O atraso na produ��o de a��car no centro-sul do pa�s est� afetando o ritmo de exporta��es nos portos brasileiros. Ontem (23), os terminais portu�rios de Santos (SP), Paranagu� (PR) e Vit�ria (ES) tinham programados embarques de 1,036 milh�o de toneladas do produto, metade do que estava programado no mesmo per�odo do ano passado (2,1 milh�es de toneladas), conforme informa��es da SA Commodities/Unimar Agenciamento Mar�timos.
Com uma produ��o em abril de apenas 542 mil toneladas da commodity (34% abaixo de abril de 2011), as usinas da Regi�o Centro-Sul v�m queimando estoques trazidos da entressafra para fazer frente aos embarques j� contratados. Neste momento mais apertado, os estoques aguardam agora a chegada em maior volume de produto da safra nova para seguir exportando a commodity nos prazos firmados. O in�cio da moagem na regi�o atrasou em pelo menos 20 dias e as chuvas em abril acentuaram o problema, uma vez que dificultam a colheita. Hoje, a Uni�o da Ind�stria de Cana-de-A��car (Unica) vai divulgar o volume produzido da commodity na primeira quinzena de maio.
A tend�ncia, dizem especialistas, � que nos pr�ximos meses — com o aumento da moagem de cana — esse atraso seja recuperado, pois uma parte importante da exporta��o prevista pela regi�o j� foi vendida antecipadamente. No entanto, o atraso dos embarques e o segundo ano consecutivo de estagna��o da produ��o de a��car no pa�s coincidem com o momento em que a Tail�ndia e, em menor escala, a �ndia continuam agressivas na exporta��o da commodity.
No ano passado, o Brasil, maior exportador global da commodity, j� perdeu mercado. O market share do pa�s recuou de 50% para 46%, sobretudo com o avan�o da Tail�ndia. O pa�s asi�tico ter� neste ciclo mundial 2011/12, que se encerra no fim de setembro, uma produ��o de 10 milh�es de toneladas e uma exporta��o de 7 milh�es — o Centro-Sul do Brasil embarcou 22 milh�es na safra 2011/12. Al�m de avan�ar em mercado brasileiro, a Tail�ndia, com sua grande produ��o, “neutralizou” o efeito da menor safra no Brasil nos pre�os internacionais. O resultado � que as cota��es, em vez de subir, seguem derretendo em Nova York.
Ontem, em um dia de forte press�o sobre as commodities agr�colas, os contratos para julho fecharam o preg�o americano em queda de 29 pontos, a 19,51 centavos de d�lar por libra-peso. No mercado interno, os pre�os seguem, por enquanto, sustentados no patamar de R$ 55 por saca de 50 quilos, em consequ�ncia do aperto pontual na oferta interna trazido pelo atraso da safra, segundo o Cepea/Esalq.
Mais bem localizada entre os emergentes asi�ticos, a Tail�ndia segue requisitada. Atualmente, o mercado paga 10% acima das cota��es em Nova York para obter uma tonelada do a��car tailand�s. “O pr�mio l� est� em 42 d�lares por tonelada, 9,7% do valor do produto”, calcula um trader. Neste momento, n�o h� registro de pagamento de pr�mio para o a��car brasileiro.
A China, mercado para o qual o Brasil embarcou 2,137 milh�es de toneladas em 2011 (75% mais que em 2010), deve ter como seu aliado neste primeiro semestre o a��car tailand�s. A previs�o da Thai Sugar Trading Corp., maior exportadora do pa�s, � que no per�odo sejam embarcadas 600 mil toneladas aos chineses. Em todo o ano passado, foram 277,6 mil toneladas. J� a �ndia, apesar do barulho, embarcou apenas 1,4 milh�o de toneladas, abaixo das expectativas do mercado.
“Diferentemente da �ndia, cuja produ��o de a��car � voltada ao mercado interno, a Tail�ndia quer ser um grande player e est� construindo mais usinas de cana. Mas, at� 2020, a demanda global crescer� 20 milh�es de toneladas, o suficiente para atender a expans�o prevista em Brasil e Tail�ndia”, diz um trader.