�o na balan�a comercial, resultado de importa��es maiores que as exporta��es. No m�s, os empres�rios brasileiros tiveram ainda a necessidade de alugar m�quinas e equipamentos de fora, o que gerou um gasto de US$ 1,6 bilh�o, um montante que incrementou ainda mais a conta. Somado a esses fatores, as viagens internacionais consumiram mais de US$ 1 bilh�o e a remessa de empresas estrangeiras sediadas no Brasil para suas matrizes mais US$ 1 bilh�o. “Isso tudo � reflexo de um Brasil que cresce. Representa uma maior demanda dos brasileiros, seja por consumo ou por produtos e investimentos para o setor produtivo”, avaliou T�lio Maciel, chefe do Departamento Econ�mico do BC.

 Dados preliminares de fevereiro mostram, entretanto, uma desacelera��o nos gastos de viagens internacionais dos brasileiros para algo em torno de US$ 1 bilh�o — o que, na vis�o BC, se explica pelo menor n�mero de dias �teis no m�s. Para F�bio Gallo Garcia, professor de economia da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP), a cota��o do d�lar � um dos principais motivadores de viagens, entretanto o maior desses impulsos para os gastos est� no chamado custo Brasil. Ele explica que devido a elevada tributa��o brasileira, falhas de infraestrutura, burocracia e outros problemas, o custo dos produtos no Brasil, mesmo ap�s a convers�o do d�lar, � muito superior aos vendidos fora do pa�s, sobretudo no Estados Unidos. “A tend�ncia desses gastos no exterior � crescer e por enquanto n�o h� o menor sinal de mudan�a”, disse.

Investimentos compensam

As contas externas representam todas as transa��es de bens e servi�os entre o Brasil e o exterior e podem indicar o grau de vulnerabilidade da economia frente � turbul�ncias internacionais. O problema, segundo especialistas, � essa cifra ficar negativa e o pa�s n�o conseguir uma compensa��o por outras vias, como ingresso de investimentos para o setor produtivo ou para o mercado financeiro. Pelos dados do Banco Central, em janeiro deste ano esse buraco foi coberto com folga. Enquanto o d�ficit foi de US$ 7,1 bilh�es no m�s, o pa�s conseguiu captar US$ 7,3 bilh�es em investimentos estrangeiros diretos e em dinheiro que veio para o mercado financeiro, al�m de ingresso de capital por outros segmentos.

“O d�ficit est� aumentando e a conta financeira recuando um pouco. Por�m, ainda � uma conta que fecha com super�vit”, observou Fl�vio Serrano. “Temos uma agenda de investimento forte para os pr�ximos anos, o que deve permitir a expans�o desse d�ficit sem muitos problemas para o pa�s”, ponderou. Para Oct�vio de Barros, economista-chefe do Bradesco, o desempenho do investimento estrangeiro destinado � produ��o desacelerou comparado ao fim de 2011, mas ficou “ligeiramente acima do esperado” para o per�odo. “Dessa forma, confirmamos nossa expectativa de que, depois da entrada de investimentos estrangeiros direitos recorde em 2011, atingindo o pico hist�rico, continuar�amos observando entradas fortes ao longo de 2012. Com isso, o d�ficit em conta corrente continuar� sendo financiado”, frisou o economista.

Enquanto o Investimento Estrangeiro Direto (IED) desacelera, o voltado para a bolsa de valores cresce expressivamente neste in�cio de 2012 — de acordo com analistas, influenciado por capta��es de empresas brasileiras no exterior. Apenas em janeiro, as a��es compradas por estrangeiros somam US$ 4,2 bilh�es, quase seis vezes mais que em igual per�odo do ano passado. “A situa��o est� ruim l� fora e melhor aqui dentro. Os n�veis de risco, nos �ltimos meses, tamb�m melhoraram bastante e isso favorece o ingresso de recursos na bolsa. Por isso, nunca acreditamos que o d�lar ficaria em R$ 1,90”, argumentou Serrano.

Governo segura o real

Bras�lia – O governo decidiu ampliar a artilharia para tentar conter a queda do d�lar. Ontem pela manh�, quando as cota��es ca�ram para a casa de R$ 1,69, o Banco Central fez duas compras: uma no mercado futuro e outra no mercado � vista. Na sequ�ncia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi a p�blico para avisar que o Brasil “n�o permitir� a aprecia��o excessiva do real”. A a��o deu resultado e a moeda americana fechou o dia 0,29% mais cara, a R$ 1,711.

 A entrada de d�lares continuou a todo vapor e a moeda acabou negociada, ainda que por pouco tempo, abaixo de R$ 1,70 pela primeira vez desde outubro de 2011. Diante do pre�o, o BC iniciou a rea��o do governo: avisou que compraria ainda pela manh� at� US$ 2 bilh�es no mercado futuro em contratos conhecidos como “swap cambial reverso”. A opera��o, que equivale � compra de d�lares no futuro, n�o era realizada desde 30 de agosto de 2011. Na interven��o, foram adquiridos US$ 174,7 milh�es.

� tarde – j� com as cota��es em ligeira alta –, a institui��o voltou aos neg�cios para adquirir mais d�lares, dessa vez no mercado � vista. Com essas atua��es, o BC acumula interven��es em tr�s frentes nas �ltimas semanas: no mercado � vista, neg�cios a termo e tamb�m com o swap cambial reverso.

Em S�o Paulo, Mantega reagiu e afirmou que o Brasil tem “um grande arsenal de instrumentos” que poder�o ser usados para “evitar uma aprecia��o excessiva” do real. Sem informar qual seria a faixa ideal para as cota��es, o ministro previu que a chamada “guerra cambial” vai se intensificar durante o ano conforme a economia mundial perder f�lego. “Guerra cambial” � a express�o usada por Mantega para identificar a estrat�gia de alguns pa�ses que t�m desvalorizado propositadamente as moedas para aumentar a competitividade das exporta��es.

Essa enxurrada de d�lares ao Brasil tem v�rias fontes, mas principalmente investimentos produtivos de multinacionais, aplica��es financeiras de estrangeiros e empr�stimos obtidos por empresas brasileiras no exterior. Ontem, por exemplo, o Bradesco captou US$ 1 bilh�o em emiss�o de t�tulos de d�vida, com uma demanda at� sete vezes maior, segundo analistas. Dados tamb�m divulgados pelo BC mostram que em fevereiro, at� sexta-feira passada, a entrada de d�lares no pa�s superou a sa�da em US$ 6,52 bilh�es. 


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