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Estado de Minas

BC reduz juros a 8,5% e ganho da poupan�a cai

Copom corta Selic em 0,5 ponto e taxa b�sica recua para o menor patamar da hist�ria. Decis�o aciona nova regra para rendimento da caderneta, que pode ficar abaixo de 6%


postado em 31/05/2012 07:08 / atualizado em 31/05/2012 07:15

A fraca atividade econ�mica do pa�s levou a taxa de juros b�sicos da economia a cair de 9% para 8,5% ao ano, o menor patamar j� registrado em toda a s�rie hist�rica do Banco Central (BC), que come�ou em 1986. A redu��o aciona a mudan�a na remunera��o da caderneta de poupan�a, cujos rendimentos deixam de ser corrigidos a uma taxa fixa de 6,17% ao ano mais Taxa Referencial (TR) e passam a ser ajustados em 70% da Selic quando a taxa anual estiver em 8,5% ou menos, mais TR. Esta tamb�m � a primeira vez desde 1861, quando a aplica��o foi criada, que a mais tradicional forma de poupar dinheiro no pa�s passar� a render menos de 6% ao ano.

O BC tamb�m iniciou ontem a divulga��o dos votos dos diretores do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom). Os nomes dos seis diretores da institui��o e do presidente Alexandre Tombini foram inclu�dos no documento divulgado depois da decis�o un�nime de baixar a Selic em 0,5 ponto percentual. A mudan�a busca adequar o comit� � Lei de Acesso a Informa��es P�blicas, que entrou em vigor em 16 de maio. Antes, o BC divulgava somente o resultado da vota��o, sem detalhar o voto de cada membro.

A altera��o nas regras da poupan�a foi necess�ria porque a remunera��o da caderneta estava ficando mais atrativa do que a dos fundos de investimento, que funcionam como lastro para o governo rolar a d�vida interna do pa�s e promover investimentos como o Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC). O risco que se corria era que os dep�sitos nesses fundos, que somam R$ 1,84 trilh�o, migrassem para a poupan�a, impedindo o pa�s de se refinanciar. O dinheiro depositado na poupan�a s� pode ser usado para o financiamento da casa pr�pria e da agricultura. De agosto do ano passado at� agora, a taxa b�sica de juros j� caiu 4 pontos percentuais.

“A expectativa era de redu��o de 0,5 ponto percentual na Selic, mas n�o me assustaria se a queda fosse ainda maior porque, diante da atividade (econ�mica) muito fraca, podia se esperar tudo”, diz Miguel Daoud, consultor da Global Financial Advisor. Para ele, o que se percebe � que a economia mesmo daqui a algum tempo n�o vai responder aos cortes de juros. “A confian�a dos empres�rios n�o anda bem e a taxa de juros para os mortais, que inclui spread, continua no patamar de 30% a 40% ao ano”, lembra. Ainda impactada pela incerteza global, a economia brasileira continua aquecida em setores espec�ficos como o de servi�os e constru��o civil, mas o setor industrial sofre com a menor demanda internacional pelos seus produtos, comenta Claudio Shikida, coordenador do n�cleo de estudo de pol�tica monet�ria da escola Ibmec de administra��o e neg�cios.

Felipe Queiroz, analista da Austin Rating, j� esperava a queda da Selic para 8,5% ao ano e acredita que na pr�xima reuni�o do Copom, em 45 dias, a taxa baixar� para 8% e assim permanecer� at� o fim do ano. Ele justifica sua expectativa com n�meros. O �ndice de atividade medido pelo BC, o IBC-Br, caiu 1,1% no acumulado dos �ltimos 12 meses contados desde mar�o de 2012, o que mostra que a economia caminha num ritmo bastante fraco. “O com�rcio ainda est� aquecido, estimulado pelas taxas de desemprego em baixo patamar, amplia��o da renda real e medidas de est�mulo ao consumo. Mas o d�lar desvalorizado prejudicou muito porque aumentou importa��es e isso desestimulou a ind�stria”, explica.

