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Estado de Minas

Infla��o argentina deixa viagem ao pa�s menos atrativa

Aumentos de pre�os na Argentina fazem com que viagem passe a ser menos atrativa. Entre 2006 e 2011, custo de vida no pa�s vizinho subiu 53,6%. No Brasil, expans�o foi menor, de 30,22%


postado em 30/04/2012 07:08 / atualizado em 30/04/2012 07:14

Bruno Diniz e Laura Zschaber pagaram mais pela cerveja e pelo refrigerante e menos pelos vinhos(foto: Arquivo pessoal )
Bruno Diniz e Laura Zschaber pagaram mais pela cerveja e pelo refrigerante e menos pelos vinhos (foto: Arquivo pessoal )
Economia enfraquecida e moeda desvalorizada colocaram a Argentina, durante anos, entre os principais destinos internacionais dos brasileiros. No pa�s vizinho, os pre�os convidativos para turistas eram o ponto forte para uma viagem requintada, com direito a refei��es em bons restaurantes e sacolas cheias de compras na famosa Calle Florida. Mas a rigorosa infla��o que assola o pa�s faz o famoso bife de chorizo – e tantos outros produtos t�picos dos hermanos – ter um gostinho cada vez mais salgado, com pre�os que se aproximam dos praticados nas capitais brasileiras.

Os �ndices que medem a infla��o para o consumidor no Brasil e na Argentina mostram que a varia��o no pa�s vizinho foi de 53,6% no per�odo de 2006 a 2011, enquanto, por aqui, a acelera��o foi mais lenta, de 30,22%, segundo o Instituto Nacional de Estat�sticas e Censos da Argentina e o Banco Central do Brasil. A previs�o para este ano � de que o �ndice de pre�os por l�, pelo menos oficialmente, suba 9,2%. Mas sabe-se que a alta do custo de vida � muito mais veloz do que a divulgada pela Casa Rosada.

O pr�prio Fundo Monet�rio Internacional (FMI) acusa o governo de manipular os dados. Enquanto, no ano passado, a taxa oficial fechou em 9,5%, consultorias privadas garantem que o �ndice no mesmo ano foi de 22,8% – mais de duas vezes acima. O que leva a crer que n�o foi s� a presidente Cristina Kirchner “que j� nasceu maquiada”, como costuma dizer em entrevistas: os �ndices oficiais do pa�s, a come�ar pelo Produto Interno Bruto (PIB), tamb�m t�m recebido bons retoques de percentuais que n�o existem.

Reconhecido como um dos servi�os mais baratos da capital portenha, o t�xi � apenas um dos exemplos de como a cidade tem ficado mais cara. Em novembro do ano passado, o transporte teve aumento de 20%, e aos poucos o valor da corrida aproxima-se do que � cobrado em Belo Horizonte, onde o aumento foi mais discreto, abaixo dos dois d�gitos.

Outros produtos de interesse dos turistas, que, em anos anteriores, eram adquiridos a pre�os de banana na capital portenha, perdem aos poucos a atratividade. O valor da di�ria para um casal, por exemplo, num hotel da bandeira Ibis custa s� 9,5% menos em Buenos Aires que em Belo Horizonte. Sem contar que por l� praticamente todos os hot�is s�o cotados na moeda americana. O tradicional bife de chorizo num restaurante �s margens do charmoso Puerto Madero custa cerca de 95 pesos (ou R$ 40,45), enquanto, no Mercado do Cruzeiro, pelo mesmo corte se pagam R$ 44, apenas 10% a mais.

A professora de portugu�s Paula Graciele da Silveira, que mora em Buenos Aires desde 2009, se assusta com a escalada de pre�os. “Quando cheguei, o litro de leite custava 1,75 peso e hoje est� em 4,50 pesos”, calcula. A eleva��o � de quase 160%. Uma medialuna, salgado t�pico da regi�o que se assemelha a um croissant, pulou de 0,75 peso para os atuais 2,25 pesos – tr�s vezes mais caro.

