Pa�s abastece com gasolina e afeta metas ambientais

A queda de 35%, ou quase 6 bilh�es de litros, nas vendas de etanol nos �ltimos dois anos coloca em risco o cumprimento das metas de corte das emiss�es de gases de efeito estufa assumidas pelo Brasil.

O movimento surpreendeu o Minist�rio do Meio Ambiente, cujo cen�rio principal para emiss�o de gases de efeito estufa pressupunha uso crescente de etanol. A expans�o do biocombust�vel seria respons�vel por uma redu��o de 79 a 89 milh�es de toneladas de g�s carb�nico lan�adas na atmosfera at� 2020, numa contribui��o entre 8% e 9% da meta total de corte das emiss�es com que o governo se comprometeu em 2009.

Grande parte do cumprimento da meta depende da redu��o do desmatamento na Amaz�nia e no Cerrado, maior fonte dos gases de efeito estufa no Pa�s. A queda nas vendas de etanol ao consumidor torna ainda mais crucial o combate �s motosserras.

Documento publicado pelo Minist�rio do Meio Ambiente no ano passado estima que as emiss�es de g�s carb�nico por ve�culos cresceriam at� 2020 a uma m�dia de 4,7% ao ano, por conta do aumento da frota de ve�culos no Pa�s. Esse porcentual j� � maior do que a m�dia de crescimento das emiss�es registrada num per�odo de 30 anos, at� 2009, ano em que o Brasil assumiu metas de redu��o das emiss�es de gases de efeito estufa para 2020.

Mas o cen�rio tra�ado pelo documento intitulado Invent�rio de Emiss�es Atmosf�ricas por Ve�culos Rodovi�rios apresentava como principal contribui��o para a redu��o das emiss�es o programa de �lcool hidratado. Na contabilidade oficial, as emiss�es de CO2 provocadas pelos ve�culos movidos a �lcool s�o neutralizadas pela captura de carbono no processo de cultivo da cana-de-a��car.

O aumento de venda de carros flex, que crescia sem parar desde 2003, deveria continuar no mesmo ritmo, indicou o cen�rio oficial. Em 2009, os flex j� representavam 37% da frota de autom�veis, e dominavam a venda de carros novos.

Mas esse cen�rio n�o se confirmou. No ano passado, as vendas de carros flex ca�ram pela primeira vez desde o lan�amento dos motores com a tecnologia brasileira. Os licenciamentos de carros flex ca�ram para 83% do total de carros vendidos em 2011, o menor porcentual em cinco anos, conforme informou o Estado em fevereiro.

Futuro

A proje��o do minist�rio de que os carros flex rodariam alternando os combust�veis numa propor��o pr�xima a 50% tamb�m corre o risco de n�o se sustentar. O uso do etanol deixa de ser vantajoso em rela��o � gasolina quando seu pre�o ultrapassa 70% do valor da gasolina nas bombas. O consumidor opta pelo pre�o mais vantajoso na hora de abastecer, numa equa��o desfavor�vel ao etanol.

Al�m disso, para conter as emiss�es de gases de efeito estufa at� 2020 no setor de energia, o governo contabilizou o aumento da oferta interna de etanol em mais de 20 bilh�es de litros, como uma das principais medidas de combate ao aquecimento global.

Dados da Ag�ncia Nacional de Petr�leo (ANP) mostram uma explos�o no consumo de gasolina a partir de 2010. Em dois anos, enquanto as vendas de etanol ca�am 35%, as vendas da gasolina subiam mais de 39%. Desde 2005, as vendas de gasolina registravam aumento de 2% ao ano. Em 2010, elas cresceram 17,45%. Em 2011, 18,79%, alcan�ando 35,4 bilh�es de litros, contra 10,7 bilh�es de litros de etanol vendidos no mesmo ano.