O juro real vem caindo fortemente no Brasil por causa da conjuntura interna e externa, que oferece uma oportunidade hist�rica de se jogar para n�veis mais baixos todo o ciclo de altas e quedas da taxa b�sica, que caracteriza a pol�tica monet�ria em qualquer economia de mercado. A afirma��o � do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que conversou com o jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira.
Ele reafirmou que o BC mant�m a sua autonomia e, se tiver de aumentar a Selic, a taxa b�sica, no futuro, o far� sem qualquer constrangimento. “A Selic vem caindo, levando � significativa redu��o do juro real, por causa de uma combina��o muito espec�fica de fatores internos e externos, e n�o para agradar � presidenta Dilma”, disse Tombini.
“Os ciclos econ�micos sempre existir�o”, ele continua, mas acrescentando que um eventual novo movimento de alta da Selic iria se dar a partir de n�veis bem mais baixos de juro real. Tombini endossa a vis�o de que na economia pode haver mais de um equil�brio em termos de juro real e de indicadores que importam para a pol�tica monet�ria, como crescimento da economia, infla��o e emprego.
Nessa vis�o, o Brasil permaneceu preso durante d�cadas num equil�brio em que as taxas de juros reais eram muito altas. Assim, para Tombini, aproveitar a oportunidade para a redu��o mais substancial dos juros, que pode levar a economia a um equil�brio melhor, pode trazer benef�cios para o Pa�s - desde que, ressalta, todo esse movimento esteja ancorado na autonomia do BC e no bom funcionamento do sistema de metas de infla��o.
Ele nota que a leitura dominante no in�cio do ano - presente, por exemplo, num encontro de bancos centrais, fundos de pens�o e fundos hedge em Hong Kong, em fevereiro, da qual participou - era de que a economia global estava reaquecendo. Os sinais positivos eram o desempenho melhor da economia americana e os efeitos tranquilizadores das opera��es de refinanciamento de bancos pelo Banco Central Europeu (BCE).
Tombini revelou que o BC brasileiro n�o ficou imune a essa vis�o. Assim, a ata da reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) de mar�o, com refer�ncia � alta probabilidade de que a Selic ca�sse a um n�vel ligeiramente acima do m�nimo hist�rico (o que foi interpretado pelo mercado como 9%) e l� permanecesse, foi escrita � luz daquela percep��o.
As perspectivas globais, por�m, j� mudaram de novo. A recente indica��o, inclusive por meio da mudan�a das regras da poupan�a, de que a Selic pode cair mais do que a sinaliza��o da ata de mar�o decorre, entre outros fatores, da piora no cen�rio americano e europeu. O Brasil tamb�m � afetado, especialmente pelo canal do com�rcio. “Mas o crescimento vir�”, diz Tombini, acrescentando que o PIB deve crescer mais no segundo semestre do que no primeiro.