Paran� e Minas Gerais foram os estados mais afetados pelo avan�o, no ano passado, das importa��es brasileiras de ve�culos produzidos no M�xico, que promoveu um desequil�brio desvantajoso para o Brasil e levou � revis�o com a imposi��o de cotas do acordo automotivo entre os dois parceiros. A receita das compras do Paran� cresceu 192% em rela��o a 2010 e a entrada da produ��o mexicana por Minas aumentou 170% na mesma base de compara��o. A evolu��o foi um pouco mais modesta, de 52,5% das importa��es da Bahia, enquanto as de S�o Paulo e do Rio Grande do Sul ca�ram 1,1% e 2,9%, respectivamente, conforme estudo feito pela pesquisadora Elisa Maria Pinto da Rocha, especialista em com�rcio exterior da Funda��o Jo�o Pinheiro, de Belo Horizonte.
O impacto da renegocia��o agora depende de como ser� a estrat�gia das marcas para cumprir o Decreto nº 7.706, publicado na sexta-feira. Com o novo mecanismo de cotas, v�lido por tr�s anos desde 19 de mar�o, as exporta��es do M�xico para o Brasil est�o limitadas a US$ 1,450 bilh�o neste ano (em 2011, elas somaram US$ 2,252 bilh�es),
US$ 1,56 bilh�o em 2013 e
US$ 1,64 bilh�o em 2014. Os valores s�o rec�procos e s� a partir do quarto ano ser� retomado o princ�pio do livre com�rcio automotivo entre os dois pa�ses. A julgar pelo agressivo ingresso da produ��o mexicana, Minas, al�m do Paran�, sentir� mais os efeitos da revis�o do acordo.
Para dar uma ideia de como as importa��es mineiras do M�xico surpreendem, a pesquisadora Elisa Rocha destaca que a velocidade das compras foi quase 10 vezes superior ao ritmo de ingresso da produ��o argentina no estado, de 17,2%, entre 2010 e o ano passado. O pa�s vizinho � tradicional e o maior parceiro do com�rcio de ve�culos de Minas com o exterior. “Certamente Minas e o Paran� tendem a ser os estados mais impactados agora pelo acordo automotivo, que se justifica diante do ponto a que chegaram as exporta��es mexicanas para o Brasil”, afirma Elisa Rocha.
O d�ficit na balan�a comercial do setor automotivo (exporta��es menos importa��es) do Brasil foi desfavor�vel em US$ 1,371 bilh�o no ano passado, com um aumento de 288% frente ao saldo negativo de
US$ 353 bilh�es em 2010. A Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea) divulgou nota em que considera positiva a renegocia��o do acordo Brasil–M�xico. “A celebra��o de acordos internacionais de com�rcio no setor automotivo se constitui em importante instrumento de promo��o do com�rcio exterior do pa�s, e reitera a necessidade da permanente evolu��o da competitividade das exporta��es brasileiras e do fortalecimento da ind�stria nacional”, informa a institui��o.
As concession�rias v�o assistir a uma briga que � das marcas (da ind�stria automotiva), observa Mauro Pinto de Morais Filho, presidente do Sindicato dos Concession�rios e Distribu�dores de Ve�culos de Minas Gerais (Sincodiv). “Mal ou bem, algu�m vai suprir esse mercado”, afirma. Ve�culos de pelo menos cinco montadoras s�o importados hoje do M�xico: Nissan, Volkswagen, Ford, Honda e Fiat. Falta a distribui��o das cotas entre as empresas exportadoras.
� exce��o de modelos pontuais, a disputa n�o dever� ser conduzida � base de aumento de pre�os. “Neste momento, n�o h� espa�o para isso”, diz Morais Filho. As cotas se estendem ao escalonamento do conte�do nacional nos ve�culos comercializados entre o Brasil e o M�xico, partindo de 30% no primeiro ano, 35% nos tr�s anos seguintes e 40% no quinto ano.
Crescimento bem acima do esperado
As importa��es de Minas Gerais de ve�culos produzidos no M�xico somaram US$ 204 milh�es no ano passado, uma participa��o de 9,1% do total importado pelo Brasil, de US$ 2,252 bilh�es. Em 2010, a receita do estado com a importa��o de ve�culos mexicanos n�o passava de US$ 76 milh�es. Trata-se do quinto maior importador brasileiro em valor, mas, quando analisadas as vari�veis de participa��o no bolo das compras e de evolu��o das importa��es, Minas s� perde em import�ncia para o Paran�, que deteve 36% do valor importado.
De 2010 para 2011, as importa��es mexicanas tamb�m deslocaram a Alemanha, outra parceira antiga e tradicional do com�rcio exterior de Minas. O pa�s latino passou a ser o quarto exportador de ve�culos para o estado. “Esse crescimento das importa��es mexicanas � uma surpresa, principalmente quando consideramos que a Argentina se consolidou para Minas como principal fornecedora e recebedora de ve�culos e n�o teve o mesmo crescimento”, afirma a pesquisadora Elisa Rocha, da Funda��o Jo�o Pinheiro.
Minas importou ve�culos produzidos na Argentina numa cifra global de US$ 1,329 bilh�o no ano passado, frente ao bolo de US$ 1,134 bilh�o em 2010. Embora considerando que a renegocia��o do acordo automotivo faz sentido para o Brasil, � luz da balan�a de com�rcio com o M�xico, Elisa Rocha afirma que o sistema de cotas n�o resolve o maior problema da ind�stria brasileira.
“O que est� em jogo � a nossa falta de competitividade at� mesmo em rela��o ao M�xico. Apesar da sinaliza��o clara do governo federal no sentido de dificultar as importa��es, isso n�o ser� solu��o”, diz. A pesquisadora concorda que o maior problema est� no chamado custo Brasil, que envolve desde a alta carga tribut�ria no pa�s, a log�stica deficiente de escoamento da produ��o e a despesa pesada de insumos como energia el�trica. “N�o vamos nos esquecer de que a moeda mexicana (peso) tamb�m est� valorizada frente ao d�lar”, diz. (MV)