Nova redu��o Nesse contexto, a mudan�a na poupan�a aparece como condi��o para que as taxas continuem a cair, impulsionando a economia. Queiroz lembra que depois do real o Brasil vem atravessando um processo cont�nuo de avan�os econ�micos e isso exige taxas de juros menores. “Os juros s�o um balizador para o n�vel de risco de um pa�s. N�s ainda temos bastante risco, mas ele est� entrando num novo patamar porque o pa�s tem mudado de postura no cen�rio global. Ent�o a altera��o da poupan�a abre espa�o para quedas maiores da Selic.”

O setor de com�rcio e servi�os comemorou a decis�o do BC. Para o presidente da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci, as medidas adotadas pelo governo desde abril – corte dos juros, amplia��o do limite de cr�dito nos bancos p�blicos, estimulou a queda nos bancos privados e o novo sistema de rendimento da poupan�a – s�o extremamente positivas para a economia brasileira. “Com juros mais baixos, o risco de maior endividamento diminui e os consumidores podem conseguir administrar as d�vidas. Sabemos que quanto mais baixas as taxas de juros melhor para a economia. Esperamos que o BC continue o ciclo de corte na taxa de juros na pr�xima reuni�o do Copom.”

Taxa real recua para 2,8%

Com a taxa b�sica em 8,5% ao ano, o Brasil passou a ter juros reais, depois do abatimento da infla��o prevista para os pr�ximos 12 meses, de 2,8% ao ano, segundo levantamento do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, em parceria com Thiago Davino, analista de mercado da Weisul Agr�cola. Assim, a taxa real de juros brasileira ficou perto da meta da presidente Dilma Rousseff, de 2% ao ano, patamar que tamb�m � mais pr�ximo da m�dia internacional. A taxa real de juros de 40 pa�ses pesquisados pelos economistas est� negativa em 0,5% ao ano.

“Com uma eleva��o em algumas proje��es de infla��o e diversos cortes de juros, inclusive do Brasil, o pa�s ocupa agora e em todos os cen�rios o terceiro lugar do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo”, informa Jason Vieira em seu estudo. Segundo ele, o primeiro lugar no ranking � ocupado pela R�ssia (4,3% ao ano), seguida pela China (3,1% ao ano).

Ao fim da reuni�o, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), explicou que considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajet�ria da infla��o. O comit� nota ainda que, at� agora, dada a fragilidade da economia global, a contribui��o do setor externo tem sido desinflacion�ria. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condi��es monet�rias, a autoridade monet�ria decidiu reduzir a taxa Selic para 8,5% ao ano, sem vi�s de alta ou de baixa.

A decis�o agradou a ind�stria, que vem perdendo espa�o no crescimento da economia. Em nota, a Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) considerou acertada a decis�o do Copom, que “barateia o cr�dito e, em consequ�ncia, contribui para a retomada dos investimentos e o reaquecimento da demanda interna”. A decis�o do Banco Central confirmou a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. A previs�o dos analistas dos bancos � de que o Copom promova um novo corte dos juros em sua reuni�o de 10 e 11 de julho, desta vez para 8% ao ano – patamar no qual a taxa terminaria 2012. O mercado tamb�m estima, at� o momento, que os juros voltar�o a subir a partir de abril do pr�ximo ano para conter press�es inflacion�rias.

Calibragem Pelo sistema de metas de infla��o, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pr�-estabelecidas, tendo por base o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de infla��o � de 4,5%, com um intervalo de toler�ncia de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a infla��o para o centro da meta de 4,5% neste ano, visto que, em 2011, a infla��o ficou em 6,5% – no teto do sistema de metas.

Na poupan�a, as novas regras para a caderneta de poupan�a, que representam perda de rendimento, n�o desestimularam os investidores. Muito pelo contr�rio. N�meros divulgados do BC mostram que a capta��o da "nova" poupan�a, que registra as aplica��es feitas de 4 de maio em diante, mais do que dobrou em compara��o com os primeiros meses deste ano.


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