O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil dever� crescer menos do que 3% em 2012. O relat�rio Focus, pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central (BC), divulgada nessa segunda-feira, mostrou que, na m�dia, as proje��es de economistas e agentes que trabalham em bancos e outras institui��es privadas para expans�o da economia ca�ram para 2,99% no fim da semana passada. Os mais otimistas previram avan�o de 3,58%. Os pessimistas esperam crescimento de apenas 1,83%. No in�cio do ano, a expectativa era de que o PIB avan�asse 3,30% em 2012. A performance p�fia da ind�stria brasileira, abalada pelo real valorizado, juros altos e pesada carga tribut�ria, ser� um fator decisivo para que o ano termine em “pibinho”. O dado do primeiro trimestre, que ser� divulgado sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), deve confirmar o desaquecimento da economia.
Prova disso � que o n�mero de setores da ind�stria nacional que se consideram com estoques excessivos passou de quatro em abril para seis em maio, segundo sondagem da Funda��o Getulio Vargas (FGV). Dos 14 segmentos analisados, os que se avaliam como superestocados s�o os minerais n�o met�licos, mec�nico, material de transporte, t�xtil, mobili�rio e vestu�rio e cal�ados. Em abril, material de transporte e mobili�rio n�o faziam parte dessa lista. De acordo com Fl�vio Roscoe, presidente do Sindicato das Ind�strias T�xteis de Malhas do Estado de Minas Gerais (Sindimalhas), o setor est� com estoques altos desde do segundo semestre do ano passado.

“Uma ind�stria pode ter em estoque mat�ria prima, o produto em estado intermedi�rio e acabado. Quando o produto est� acabado, o normal � ficar pouco tempo na f�brica. Ter um produto acabado na f�brica por 10 ou 15 dias j� � um estoque alto”, explica. De acordo com ele, em sua maior parte as ind�strias t�xteis trabalham sob encomenda e, portanto, s� h� estoque quando os pedidos s�o cancelados. O problema � que toda vez que o mercado fica dif�cil, o volume de cancelamento de pedidos aumenta. “O preju�zo � grande porque na maioria dos casos os produtos s�o costumizados pela cor, por exemplo. At� o fim do ano ser� uma tarefa �rdua reduzir os estoques Vamos ter que parar de produzir. Em v�rios casos, haver� demiss�es”, reconhece o empres�rio.
O n�mero de empresas do setor automobil�stico – autom�veis, caminhonetes e utilit�rios – que acredita ter estoques excessivos atingiu em maio 28,3%, maior n�vel registrado desde janeiro de 2009. Em abril, esse percentual estava em 13,6%. J� o n�mero de empresas do setor de material de transporte – autope�as, caminh�es e �nibus, entre outros – que acredita estar com estoques excessivos chegou a 19,9% em maio, tamb�m o maior resultado desde janeiro de 2009.
Na pesquisa Focus, a proje��o para o crescimento da ind�stria em 2012 manteve-se em 1,58%. Em 2013, a mediana das estimativas para a expans�o industrial apresentou leve melhora e aumentou de 4,20% para 4,25%. Um m�s antes, a pesquisa apontava expectativa de crescimento de 2,02% neste ano e de 4% em 2013.Analistas reduziram ainda a previs�o para o indicador que mede a rela��o entre a d�vida l�quida do setor p�blico e o PIB em 2012, de 35,9% para 35,83%. Para 2013, a proje��o seguiu em 34,5%. H� quatro semanas, as estimativas estavam, respectivamente, em 36,2% e 34,7% do PIB para cada um dos dois anos.
Na espera Na Austin Rating, a proje��o do crescimento do ano ainda est� na casa dos 3,2%. A consultoria espera a divulga��o do PIB do primeiro trimestre para reformular ou n�o sua expectativa. Felipe Queiroz, economista da Austin, confirma, no entanto, que o preponderante para a corre��o para baixo no crescimento do pa�s ser� o resultado da ind�stria. “A produ��o industrial nos �ltimos meses apresenta resultado negativo e isso deve segurar o crescimento econ�mico do pa�s e trazer o PIB abaixo de 3%”, afirma.
Segundo a pesquisa do BC, o mercado financeiro manteve a previs�o para o patamar do juro b�sico da economia nos pr�ximos meses. A mediana das estimativas para a taxa Selic no fim deste m�s seguiu em 8,5% ao ano, o que indica expectativa de corte do juro de 0,50 ponto percentual. Confirmada a expectativa, o Brasil passaria a conviver com o menor juro da hist�ria. Para o fim de 2012, nada mudou na pesquisa Focus e o mercado segue com a expectativa de juro em 8%. Dessa forma, o mercado prev� que, al�m do corte previsto para esta semana, a taxa ser� reduzida em 0,50 ponto adicional. H� duas semanas, o governo admitiu que o PIB deste ano seria mais magro. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mesmo em um cen�rio de estresse externo adicional, como uma eventual sa�da da Gr�cia da zona do euro, o Brasil crescer� neste ano mais do que os 2,7% de 2011. (Com ag�ncias)
Indicador revela economia fraca
O Indicador de Atividade Econ�mica da Serasa Experian subiu 0,5% em mar�o, na compara��o com fevereiro. Em rela��o a mar�o de 2011, o crescimento do �ndice, tamb�m chamado de Produto Interno Bruto (PIB) mensal, foi de 1,7%. No acumulado do trimestre, foi registrado aumento de 2% sobre o mesmo per�odo de 2011. O resultado de mar�o tamb�m levou o indicador a crescer 0,8% nos tr�s primeiros meses de 2012 ante o �ltimo trimestre do ano passado.
