A mudan�a nas regras da caderneta de poupan�a, que entrou em vigor na sexta-feira, funcionou como est�mulo adicional para o mercado trabalhar com a expectativa de novos cortes na Selic. Mas a redu��o esperada da taxa b�sica de juros pode n�o destravar a concess�o de cr�dito pelos agentes econ�micos de uma maneira que cumpra o objetivo do governo. "Algu�m j� disse que 'voc� pode levar um cavalo at� a beira do rio, mas n�o conseguir� obrig�-lo a beber �gua'", observa a Federa��o Brasileira de Bancos (Febraban), em uma cutucada indireta � estrat�gia do governo de tentar estimular a fluidez do canal de cr�dito com redu��o das taxas.
"� poss�vel criar condi��es mais favor�veis � expans�o do cr�dito reduzindo as taxas b�sicas, mas uma amplia��o efetiva das opera��es passa por uma postura mais agressiva, tanto dos emprestadores como dos tomadores de cr�dito, que por sua vez depende de expectativas econ�micas mais otimistas", pondera a entidade em seu Informativo Semanal Banc�rio.
Ap�s a altera��o da remunera��o da caderneta de poupan�a eliminar o empecilho para novas redu��es da Selic, o governo j� revelou que continuar� empenhado nas negocia��es para diminui��o do custo dos empr�stimos. Mas o informe da Febraban mostra que os agentes econ�micos seguem refrat�rios � press�o governamental diante do quadro econ�mico.
"Os n�meros da nossa pesquisa de proje��es seguem apontando uma postura cautelosa dos agentes econ�micos, que reflete precisamente a deteriora��o do cen�rio externo, combinada com um n�vel ainda elevado de inadimpl�ncia no mercado dom�stico", destaca a entidade. Entre as proje��es colhidas pela entidade, as opera��es de cr�dito devem crescer 16,2% em 2012, ritmo inferior aos 16,6% no levantamento de mar�o de 2012.
O dado reflete que a seletividade na concess�o de novos empr�stimos continua, o que � considerado um fator negativo para estimular a economia como pretende o governo. Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou que os bancos orientaram suas ag�ncias a serem mais seletivas na concess�o de cr�dito � popula��o, o que para ele � um fator negativo e que n�o deveria ocorrer num contexto de economia com infla��o sob controle e taxa Selic em trajet�ria de queda desde agosto. "A solu��o para esse problema (inadimpl�ncia) � aumentar o volume de cr�dito e reduzir os spreads", disse o ministro.
Para a Febraban, por�m, a acelera��o do ritmo de concess�es depende, sobretudo, da melhora econ�mica dom�stica e externa. "A piora nos indicadores (especialmente externos) abre espa�o para quedas adicionais dos juros b�sicos, mas ao mesmo tempo parece impor uma cautela adicional aos agentes econ�micos", destaca o texto da Febraban.
Inadimpl�ncia maior nos bancos
Balan�os divulgados pelos bancos mostraram n�veis maiores de inadimpl�ncia, um fator que tem represado as novas concess�es. No Ita� Unibanco, o indicador, considerando atrasos nos empr�stimos acima de 90 dias, fechou mar�o em 5,1% ante 4,9% do �ltimo per�odo de 2011. No Bradesco, o �ndice terminou mar�o em 4,1%, acima dos 3,9% do quarto per�odo do ano passado. Em mar�o de 2011, o indicador estava em 3,6%. O �ndice de inadimpl�ncia do Banco Santander foi de 4,5% no primeiro trimestre deste ano, 0,5 ponto porcentual acima do registrado em igual per�odo do ano passado e no quatro trimestre de 2011 (4,0%).
No Banco do Brasil, o indicador fechou mar�o em 2,2%, acima dos 2,1% de dezembro e do primeiro per�odo de 2011. Mas como o banco tem sido usado pelo governo como uma ferramenta de convencimento para que os bancos privados reduzam suas taxas finais nos empr�stimos, a institui��o elevou seu provisionamento em 36% para cr�ditos de recupera��o duvidosa.
Corte maior da Selic em 2012 e alta maior em 2013
A Pesquisa de Proje��es e Expectativas da Febraban mostrou ainda resultados distintos em rela��o ao futuro da pol�tica monet�ria no Brasil, apontando uma previs�o de queda maior da taxa b�sica de juros neste ano, mas eleva��o mais forte em 2013.
Os bancos revisaram a proje��o para a Selic do final deste ano para 8,5% ao ano, de 9% ao ano no levantamento de mar�o. A revis�o foi motivada pelo teor da ata do encontro do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), divulgada no dia 26, pela modifica��o na remunera��o da poupan�a, indicadores moderados de atividade dom�stica e renova��o das preocupa��es sobre o cen�rio externo.
Mas cresceu bastante a parcela dos que esperam que a Selic subir� mais em 2013. Para 59,3% dos economistas, a Selic voltar� ao patamar de 10% ao ano em dezembro do pr�ximo ano. Na pesquisa anterior, 44,8% esperavam que a Selic subiria para 9% ao ano no fim de 2013.
A sondagem n�o constatou piora da expectativa de infla��o, que recuou de 5,3% para 5,1% no fim deste ano e ficou est�vel em 5 5% para 2013. A previs�o de crescimento do Produto Interno Bruto recuou de 3,3% para 3,2% em 2012 e permaneceu em 4,2% para 2013.