A multiplica��o das vantagens oferecidas pelos cart�es de cr�dito e o aumento da renda do brasileiro nos �ltimos anos causaram um boom no uso do dinheiro de pl�stico. Ao contr�rio do passado recente, quando o consumidor recorria � forma de pagamento apenas quando precisava comprar algo de valor mais elevado, agora o cart�o � utilizado para pagar pequenas despesas. O fen�meno n�o se restringe aos novos usu�rios — os pobres que emergiram � classe m�dia — e a mudan�a de comportamento � identificada at� mesmo naqueles que os bancos chamam de clientes premium, os de renda mais elevada. Diante de tamanha oferta, especialistas em educa��o financeira advertem, no entanto, que o consumidor precisa ter cautela na utiliza��o do pl�stico.

"Os programas de benef�cios t�m apelo prop�cio para clientes que gostam de viajar e contabilizam seus gastos com cart�o em pontos utilizados para milhagens a�reas, por exemplo", afirma o diretor da Associa��o Brasileira das Empresas de Cart�es de Cr�dito e Servi�os (Abecs), Milton Kruger. Com isso, a utiliza��o de cart�es destinados ao p�blico de alta renda n�o � mais restrita a gastos em lugares e em produtos sofisticados. "Agora, os clientes de alta renda pagam tudo o que podem com cart�o", diz.
A bandeira Diners � um exemplo dessa mudan�a de comportamento. "Os clientes est�o usando mais o cart�o. O volume de transa��es aumenta cerca de 10% a cada ano", identifica Rodrigo Cury, superintendente de produtos do Citibank, que administra o Diners. "Ele � voltado aos clientes que buscam prazer e oferece benef�cios como acesso �s salas vips dos aeroportos. Para utilizar as vantagens, os clientes est�o utilizando o cart�o para todo tipo de compra", relata.
Em busca desses clientes, as empresas est�o ampliando cada vez mais a oferta de benef�cios. A MasterCard, por exemplo, j� oferece o servi�o de assistente pessoal, que ajuda at� a encontrar uma bab� de �ltima hora para os filhos. "Antigamente, as pessoas tinham vergonha de usar os cart�es em pequenos pagamentos. Agora, � mais conveniente do que andar com dinheiro no bolso", diz Kruger.
Em 2007, o pl�stico era utilizado em 11% das compras; tr�s anos depois, em 20%. Enquanto isso, a participa��o do dinheiro como forma de pagamento caiu de 77% para 59%.
Diante de tanta oferta, o consumidor precisa ter muito cuidado para n�o gastar mais do que pode. O educador financeiro e autor do livro Livre-se das d�vidas, Reinaldo Domingos, ensina que o correto � ter um cart�o de cr�dito com um limite equivalente a apenas 50% da renda. "Mas n�o � isso o que ocorre, as pessoas t�m limites muito superiores aos seus ganhos e quase sempre extrapolam. Assumem presta��es a perder de vista", afirma.