
Encontrar o profissional ideal para uma vaga de emprego pode ser uma tarefa �rdua. Num cen�rio em que a taxa de desemprego se revela cada vez menor, o exerc�cio para encontrar trabalhadores adequados ao perfil de vagas dispon�veis requer suor, principalmente quando se trata de postos que exijam baixa qualifica��o, quando o empregador n�o est� disposto a aumentar o valor pago para essas fun��es.
A evolu��o econ�mica, associada ao aumento da escolaridade, cria uma classe de profissionais mais evolu�dos que as oportunidades de emprego, com isso, as mais de 20 mil vagas ofertadas na Grande BH ficam sem ser preenchidas, apesar de haver 125 mil desocupados na regi�o, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgada nessa quarta-feira pela Funda��o Jo�o Pinheiro e pelo Dieese. O mesmo estudo mostra que a taxa de desemprego na capital mineira em janeiro ficou em 5,1% ante 7,7% em igual per�odo do ano passado, o que significa queda de 33,77%, ritmo quase quatro vezes maior que a m�dia nacional e a maior redu��o da s�rie hist�rica, iniciada em 1996.
Coordenadora da pesquisa, a t�cnica do Dieese, Gabrielle Selani, considera surpreendente a estabilidade do �ndice de desemprego na Grande BH em janeiro. “Normalmente o que experimentamos em janeiro � uma ligeira ascens�o da taxa de desemprego, causada pela desacelera��o natural da economia com o fim das festas de final de ano. Esse � um resultado muito positivo”, destaca.
Apesar de janeiro ser conhecido pela demiss�o massiva de contratados tempor�rios, o com�rcio registrou estabilidade no c�lculo entre demiss�es e contrata��es, permanecendo com 356 mil contratados. Enquanto isso, a constru��o civil apresentou acr�scimo de 15 mil vagas, sendo setor mais destacado no per�odo, com crescimento de 8,8% ante dezembro. A ind�stria tamb�m empregou 4 mil pessoas. “� resqu�cio dos trabalhos de Natal. Pode ter havido manuten��o dessas vagas por tempo mais longo. � preciso esperar os dados do pr�ximo m�s para saber se essa tend�ncia vai se fixar no resto do ano”, afirma a analista de Pesquisa e Ensino da Funda��o Jo�o Pinheiro (FJP) Fl�via Xavier.
A taxa muito baixa de desemprego, no entanto, cria certas dificuldades para contrata��o. Apesar de no Minist�rio do Trabalho haver oferta de vagas, elas n�o se encaixam no perfil dos interessados. “A maior parte � voltada para operador de telemarketing e caixa de supermercado. E esses s�o postos pouco atraentes. Com a melhora da economia familiar, as pessoas podem esperar por uma vaga melhor. As demais s�o postos que a m�o de obra dispon�vel n�o est� qualificada para atender”, afirma Fl�via. Confirmando a maior facilidade em conseguir emprego, o tempo m�dio de procura por trabalho caiu de 41 para 26 semanas no comparativo entre janeiro de 2011 e 2012.
Escolaridade
A justificativa para isso est� tamb�m no aumento do n�vel da escolaridade. A possibilidade de acesso aos estudos faz com que a m�o de obra com baixa qualifica��o se torne escassa, mas, em contrapartida, esse mesmo profissional n�o tem curr�culo suficiente para se candidatar aos melhores postos. “O que a gente tem s�o profissionais ‘meia-boca’. Eles n�o t�m qualifica��o suficiente para um alto escal�o e tamb�m n�o querem aquelas vagas pouco atrativas. Se quiser achar o pr�ncipe encantado, tem que pagar mais”, afirma o chefe do Setor de Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), �rg�o da UFMG, professor Eduardo Rios-Neto. “� a democracia do mercado. Caso contr�rio, a solu��o � dispensar a faxineira por uns dias e lavar os pratos em casa. Bem-vindo ao desenvolvimento”, diz o professor da UFMG.
Participante dessa dan�a em busca de melhores sal�rios, a auxiliar de enfermagem Josiane Amaro Martins Dornelas viu um mercado de trabalho promissor para mudan�as e n�o titubeou. “Trabalhei como corretora de im�veis e agora sou auxiliar administrativa na Construtora Lider”, conta. O sal�rio subiu cerca de 30% e Josiane n�o pretende parar por a�. “Vou voltar a estudar e quero crescer dentro da empresa”, planeja ela.
Daqui para o futuro
Perspectiva de valoriza��o
Depois de repetir taxas recordes de percentual de empregados, a tend�ncia para os pr�ximos meses � que a redu��o m�s a m�s ocorra numa acelera��o m�nima at� atingir um patamar de estabilidade. E, com isso, os rendimentos devem ter acelera��o superior � da infla��o, garantindo ganhos reais aos trabalhadores. Isso se d� por causa da possibilidade de se criar uma ciranda de vagas em busca de melhores remunera��es. Al�m disso, se optar por manter seu quadro de funcion�rios, a empresa � praticamente obrigada a pagar melhor. Caso contr�rio, seus contratados podem entrar na dan�a.