(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dinheiro de Valadares salva neg�cios nos EUA

Depois de ter a economia impulsionada pelos d�lares enviados por emigrantes por d�cadas, cidade vive o reverso da moeda, com moradores fazendo remessas constantes para parentes


postado em 15/04/2012 07:33 / atualizado em 15/04/2012 07:35

Governador Valadares – Por muitos anos, o valadarense Izaac enviou dos Estados Unidos, onde mora h� duas d�cadas, boas remessas de d�lares para ajudar parentes da terra natal, no Leste de Minas e com 290 mil habitantes. Com o dinheiro enviado, fomentou a economia da cidade brasileira que mais enviou m�o de obra para a terra do Tio Sam – estima-se que 40 mil conterr�neos de Izaac rumaram para os Estados Unidos desde 1970. Em 2008, por�m, quando a chamada bolha imobili�ria fez explodir a crise financeira americana, Izaac n�o conseguiu mais honrar as parcelas da casa que havia financiado e perdeu o im�vel. “Agora, meu irm�o � quem precisa de socorro. A fam�lia colocou uma casa de heran�a � venda, or�ada em R$ 350 mil, para mandar parte da grana para ele. Tenho f� que ele vai sair do aluguel”, disse o comerciante Sebastian Fonseca, dono de uma banca de jornais no Centro de Governador Valadares.

Izaac n�o � o �nico personagem de uma hist�ria com enredo curioso. Ref�m por quase cinco d�cadas dos “valad�lares”, hoje Governador Valadares ajuda a recuperar a economia do pa�s de Barack Obama, com moradores enviando, todos os meses, dinheiro a parentes e amigos que foram ganhar a vida na Am�rica e acabaram prejudicados pela crise internacional. O Banco Central (BC) n�o tem dados que revelem a soma das transfer�ncias dos valadarenses para os Estados Unidos, mas um levantamento da institui��o, elaborado em n�vel nacional, � ind�cio de que o cen�rio que hoje domina a cidade mineira se estende por outras no pa�s. Em outubro de 2008, quando estourou a crise americana, os repasses de pessoas f�sicas de qualquer parte do exterior para o Brasil haviam somado US$ 345,1 milh�es. Em fevereiro de 2012, as transfer�ncias foram de US$ 136,1 milh�es.


J� o envio de dinheiro de pessoas f�sicas do Brasil para qualquer outro pa�s, em outubro de 2008, somou US$ 33,9 milh�es. Em fevereiro de 2012, contudo, esse volume cresceu para US$ 69,6 milh�es. A diferen�a entre as duas planilhas mostra o porqu� de o Brasil ser visto l� fora como uma das cerejas do bolo da atual economia mundial. N�o foi por acaso que, na �ltima segunda-feira, quando houve o an�ncio de que os Estados Unidos ter�o consulado em Belo Horizonte em 2013 ou 2014, a secret�ria de Estado americano, Hillary Clinton, definiu o relacionamento de sua na��o com o governo Dilma Rousseff como “um dos mais promissores”. A esposa do ex-presidente Bill Clinton se inspirou ainda em outros dados, como os gastos de brasileiros em viagens de turismo aos Estados Unidos, que n�o param de subir.

Os turistas brasileiros desembolsaram US$ 3,74 bilh�es no exterior nos dois primeiros meses de 2012, valor que, al�m de ser recorde para o per�odo, representa 20% a mais do que a soma do mesmo intervalo de 2011. Retornando aos repasses do Brasil para outros pa�ses, o BC n�o discriminou a parcela desse total encaminhada ao pa�s de Barack Obama, mas n�o h� d�vidas de que o percentual � alto. “Muita gente de Valadares est� transferindo dinheiro para quem foi ganhar a vida nos Estados Unidos”, confirma Andr� Ferreira, presidente da se��o municipal da Associa��o de Parentes e Amigos dos Emigrantes (Apaemig). Ele pr�prio, recentemente, ajudou o irm�o, dono de empresa de pintura de im�veis naquele pa�s, a sair do buraco.

“Vendi uma fazenda por R$ 800 mil e transferi parte do dinheiro, em oito parcelas (totalizando R$ 400 mil), para que ele sustentasse sua fam�lia e n�o deixasse a empresa quebrar. O empreendimento est� se recuperando”, disse Ferreira. N�o h� como estimar a m�dia mensal de transfer�ncias como a que fez Andr�, mas seu xar�, Andr� Luiz Pinheiro, propriet�rio da Fitta, principal casa de c�mbio de Governador Valadares, garante que a cifra � alta. O empres�rio diz que, somente na Fitta, o volume mensal de remessas para os Estados Unidos subiu “em torno de 20%” na compara��o com 2008. Diariamente, v�rios moradores o procuram para transferir dinheiro para a Am�rica do Norte, como fez Keina Poliane de Andrade, de 29 anos.

“Enviei quatro parcelas nas duas �ltimas semanas, que totalizaram R$ 25 mil, para minha cunhada, moradora da Fl�rida. Ela precisa do recurso para investir em sua empresa, que presta servi�os de limpeza em supermercados”, informou Keina, concordando que, ao contr�rio de d�cadas anteriores, hoje, boa parte dos valadarenses vai aos Estados Unidos para fazer compras e passear. “Atualmente, 65% dos clientes que encaminhamos para tentar o visto no Rio de Janeiro ou em S�o Paulo desejam ir � Am�rica para gastar dinheiro, passear mesmo. Em outros tempos, esse percentual era de 15% a 20%. O perfil est� mudando”, conclui Paulo Guido, gerente da Categoria Turismo, uma das maiores ag�ncias de viagens do Leste mineiro.

NA ESTRADA Mensalmente, 10 �nibus deixam o p�tio da empresa com moradores da regi�o �vidos por conseguir o visto americano nos consulados do Rio ou de S�o Paulo. Mas o presidente da Apaemig lembra que os valadarenses n�o est�o enviando dinheiro apenas para os Estados Unidos. Na d�cada de 1990, quando o governo americano apertou ainda mais o cerco aos imigrantes provenientes da cidade mineira, muitos moradores foram tentar a vida em Portugal, outro pa�s afetado pela crise internacional. Carla Andr�ia de Oliveira Almeida, que morou no pa�s europeu por seis meses e voltou em 2011, enviou para o cunhado, na �ltima quarta-feira, 500 euros. “Ele precisa do valor para resolver alguns problemas. Ainda n�o sei se terei de enviar o dinheiro todo m�s”, disse a jovem, enquanto passava em frente � banca de Sebastian Fonseca.

Para o comerciante, que h� alguns anos tentou, sem sucesso, ganhar a vida na Am�rica, hoje ele s� tem vontade de ir aos EUA para visitar o irm�o. “Nossa economia est� bem melhor. Tenho casa pr�pria e sou dono do meu neg�cio. O d�lar j� n�o vale tr�s ou quatro vezes mais que o real. O que vou fazer l�? S� se for a passeio”, finalizou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)