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Estado de Minas

D�lar cai e desafia governo brasileiro

Para barrar derretimento da moeda dos EUA, Fazenda eleva imposto sobre empr�stimos no exterior e BC faz leil�es de compra da divisa. Mercado ignora e real se valoriza mais


postado em 02/03/2012 06:00 / atualizado em 02/03/2012 07:32

Importados já representam 30% do PIB e incluem até laranja-baía vinda da Espanha para o Brasil, que é o maior produtor mundial da fruta(foto: Carlos Coradi/Divulgação)
Importados j� representam 30% do PIB e incluem at� laranja-ba�a vinda da Espanha para o Brasil, que � o maior produtor mundial da fruta (foto: Carlos Coradi/Divulga��o)

 

Nada segura a valoriza��o do real frente ao d�lar. Nessa quinta-feira, depois que o governo anunciou que todos os empr�stimos de bancos e empresas brasileiras tomados no exterior com menos de tr�s anos de prazo ter�o de pagar 6% de Imposto sobre Opera��es Financeiras (IOF) e ap�s interven��o do Banco Central (BC) com dois leil�es de compra da divisa, a moeda norte-americana fechou o dia em queda de 0,23%, cotada a R$ 1,712 para venda no mercado de balc�o. No ano, a moeda acumula queda de 8,38%. Em abril de 2011, o governo j� havia estendido o prazo desses empr�stimos de at� 360 dias para at� 720 dias. Foi a terceira vez que o governo ampliou o prazo m�nimo para isen��o da cobran�a do IOF nesse tipo de opera��o. O novo prazo vale para opera��es realizadas a partir dessa quinta-feira.

Na pr�tica, o IOF tenta evitar que bancos e empresas tomem empr�stimos no exterior e tragam esses recursos para o Brasil, o que, quando ocorre em excesso, derruba a cota��o do d�lar. No mercado financeiro a medida foi avaliada como praticamente in�cua pelos operadores, segundo eles, serviu apenas para minimizar a velocidade de queda visto que a divisa continuou a cair, por�m em ritmo mais moderado comparado a outras moedas. Tanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quanto a presidente Dilma Rousseff foram a p�blico explicar a decis�o e avisar que ainda tem mais por vir.

“Quando o real se valoriza, diminui a nossa competitividade. As exporta��es brasileiras ficam mais caras e os produtos importados, mais baratos, numa competi��o desleal com as empresas brasileiras”, afirmou o ministro. Ele ressaltou ainda que o governo n�o assistir� “impass�vel” a essa guerra cambial. “O Banco Central tem comprado d�lares em leil�es di�rios e, como est� havendo uma tomada de cr�dito l� fora em grande escala pelas empresas brasileiras, estamos penalizando quando esse cr�dito for de curto prazo”, justificou. Para os empr�stimos a serem liquidados num prazo acima de tr�s anos, a al�quota continua zero.

O objetivo da medida � barrar a avalanche de importados que invadem o pa�s e j� alimentam 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo dados da Global Global Financial Advisers. “No patamar atual, o c�mbio cria uma situa��o de concorr�ncia com produtos comercializ�veis que � demolidora para o Brasil”, resume Jos� Francisco de Lima Gon�alves, economista-chefe do banco Fator. Exemplo disso pode ser encontrado em muitos segmentos da economia e at� mesmo em mercadorias como a laranja.

Fruta importada O Brasil � o maior produtor da fruta no planeta, com 25% do mercado mundial, mas j� h� supermercados brasileiros vendendo laranja-ba�a importada da Espanha. “Eu me cansei de ver o estrago que o regime cambial est� fazendo no Brasil, em nossas ind�strias, no furo enorme de nosso balan�o de pagamentos, na excessiva e mal remunerada acumula��o de reservas”, diz o consultor Carlos Coradi, presidente da Engenheiros, Financeiros e Consultores (EFC), que encontrou a laranja-ba�a importada sendo vendida num supermercado de S�o Paulo.

Nessa quinta-feira, ao anunciar a amplia��o do limite de empr�stimos tomados l� for a nos quais incide a al�quota de 6% do IOF, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a mudan�a na cobran�a do imposto � uma medida importante para o c�mbio “Estamos desestimulando a entrada de capital de mais curto prazo no Brasil. Hoje h� uma sobra de liquidez no mercado internacional”, justificou. Mantega destacou que os pa�ses avan�ados est�o aumentando a oferta de cr�dito e praticando uma pol�tica monet�ria expansionista. Para analistas e economistas ouvidos pelo Estado de Minas, a iniciativa pode n�o ter o efeito esperado, mas j� funciona como um sinal de que o governo est� disposto a tomar atitudes no sentido de conter a deprecia��o da moeda americana.

Efeito pode ser in�cuo

Jos� Roberto Savoia, professor da Faculdade de Administra��o, Economia e Contabilidade (FEA) da Universidade de S�o Paulo (USP), acredita que a diferen�a entre os juros pagos no mercado externo e os praticados no Brasil vai continuar compensando a tomada de recursos em moedas estrangeiras pelas empresas instaladas em territ�rio nacional. Miguel Daoud, s�cio-diretor da consultoria Global Financial Advisers, lembra que o Brasil tem taxa real de juros entre 4,5% e 5% ao ano, a maior do mundo. “O pessoal pega dinheiro emprestado l� fora com juros de 0,5% a 1% ao ano e aplica aqui. Estamos bem posicionados no mundo e somos considerados a bola da vez. Para usar um jarg�o de mercado, contra fluxo (de entrada de capital) n�o h� argumentos.”

Na Tend�ncias Consultoria, o economista Bruno Lavieri concorda que a medida anunciada nessa quinta-feira n�o ter� impacto direto na taxa de c�mbio. Ele explica que empresas que t�m condi��es de fazer essas capta��es, que em janeiro chegaram a US$ 4,5 bilh�es, s�o grandes organiza��es, capazes de estender esses prazos, caso seja necess�rio. “Foi um bom come�o. A inten��o (do governo) n�o � ficar por a�. Come�a assim e o governo vai sentindo qual � a rea��o do ponto de vista da efic�cia. Se esse passo n�o for suficiente, vir� outro e depois outro e outro, ao inv�s de fazer um pared�o. O d�lar chegou num n�vel a partir do qual n�o se v� interesse em que ele continue a baixar”, observa Gon�alves.

 

Rea��o � noite

Como mais uma a��o para proteger o mercado cambial e evitar uma valoriza��o excessiva do real frente ao d�lar, o Banco Central divulgou na noite dessa quinta-feira medida que imp�e limita��es a financiamento de exporta��es. De acordo com o diretor de Pol�tica Monet�ria do BC, Aldo Mendes, a decis�o vale para a modalidade de pagamento antecipado de exporta��es, que tem prazo ilimitado sem taxa��o e, agora, passa a contar com esse benef�cio apenas com opera��es de prazos de at� 360 dias. As que ultrapassarem esse prazo passar�o a ter a cobran�a de al�quota de 6% do Imposto sobre Opera��es Financeiras (IOF). “� mais uma medida sim (para atuar no mercado cambial)... A grande maioria das exporta��es tem ciclo produtivo de at� 360 dias”, afirmou.


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