Antes mesmo de assumir o controle da petrol�fera Repsol-YPF, o governo argentino anunciou medidas para aumentar a produ��o de combust�veis. O comunicado foi divulgado nessa ter�a-feira (17) � noite, um dia depois do envio ao Congresso do projeto de lei que expropria 51% das a��es da empresa.
Anunciada segunda-feira (16) pela presidenta argentina, Cristina Kirchner, a expropria��o dividiu argentinos e presidentes latino-americanos. O governo conta com a simpatia da maioria do Congresso, que precisa aprovar o projeto, mas os m�todos e o tempo foram questionados na ter�a-feira (17) pela oposi��o.
A expropria��o come�ou a ser debatida nessa ter�a-feira (17) no Senado. O ministro do Planejamento, Julio de Vido, e o vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, culparam a empresa espanhola Repsol pela crise energ�tica argentina. Ela comprou a maioria da YPF, quando a estatal argentina foi privatizada nos anos 1990. Mas, em 2007, vendeu 25,4% das a��es ao grupo Petersen, da fam�lia argentina Eskenazi, que, na �poca, recebeu o apoio do ent�o presidente N�stor Kirchner. Atualmente, a Repsol tem 57,4% das a��es da YPF – e s�o essas a��es que o governo argentino quer expropriar.
No debate, transmitido ao vivo pela televis�o, de Vido e Kicillof acusaram a Repsol de ter repatriado todos os lucros � Espanha, sem investir na explora��o e produ��o de energia na Argentina. Em 2011, a Argentina deixou de ser produtora de energia para virar importadora. Gastou US$ 9 bilh�es na compra de petr�leo e g�s – quase o total do saldo da balan�a comercial do ano passado, de US$ 10 bilh�es.
Segundo Kicillof, a Repsol n�o investiu na Argentina porque o pre�o do combust�vel no mercado interno estava congelado em US$ 60 o barril. No mercado internacional, vale US$ 100. A empresa, disse o vice-ministro, preferiu investir na produ��o de gasolina Premium – a mais cara -, em vez de suprir o mercado com combust�vel barato, para o transporte p�blico e os avi�es. Por isso, o governo decidiu recuperar o controle acion�rio da empresa.
Senadores da oposi��o questionaram a decis�o do governo de expropriar apenas as a��es da Repsol, sem mexer no patrim�nio do grupo Petersen. Tambem responsabilizaram o governo pela falta de energia na Argentina, lembrando que os Kirchner est�o no poder ha oito anos. Nestor Kirchner foi eleito em 2003 e sua mulher, Cristina, em 2007. Ela foi reeleita no ano passado, um m�s depois da morte do marido.
O presidente da Repsol, Antonio Brufau, disse que a expropria��o � “ileg�tima” e que vai recorrer aos f�runs internacionais, al�m de cobrar uma indeniza��o de US$ 10 bilh�es. O ministro de Vido – nomeado interventor da empresa, junto com Kicillof – respondeu no mesmo dia, ter�a-feira. Ele disse que o valor da indeniza��o ainda ser� determinado e que a Repsol tamb�m deveria pagar pelos estragos que fez.
O valor da indeniza��o ser� tema de debate. As a��es da Repsol-YPF v�m caindo desde que o governo argentino come�ou a criticar abertamente a empresa. Mas, segundo o analista politico Rosendo Fraga, o preco da expropria��o vai al�m do que o governo ter� que pagar � Repsol.
“A expropria��o contribui para maior isolamento internacional da Argentina, e isso tem repercuss�es para a economia e para outras empresas nacionais”, disse, em entrevista � EBC. Na Am�rica Latina, a proposta de Cristina Kirchner foi apoiada pela Venezuela.
O presidente do M�xico, Felipe Calderon, foi solid�rio com a Espanha. Nessa ter�a-feira, ele recebeu a visita do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy. A Espanha enfrenta uma das piores crises econ�micas de sua hist�ria. Calderon manifestou “admira��o” pela “coragem” de Rajoy e garantiu que o Mexico ser� solid�rio.