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Estado de Minas

Dilma chega para encontro com Obama e leva na manga potencial de petr�leo do pr�-sal


postado em 09/04/2012 07:17 / atualizado em 09/04/2012 11:50

Bras�lia – Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, veio pela primeira vez ao Brasil, em mar�o de 2011, uma das grandes expectativas sobre seu encontro com a colega Dilma Rousseff era o an�ncio da abertura do mercado norte-americano ao etanol brasileiro, atendendo um velho pleito. Poucos meses depois, o cen�rio se alterou radicalmente e, de maior e mais competitivo produtor de biocombust�veis e potencial l�der global das exporta��es, o Brasil se tornou um dos principais importadores de gasolina e do etanol de milho vendido pelos norte-americanos.

A satura��o da capacidade de refino do pa�s, que corre contra o tempo para inaugurar tr�s grandes refinarias at� 2015, se agravou com os sucessivos recordes anuais de vendas dom�sticas de ve�culos, que chegam � marca de 13 mil unidades por dia. A consolida��o do quarto maior mercado automotivo do mundo ainda ampliou desequil�brios no setor sucroalcooleiro, j� afetado por falta de investimento, quebras de safras e maior procura mundial por a��car.

Presidenta Dilma Rousseff durante viagem aos Estados Unidos(foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Presidenta Dilma Rousseff durante viagem aos Estados Unidos (foto: Roberto Stuckert Filho/PR)


Gra�as � adi��o compuls�ria de �lcool � gasolina, os fatos levaram a uma impens�vel importa��o gigantesca de etanol de milho norte-americana. Em 2011, o pa�s importou dos EUA 1,1 bilh�o de litros, um aumento de 1.384,8% sobre 2010. A tend�ncia � de os volumes importados continuarem altos este ano. Um ano depois, Dilma retribui a visita de Obama, com uma realidade que praticamente inverteu a pauta bilateral de negocia��es no setor energ�tico.

"Chegamos a este cen�rio em raz�o da falta de planejamento de longo prazo. Faltaram sinais claros do governo ao mercado de como a frota de ve�culos e a oferta de combust�veis f�sseis e renov�veis iria evoluir, levando ao descompasso", comenta Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Essa oscila��o se deve tamb�m � mudan�a de perspectiva do pa�s na �rea de energia: de pot�ncia em combust�veis renov�veis a dono de uma das maiores reservas mundiais de petr�leo, indicada pelas sondagens do pr�-sal (20 bilh�es de barris).

O novo contexto muda tamb�m a t�nica do novo encontro de c�pula em compara��o � calorosa acolhida de Lula ao "companheiro" George W. Bush, em 2007, que festejou o biocombust�vel de cana-de-a��car como vedete. N�o demorou muito para o presidente brasileiro anunciar o salto do pa�s na �rea petrol�fera nos anos seguintes. Em paralelo, o Congresso dos EUA acabou, no fim do ano passado, com subs�dios de US$ 6 bilh�es anuais e a tarifa de importa��o sobre o etanol brasileiro ap�s mais de tr�s d�cadas de renova��es. O mercado norte-americano tamb�m caminha para a mistura de etanol � gasolina, come�ando com 15%.

Petr�leo

Para completar, a conversa entre Dilma e Obama ganhou explosivos ingredientes geopol�ticos, movidos pelo petr�leo e representados pela crescente tens�o nas rela��es EUA–Ir�. O avan�o mais expressivo da demanda dos pa�ses emergentes a partir de 2008 e as recentes turbul�ncias em grande produtores de petr�leo no mundo, como a L�bia, e de outras do Oriente M�dio, como Iraque, sustentam cota��es do barril do petr�leo muito acima dos US$ 100, hoje no patamar de US$ 125. Os valores dificultam a recupera��o da economia mundial e ainda impulsiona a infla��o brasileira.

Com o pr�-sal, o Brasil se tornou estrat�gico para o futuro do mercado de petr�leo e derivados, juntamente com os outros polos formados pela faixa do Orinoco (Venezuela) e o Golfo da Guin�. Politicamente, o pa�s tamb�m tem a vantagem de ser um alvo n�o conflituoso de investimentos, ao contr�rio da Venezuela, l�der na produ��o do continente sulamericano.

Remessas que saem superam as que entram

Bras�lia – O novo papel econ�mico mundial do Brasil tamb�m j� se reflete nas transa��es correntes. Estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que, pela primeira vez, as remessas de estrangeiros residentes no pa�s feitas ao exterior superaram as transfer�ncias unilaterais realizadas por imigrantes brasileiros. Isso significa que est� mais f�cil para os gringos encherem o bolso aqui do que para os "brasucas" conseguirem poupar l� fora.

As transfer�ncias realizadas por estrangeiros que vivem no Brasil aos seus pa�ses de origem somaram US$ 2,1 bilh�es em 2011, enquanto as remessas dos brasileiros, no caminho inverso, ficaram em US$ 2 bilh�es. Segundo a an�lise anual realizada pelo Fundo Multilateral de Investimentos (MIF, sigla em ingl�s), do BID, o pa�s foi o �nico entre os latino-americanos e caribenhos em que houve queda no volume remetido (da ordem de 5%), na compara��o com 2010.

"O que a gente percebe � uma redu��o no volume de recursos, tanto no total das remessas quanto no n�mero de ordens de pagamento realizadas. E a tend�ncia � de que esse fluxo de envios feitos pelos imigrantes para o Brasil continue diminuindo", admite o diretor de Neg�cios Internacionais do Banco do Brasil, Admilson Monteiro Garcia.

Dados do Banco Central apontam que, levando-se em conta somente as remessas feitas para os Estados Unidos, foram US$ 291 milh�es em 2011 — ou seja, mais de 10% do total enviado pelos trabalhadores estrangeiros que residem no Brasil. Ainda assim, segundo Monteiro, a tend�ncia � de que esse montante mantenha-se em patamar elevado. "Os brasileiros est�o investindo muito no exterior, comprando im�veis, e precisam enviar recursos para o pagamento de taxas. Da mesma forma, muitas multinacionais preferem ter um executivo expatriado, trabalhando no Brasil, do que contratar um aqui, onde a m�o de obra qualificada custa caro", avalia.

A trajet�ria recente do norte-americano Michael Nicklas, 43 anos, espelha o aumento do interesse dos estrangeiros pelo Brasil. Ap�s ter trabalhado como executivo da �rea de tecnologia nos Estados Unidos, ele mudou-se para o Rio de Janeiro em 2009, buscando novas oportunidades de neg�cio. E n�o se arrepende. "Logo vi que esse mercado tem muito potencial no Brasil. H� muitas pessoas criando softwares e, ao mesmo tempo, muitas querendo consumir inova��es", diz Nicklas.

Por outro lado, o executivo percebeu que faltava um local virtual para que todos se encontrassem. "Nos Estados Unidos, h� muitos blogs que fazem o meio de campo entre empreendedores, investidores e consumidores", conta. Com esse prop�sito, criou um blog de startups (empresas inovadoras) no pa�s, financiado pelo fundo Social Smart, constitu�do por ele, que possui hoje entre US$ 200 mil e US$ 300 mil aplicados no pa�s.

Nicklas conta que conhece muitos estrangeiros que vieram para o Brasil em busca de melhores oportunidades. "Aqui falta capital humano na �rea tecnol�gica, porque quando a bolha da internet estourou os jovens se afastaram desse ramo. Com isso, entre 2001 e 2006, perdeu-se uma gera��o de potenciais inovadores no pa�s. Agora, tem muita gente vindo de fora em busca de chances no Brasil, onde h� espa�o para crescer", afirma.


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