“Um caf� t�pico com a bebida e tr�s medialunas, que custava oito pesos, agora n�o custa menos de 18 pesos”, afirma Paula da Silveira. “J� paguei de 19 a 20 pesos por um prato completo, com entrada, refei��o e sobremesa. Hoje, nesses mesmos lugares, o pre�o passou para 39 pesos”, acrescenta Paula. A professora reconhece que � na alimenta��o que a varia��o de pre�os fica mais evidente, apesar de n�o ser a �nica. “Aluguel tamb�m tem subido muito. Em um apartamento de 30 metros quadrados pago 2,3 mil pesos. Quando mudei, h� um ano e meio, eram 1,7 mil”, lembra. A alta supera em muito a infla��o, chegando a 35%.

A estudante universit�ria Laura Zschaber e o administrador de redes Bruno Diniz se surpreenderam com os pre�os na primeira viagem ao pa�s vizinho. “Na maioria das vezes, comparamos os pre�os com os do Brasil e percebemos que grande parte dos produtos tem um valor mais elevado que aqui, como a cerveja e o refrigerante. J� o vinho � bem mais barato”, lembra Laura. Ela conta que chegou a pagar R$ 12 e at� R$ 18 por uma Coca-Cola de 600ml. O namorado Bruno calcula que, para cada refei��o, foram gastos R$ 90 por pessoa. “Acredito que ficaria muito f�cil para um brasileiro ficar na Argentina com as dicas dos nativos”, afirma, ao observar que nos pontos tur�sticos os valores s�o bem mais elevados.

Passagens est�veis,
mas os restaurantes…


Apesar da alta varia��o dos pre�os em Buenos Aires e nas demais cidades tur�sticas da Argentina, os pacotes vendidos pelas operadoras de turismo brasileiras tiveram os pre�os reajustados numa cad�ncia bem mais lenta. A explica��o � que a principal variante para o aumento � a passagem a�rea e a maior disponibilidade de voos contribuiu para certa estabilidade. Em compensa��o, a viagem, antes tida como muito barata, se tornou pouco atrativa no quesito custo se somados todos os gastos. “Hoje, se gasta a mesma coisa para comer num restaurante l� e em BH”, afirma o gerente comercial da operadora Viagens Masters, Andr� Biagioni.

A consequ�ncia disso foi a mudan�a do perfil do viajante. A procura por hot�is mais caros � cada vez menor, enquanto os pacotes com hospedagens tr�s estrelas ganharam mais espa�o. Biagioni afirma que a altera��o � explicada pela maior procura das classes mais altas por destinos na Am�rica do Norte e no Caribe para primeira viagem, enquanto a vizinha sul-americana se tornou point da classe C, que tende a gastar menos em compras e restaurantes em sua primeira viagem internacional. “O pacote da Argentina sofre concorr�ncia nacional com as Serras Ga�cha, por exemplo”, afirma Biagioni.

Dados do Ente de Turismo de Buenos Aires, �rg�o do governo respons�vel pelo setor, mostraram que o n�mero de visitantes estrangeiros tem ca�do desde junho do ano passado, mas isso deve principalmente � queda do n�mero de turistas da Am�rica do Norte e da Europa, afetados pela crise econ�mica, que derrubou o poder de compra dos habitantes. No comparativo entre 2009 e 2010 o n�mero de gringos visitando a cidade aumentou 29%, mas no ano passado o crescimento foi de inexpressivos 2%.

O total de brasileiros ainda supera a m�dia, com varia��o de 3,6% no ano passado. E mais: s�o os que mais gastam. O t�quete m�dio di�rio por viagem na cidade � de US$ 116,10, enquanto do brasileiro � de US$ 196,90. Mas ainda assim, segundo lojistas, � percept�vel a mudan�a no perfil. Os gastos s�o cada vez mais modestos e se tornou comum ouvir reclama��es quantos aos pre�os num bom portunhol: “�s muy caro!”.


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