A ministra de Pol�ticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, disse hoje que, apesar de o mercado de trabalho ter se desenvolvido, as desigualdades de g�nero continuam. “Isso n�o depende s� do desenvolvimento, e sim da mentalidade patriarcal que construiu essa desigualdade, que diz que mulher tem mais afinidades e est� mais preparada para o trabalho dom�stico”, afirmou a ministra.
Ao participar do 2º Encontro das Metal�rgicas do ABC, que discutiu o tema Participa��o da Mulher na Conquista de Melhores Condi��es de Trabalho, em S�o Bernardo do Campo (SP), ela citou pesquisas recentes, segundo as quais as mulheres recebem sal�rios menores que os dos homens, mesmo sejam mais qualificadas e tenham fun��es iguais �s deles.
Para Eleonora Menicucci, trata-se de uma quest�o cultural, que tem que mudar. Ela informou que existe um programa federal de pr�-equidade de g�nero e de ra�a para eliminar qualquer discrimina��o contra as mulheres no mundo do trabalho e disse que apoia projeto em tramita��o no Senado que garante sal�rios iguais para trabalhos iguais. "� uma perspectiva que vai mostrar um avan�o e uma quebra de paradigma na sociedade patriarcal brasileira.”
Sobre a autoriza��o para interromper a gesta��o em caso de fetos anenc�falos, aprovada ontem (12) pelo Supremo Tribunal Federal, a ministra disse que a posi��o da Secretaria de Pol�ticas para as Mulheres � a do governo: fazer tudo para garantir que a decis�o seja cumprida. “Como isso ser� implementado � uma atribui��o do Minist�rio da Sa�de. N�o cabe � minha secretaria dizer como ser�. S� digo que o Sistema �nico de Sa�de [SUS] est� pronto para receber as mulheres, tanto as que querem antecipar o parto quanto as que querem levar a gravidez at� o final.”
Tamb�m a diretora de Gest�o e da Regulamenta��o do Trabalho em Sa�de do Minist�rio da Sa�de, Denise Motta, considera a situa��o da sa�de da mulher ainda muito dif�cil, porque os impactos das condi��es de trabalho no corpo da mulher s�o bastante fortes, abalando-a tanto fisicamente quanto psicologicamente. Segundo Denise, se se levar em considera��o que a mulher enfrenta dupla e at� tripla jornada de trabalho, uma les�o por esfor�o repetitivo a impede de exercer tanto seu trabalho quanto as atividades dom�sticas e o cuidado com os filhos. "E essa, infelizmente, ainda � uma fun��o exercida majoritariamente pela mulher."
Para mudar tal realidade, Denise ressalta que a mulher precisa participar mais da organiza��o dos locais de trabalho e dos grupos de preven��o de acidentes, para que as demandas sejam incorporadas pelos sindicatos. "Assim, o sindicato pode elaborar um plano de a��o fortalecendo a luta, interferindo nas pol�ticas p�blicas de sa�de, e negociar melhor condi��es de trabalho."
Para Denise, as condi��es de trabalho ainda s�o desfavor�veis para a mulher porque a cultura que vem das rela��es sociais de g�nero tamb�m entra no mundo do trabalho. "Aquela vis�o de que as mulheres t�m mais habilidade visual e manual, destreza e delicadeza as coloca em fun��es do setor eletroeletr�nico, em montadoras, mas n�o em cargos de dire��o e em outros mais altos", disse.