A ordem direta entre a alta do d�lar e a queda na procura pelas viagens ao exterior n�o valeu este ano. Os mineiros ignoraram a eleva��o do c�mbio e aumentaram a procura por f�rias e compras nos Estados Unidos. Nas ag�ncias de viagem de Belo Horizonte, as compras de viagens para a terra do Tio Sam cresceram entre 10% e 12% de janeiro a este m�s, na compara��o com mesmo per�odo de 2011, segundo a Associa��o Brasileira das Ag�ncias de Viagens (Abav). Para as f�rias de julho � esperado crescimento em torno de 20%.
Os empres�rios do setor apontam duas justificativas para o aquecimento das viagens ao exterior: o consulado americano divulgou recentemente diversas facilidades para viajar aos Estados Unidos, como a abertura ontem do escrit�rio em Belo Horizonte. Al�m disso, os diversos voos diretos abertos pelas companhias a�reas do aeroporto de Confins para Miami, com pre�os a partir de US$ 890 (R$ 1,79 mil), ajudaram a incentivar os turistas a cruzar fronteiras e aumentar a frequ�ncia de viagens aos EUA. O movimento n�o ocorre s� em Minas. Dados do governo americano mostram que os EUA esperam receber neste ano 18% a mais de turistas brasileiros do que em 2011.
Os destinos mais procurados s�o Miami, Orlando, Nova York e Las Vegas. “O d�lar alto n�o est� espantando os clientes, pois est� subindo gradativamente, dentro de um patamar aceit�vel”, afirma Ant�nio da Matta, presidente regional da Abav. E em julho, diz, em fun��o da demanda maior para a Disney, em Orlando, a procura deve ficar ainda maior.

Na Acta Turismo, a alta do d�lar tamb�m n�o afetou as vendas. “Ainda temos defasagem grande de pre�o em rela��o aos Estados Unidos. O turismo no Brasil est� caro. E a forma de financiamento dos pacotes internacionais est� igual � dos nacionais”, diz Jos� Carlos Vieira, diretor da Acta. Na ag�ncia, a procura por pacotes para os Estados Unidos cresceu em torno de 20% este ano. “Hoje voc� consegue encontrar uma di�ria de hotel cinco estrelas por US$ 100 (cerca de R$ 202). No Brasil chega-se a pagar R$ 500 pela di�ria em hotel do mesmo porte”, diz Vieira. As ag�ncias de viagens estavam cobrando ontem R$ 2,02 pelo d�lar turismo. Em janeiro a cota��o estava em torno de R$ 1,85.
Na Belvitur Turismo a procura pelas viagens aos Estados Unidos est� ainda mais aquecida: cresceu em torno de 40% este ano. Para as f�rias de julho � esperado aumento de 25% na demanda. “Os voos diretos de Confins est�o ajudando a aquecer as vendas, e agora h� a abertura do Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (Casv) na capital”, diz Marcelo Cohen, diretor da Belvitur. Os clientes que compravam pacotes para os Estados Unidos uma vez por ano, conta, hoje chegam a adquirir at� quatro no mesmo per�odo. “As classes sociais A, B e C est�o fazendo viagens internacionais”, observa Cohen.
A alta do d�lar tamb�m n�o espantou o turista da Primus Turismo. “O Casv aqui ajuda. Muitas vezes a pessoa chegava com a fam�lia querendo viajar e nem todo mundo tinha o visto, o que era um dificultador”, observa Kika Vernalha, analista de marketing da ag�ncia.
A funcion�ria p�blica M�riam Denise Xavier Lazarini embarca com a amiga Jane Palhares para Miami e Nova York no dia 23. As duas v�o passar 12 dias nos Estados Unidos, onde pretendem passear, ir a espet�culos e fazer compras. A viagem foi programada h� dois meses. Mesmo com a alta do d�lar, Miriam acha que as compras ainda valem a pena. “O aumento n�o foi t�o grande”, diz. Ela desembolsou cerca de US$ 2,5 mil no transporte a�reo e hospedagem e pretende gastar mais US$ 3 mil com alimenta��o e compras. Ser� a sexta vez que Miriam visita os Estados Unidos.
Facilidades com o centro de atendimento em BH
Emprego em alta e economia est�vel foram alguns dos fatores que tornaram mais f�cil a ida do brasileiro � terra do Mickey Mouse. Interessado nos d�lares que esses turistas passaram a despejar mundo afora, o governo americano decidiu facilitar a vida de quem quer viajar para o pa�s, abrindo escrit�rios regionais para acelerar a expedi��o de vistos, autoriza��o exigida para entrar nos EUA. O atendimento agendado pela internet evita as filas, que no passado come�avam a se formar na porta dos consulados americanos ainda de madrugada.
Em Belo Horizonte, o Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (Casv) foi aberto ontem, como uma pr�via do consulado previsto para chegar no fim de 2013. O turista mineiro aprovou o atendimento mais simples e r�pido, mas apontou que melhor mesmo ser� quando a capital contar com um consulado, que coloca um fim na necessidade de deslocamento para outras cidades para entrevistas.
No primeiro dia de atendimento no Bairro Santa Efig�nia, o Casv registrou mais de 200 atendimentos. A capacidade do local � para atender 700 turistas por dia. O vice-c�nsul dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Patrick McCormick, destacou que o processo foi simplificado. “Agora existe apenas uma taxa, antes eram tr�s. O valor ficou um pouco menor e a expectativa � de que o atendimento tamb�m seja mais r�pido.” Segundo ele, a atual taxa a ser paga � de US$ 160. A embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Brasil processaram 103,5 mil vistos em abril de 2012, 51% a mais que no mesmo m�s de 2011.
O centro de atendimento facilita a vida principalmente de quem quer renovar o visto vencido a menos de quatro anos, menores de 15 anos e maiores de 66 anos. Esses tr�s resolvem todo o processo em Belo Horizonte. J� quem planeja conhecer os Estados Unidos e tenta o visto pela primeira vez, ter� de viajar a um dos consulados (Rio de Janeiro, S�o Paulo, Recife ou Bras�lia) para a entrevista.
A fam�lia do funcion�rio p�blico Guilherme de Castro se prepara para uma temporada de dois anos nos Estados Unidos, onde ele vai fazer uma especializa��o. “Foi muito r�pido o agendamento pela internet. Consegui a entrevista para o dia seguinte e a d�vida que tive foi esclarecida pelo telefone”, afirma. Apesar do escrit�rio em Belo Horizonte, Guilherme ter� que finalizar o processo com uma entrevista na embaixada em Bras�lia. “Melhor seria se todo o processo pudesse ser feito aqui”, comentou.
Ricardo Ladeira Calvo recentemente estragou seu passaporte. O documento foi molhado, o que danificou a fotografia e o visto antigo. “Achei �timo ter esse centro em Belo Horizonte. N�o vou precisar viajar para trocar o visto. Posso fazer isso aqui mesmo”, apontou.
Os brasileiros j� ocupam o terceiro lugar do ranking da gastan�a de d�lares nos EUA, depois do Jap�o e do Reino Unido. Com o novo perfil, est�o deixando de ser vistos com ares de desconfian�a para serem incentivados a gastar nos parques da Fl�rida ou nas lojas de Nova York.