O setor sucroalcooleiro, que desde 2008 est� estagnado sobre o ponto de vista de atra��o de novos investimentos, vai ganhar f�lego para dar vida ao canavial. O Minist�rio da Agricultura Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) anunciou a aloca��o de recursos na ordem de R$ 29 bilh�es para renova��o de 6,4 milh�es de hectares de cana at� 2015, cerca de 80% da lavoura brasileira. Segundo informou o governo, o financiamento, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e poupan�a rural, deve ser suficiente para atender a capacidade ociosa das usinas, que em Minas Gerais � de 20% em m�dia. O programa, no entanto, n�o garante o fim da crise de oferta, decisiva para sustentar a crescente demanda do carro flex por etanol.
Para abastecer a frota leve nacional, a estimativa � que cerca de 15 novas destilarias teriam de entrar em funcionamento, a cada ano, at� 2020. “O esbo�o do plano do governo � muito bonito, mas n�o vai atrair novos investimentos. Para isso � preciso haver uma pol�tica de desonera��o que d� competitividade ao etanol hidratado. Sem pol�tica de pre�os que d� seguran�a, n�o vai haver novos investimentos no setor”, criticou Luiz Cust�dio Martins, presidente do Sindicato da Ind�stria do A��car e do �lcool de Minas Gerais (Siamig). A observa��o contradiz a declara��o do secret�rio de Produ��o e Agroenergia do Mapa, Gerardo Fontelles. Segundo o secret�rio, o plano deve atrair investimentos privados, assim como a retomada de crescimento do setor sucroalcooleiro.
No pa�s da cana-de-a��car, o brasileiro tem preferido a gasolina, uma vez que o pre�o do �lcool n�o � vantajoso. O plano do governo federal para incrementar a oferta da mat�ria-prima e mudar a realidade nas bombas est� dividido em tr�s etapas. Al�m da renova��o do canavial, est�o previstos investimentos de R$ 8,5 bilh�es para atender a capacidade instalada das usinas. Outros R$ 23 bilh�es ser�o necess�rios para elevar a oferta de mat�ria-prima. Segundo o Mapa, a demanda por etanol prevista, at� 2015, vai exigir amplia��o das �reas de produ��o de cana-de-a��car em 3,8 milh�es de hectares. Um crescimento e tanto se considerados os cerca de 8 milh�es de hectares cultivados hoje.
Sem refresco
O ex-presidente Lula defendeu o combust�vel nacional na Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) em 2009, chegando a ser intitulado garoto-propaganda do etanol brasileiro, mas apesar da campanha favor�vel, o consumidor n�o sente refresco nas bombas. O consumo de etanol importado dos Estados Unidos, fabricado a partir do milho, tem elevado o pre�o. Segundo Luiz Cust�dio Martins o pleito do setor � para que o etanol concorra com o pre�o congelado da gasolina, por meio da desonera��o do �lcool hidratado.
Apesar do esfor�o para a exporta��o e mobiliza��o a favor da queda da barreira tarif�ria, quando o governo americano enfim abre as portas para o �lcool nacional, a produ��o n�o � suficiente para ser vendida ao mercado externo. “Com este plano para financiamento do setor agr�cola o governo quer evitar uma crise no setor”, avalia Pierre Vilela, coordenador da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg). Vilela aponta que houve envelhecimento dos canaviais nos dois �ltimos ciclos produtivos e que o cerco come�a a ficar cada vez mais apertado. “O pa�s tem importado gasolina, e com a queda do subs�dio � produ��o americana certamente o pre�o do etanol do milho vai encarecer, complicando as importa��es.”
Adriano Pires presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBI) diz que mesmo com o barril do petr�leo atingindo US$ 120, o pa�s comercializa a gasolina pelo menos 30% mais barato que a cota��o do mercado internacional. “O plano de expans�o da cana � um passo importante, mas n�o � suficiente.”
O governo est� tamb�m propondo � aprecia��o do Conselho Monet�rio Nacional uma linha de financiamento para a estocagem de etanol, evitando flutua��es de pre�os. Com o consumo dom�stico projetado em 1,9 bilh�o de litros por m�s e o financiamento de 70% desse estoque, estima-se um programa de R$ 4,5 bilh�es ao ano. O planejamento prev� ainda a organiza��o dos produtores rurais para aumentar sua participa��o na cadeia produtiva, at� para que eles possam assumir unidades de produ��o paralisadas.