O Pal�cio do Planalto avalia que est�o dados todos os elementos para que o Banco Central acelere o corte da taxa b�sica de juros a Selic, em sua reuni�o hoje. Mais: o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) precisa aproveitar uma oportunidade �nica no primeiro semestre deste ano para reduzir o custo do dinheiro no Pa�s e, ao mesmo tempo, ajudar na tarefa de conter o “tsunami” de moeda estrangeira que entrar� no mercado local em busca de investimentos com altas taxas de retorno.
Como em agosto do ano passado, quando Dilma afian�ou ao presidente do BC, Alexandre Tombini, que o governo faria o esfor�o fiscal necess�rio para permitir o corte dos juros, n�o h� um “acordo” ou “compromisso” entre o Planalto e a equipe econ�mica de que os juros ser�o cortados a uma velocidade maior. O que h� � um arranjo mais sutil.
Dilma conversa frequentemente com Tombini e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a conjuntura econ�mica e, nos �ltimos 45 dias, cresceu entre eles a percep��o de que n�o faltam motivos para cortar a Selic mais rapidamente. Ou seja: a presidente n�o pede um corte maior ou menor, mas discute com Tombini o que possibilitaria uma acelera��o nos cortes de juros. � justamente sobre este cen�rio que Dilma e Tombini concordam.
Com isso em mente, Dilma vem dando pistas e “construindo um discurso”, segundo fontes ouvidas pela reportagem. As reclama��es sobre o “tsunami monet�rio” servem para dizer que os juros altos atraem muito capital estrangeiro, que fortalece o real e prejudica as exporta��es da ind�stria.
Vem da�, tamb�m, a bronca no assessor especial Marco Aur�lio Garcia, que chegou a dizer que seria promovido um corte “moderado” nos juros. A declara��o causou ru�do no mercado. Analistas que j� apostavam numa acelera��o do ritmo de queda da Selic, mudaram de posi��o, por enxergarem na fala de Garcia um sinal de que esse ritmo n�o seria alterado. Dilma desautorizou o auxiliar para corrigir o curso.
Agora, os cortes podem passar para 0,75 ponto ou at� mesmo 1 ponto porcentual. Caber� ao Copom fazer o ajuste, olhando para frente.
Segundo auxiliares da presidente, o comportamento do PIB no ano passado � um dos elementos que justifica uma redu��o mais forte do juros agora. Essa avalia��o tamb�m � compartilhada no BC e na Fazenda.
Em segundo lugar, a infla��o corrente est� em queda, com defla��o nos pre�os de atacado. A arrecada��o de impostos, que turbinou o resultado fiscal, � outro elemento que comp�e este cen�rio.
Por �ltimo, pesou muito na avalia��o de Dilma, Tombini e Mantega a proje��o de menor crescimento da China neste ano, o que deve arrastar para baixo os pre�os de produtos b�sicos, as chamadas commodities. Na economia brasileira, infla��o e pre�os de commodities sempre andaram juntos, logo � de se esperar um bom refresco no �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) nos pr�ximos meses.