De acordo com a Serasa Experian, os dados apontam para mais um trimestre de expans�o da economia brasileira em um ritmo inferior a 1%, semelhante ao que vem sendo registrado desde o primeiro trimestre de 2011. Na decomposi��o do �ndice pelo fator oferta, a agropecu�ria apresentou alta de 0,5% ante fevereiro, por�m queda de 0,5% em rela��o ao mesmo m�s de 2011. A ind�stria subiu 0,4% sobre fevereiro e recuou 1,1% em rela��o a mar�o do ano passado. O setor de servi�os apresentou altas de 0,3% ante fevereiro e de 2,6% sobre mar�o de 2011.
A atividade econ�mica s� n�o cresceu menos no primeiro trimestre de 2012 porque o consumo, tanto das fam�lias quanto do governo, conferiu alguma sustenta��o: o primeiro cresceu 1,6% e o segundo 1,1% quando comparados com os �ltimos tr�s meses do ano passado. Os investimentos apresentaram alta de 1,9% em mar�o sobre fevereiro, mas na compara��o anual acumulam queda de 1,4%. “As turbul�ncias e as incertezas oriundas do cen�rio externo e a alta do d�lar reduziram o �mpeto dos empres�rios em expandir seus investimentos durante o primeiro trimestre do ano”, afirma a empresa, em nota distribu�da � imprensa.
Mantega aposta nas medidas
S�o Paulo – Ciente de que o governo vai se deparar nesta semana com n�meros frustrantes sobre a economia brasileira no trimestre passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro ontem que os esfor�os est�o voltados para estimular o investimento privado, o que garantir� que a economia chegar� no segundo semestre mais robusta, j� que a partir de maio, segundo o ministro, ela come�ou a acelerar. Mantega n�o descartou novas medidas de est�mulos, mas pede “paci�ncia” para que as j� adotadas possam surtir efeito. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter registrado expans�o de apenas 0,3% a 0,5% entre janeiro e mar�o passados quando comparado com o quatro trimestre. O pior cen�rio mostraria que a atividade n�o acelerou, j� que entre outubro e dezembro, a expans�o foi de 0,3%.
Para o ano, diz o ministro, o PIB brasileiro dever� crescer entre 3% e 4% por cento, abaixo da proje��o inicial do governo, de 4,5 por cento. Mantega, no entanto, emenda que j� no segundo trimestre a economia come�ou a se recuperar e, da� para frente, mostrar� mais consist�ncia. “N�s precisamos ter um pouco de paci�ncia porque a economia n�o � um autom�vel que voc� gira a dire��o, ele vira para esquerda, vira a dire��o, freia. � mais como um transatl�ntico de grande porte, voc� acelera e demora mais para alcan�ar a velocidade de cruzeiro”, afirmou o ministro. “A economia j� est� acelerando, as medidas t�m efic�cia, e vamos ver isso com mais nitidez no segundo semestre”, acrescentou. “No segundo semestre estaremos crescendo a 4,5 por cento.”
Para o ministro, mesmo em um cen�rio de estresse externo adicional, como uma eventual sa�da da Gr�cia da zona do euro, o Brasil crescer� neste ano mais do que os 2,7% de 2011. Os dados do primeiro trimestre ser�o divulgados sexta-feira. “Pela sensibilidade, o que andou menos no primeiro trimestre foi o investimento do setor privado... Talvez tenha havido alguma retra��o no investimento, que sempre volta depois”, acrescentou. Mantega disse ainda que os investimentos p�blicos continuam mais fortes e adiantou que, entre janeiro e abril, os desembolsos do governo federal cresceram 28,9% frente a igual per�odo de 2011.
Segundo o ministro, as redu��es nos gastos de custeio v�o permitir mais investimentos sem que o governo tenha de abrir m�o do cumprimento da meta cheia de super�vit prim�rio – economia feita para pagamento de juros – neste ano, de 139,8 bilh�es de reais. Para induzir essa esperada retomada no crescimento dos investimentos privados, Mantega mencionou as medidas j� adotadas, como redu��o de juros. Segundo ele, o governo continua pensando em novas iniciativas – como diminuir os tributos para atacar a inadimpl�ncia –, mas � preciso esperar que as j� tomadas surtam efeito.