A onda de protecionismo a setores da ind�stria brasileira deve se manter enquanto perdurar a crise econ�mica global, declarou nesta ter�a-feira o diretor do Departamento Econ�mico do Minist�rio das Rela��es Exteriores (MRE), Paulo Estivallet de Mesquita, ao participar do semin�rio "Oportunidades nas Rela��es Comerciais do Brasil Frente � Nova Configura��o dos Blocos Econ�micos Mundiais", realizado pela C�mara Americana de Com�rcio Brasil - Estados Unidos (Amcham), em S�o Paulo.
De acordo com Mesquita, as medidas s�o a forma que o Brasil encontrou para dar seguran�a � sua ind�stria. No m�dio e longo prazo, segundo ele, a tend�ncia � que o mercado brasileiro se integre ao mundial e que haja uma liberaliza��o do com�rcio. "Agora, a gente n�o pode perder de vista que, no curto prazo, existe uma crise grav�ssima nas principais economias mundiais, e isso tem um impacto negativo para o desempenho do comercio exterior brasileiro."
Algumas das exporta��es brasileiras perderam mercado, porque a demanda desapareceu em outros pa�ses. "Por outro lado, existe uma press�o de concorr�ncia de produtos que est�o chegando aqui em condi��es que n�o s�o propriamente de mercado. � por isso que o governo precisa tomar as medidas necess�rias para evitar danos irrepar�veis a setores que s�o importantes na economia brasileira", observou o diretor.
Livre com�rcio
Mesquita relatou que, com a crise, houve uma revers�o na balan�a comercial do Brasil. "Os setores que est�o sob enorme press�o por causa do c�mbio e do desvio de mercadorias de outros pa�ses est�o pressionando o governo a n�o abrir nosso mercado. N�o existe almo�o gr�tis. Em com�rcio exterior, a muni��o que a gente tem para abrir mercado l� fora � abrir o mercado brasileiro."
Para ele, num momento em que o mercado brasileiro est� crescendo muito e os mercados externos n�o est�o crescendo, � compreens�vel que alguns setores estejam relutantes. "Agora, isso acaba sendo um fator que condiciona nossa atua��o no curto prazo", afirmou. "Na �rea agroindustrial, o Brasil e o Mercosul t�m, para os outros pa�ses, a mesma import�ncia que a China tem na �rea industrial. Ent�o, os outros pa�ses tamb�m est�o relutantes conosco por causa da nossa competitividade agr�cola."
Sobre a cr�tica do embaixador da Rep�blica da Coreia, que, na abertura do evento, disse que o Brasil deveria deixar que a ind�stria busque a competitividade por si pr�pria no longo prazo Mesquita disse que, at� certo ponto, as palavras do coreano convergem com a vis�o brasileira. "A ideia � buscar uma economia que seja competitiva e n�o dependa eternamente de prote��o. O que existe � uma situa��o de curto prazo, que � excepcional."
"Com o problema cambial que, em parte, � gerado por outros pa�ses, e problemas de falta de demanda nos Estados Unidos e Uni�o Europeia, � melhor buscar medidas de atenua��o do que deixar que setores que s�o potenciais e competitivos no longo prazo desapare�am agora, simplesmente por estarmos presos a um dogma livre cambista", justificou Mesquita.
Provocado pela Ag�ncia Estado a responder sobre cr�ticas ao governo de que estaria elegendo setores para serem ajudados, em lugar de fazer uma pol�tica industrial horizontal, Mesquita discordou. "A prioridade do governo � ci�ncia e tecnologia. Essa � uma medida horizontal, que beneficiar� o Pa�s inteiro, e n�o apenas o setor exportador", afirmou.
Mesquita disse tamb�m que a pol�tica comercial desempenha um papel importante, mas � apenas um dos componentes da pol�tica econ�mica. "Existem v�rios outros fatores na condu��o da pol�tica econ�mica que tem tanta ou mais import�ncia que a pol�tica comercial, dependendo do contexto."
Existem, segundo Mesquita, outras pol�ticas que s�o igualmente importantes. "A pol�tica tribut�ria e a credit�cia, sim, s�o determinantes para o desenvolvimento futuro da economia brasileira. Agora, a pol�tica comercial pode ajudar, gerando oportunidades para que aquelas empresas mais produtivas ganhem mercado."