O fraco desempenho do segmento agropecu�rio, a freada nos investimentos e a desacelera��o da ind�stria seguraram o avan�o do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. O PIB teve alta de 0,2% ante os tr�s �ltimos meses de 2011, na compara��o livre de influ�ncias sazonais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O resultado mostra que os temores do governo e dos analistas financeiros foram confirmados: o crescimento do pa�s ficou aqu�m do desejado.
De janeiro a mar�o, a economia do pa�s produziu R$ 1,03 trilh�o em bens e servi�os. Na compara��o com o primeiro trimestre de 2011 cresceu 0,8%, o pior resultado desde o terceiro trimestre de 2009 (-1,5%). No acumulado dos �ltimos quatro trimestres encerrados em mar�o, o PIB subiu 1,9%. O pacote de incentivo do governo para as ind�strias e a forte sequ�ncia de cortes na taxa b�sica de juros (Selic) desde agosto do ano passado n�o foram suficientes para alavancar o crescimento da economia brasileira.
Considerada em diversos outros momentos como o salvador da lavoura da economia brasileira, o setor agropecu�rio foi desta vez um dos respons�veis pela derrubada do PIB. Por setores, o crescimento foi o seguinte: ind�stria (1,7%), servi�os (0,6%) e agropecu�ria (-7,3%). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que “n�o houve nem acelera��o nem desacelera��o do PIB em rela��o ao �ltimo trimestre”. O ministro avalia que o efeito das medidas de est�mulo do governo vai acontecer no segundo semestre, com cr�dito mais abundante, mais capital de giro para as empresas e maior cr�dito para o consumidor. “Deveremos alcan�ar taxas de crescimento que n�s gostar�amos para o ano todo, em torno de 4% e 4,5%", disse.
O p�fio avan�o do PIB se deve, em grande parte, � queda da safra de soja, que responde por cerca de 20% da soma das riquezas do agroneg�cio brasileiro. As dr�sticas quedas (7,3% em rela��o ao �ltimo trimestre de 2011 e de 8,5% na compara��o com o primeiro trimestre do ano passado) foram causados por problemas clim�ticos, como explicou o agr�nomo Affonso Damasio, superintendente-t�cnico da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg): “Houve excesso de chuva numa parte do pa�s e estiagem em outra, afetando a cultura”. Ele estima que o resultado dos tr�s meses seguintes ser� bem melhor. O IBGE n�o divulgou o PIB por estados, mas a expectativa � de que o indicador em Minas n�o tenha seguido o nacional, pois o estado tem cultura diversificada.
Avan�o ser� agora
Entre os analistas de mercado, a aposta � que a economia brasileira s� volta a ganhar ritmo a partir do segundo semestre. “Os n�meros do PIB s�o mais um dado para mostrar que a economia brasileira se recuperou em ritmo lento no primeiro trimestre. O resultado s� deve melhorar a partir do segundo semestre, por causa do conjunto de est�mulos do governo, como queda na taxa de juros e atua��o mais agressiva dos bancos federais”, afirma George Bezerra, economista chefe da M�xima Asset Management.
O economista-chefe da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, aposta que este ano o PIB vai crescer menos do que no ano passado, em torno de 2,5%. “� um resultado compat�vel com os outros pa�ses, que est�o crescendo menos. As medidas do governo devem ajudar mais no segundo semestre, quando o consumo e os investimentos devem ter maiores benef�cios”, analisa Gomes.
No primeiro trimestre de 2011, o PIB da ind�stria cresceu 1,7% em rela��o ao �ltimo trimestre de 2011. Na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado, o percentual foi ainda menor: 0,1%. “A ind�stria, embora tenha reagido no �ltimo trimestre, sofreu duramente ao longo dos �ltimos meses por conta da concorr�ncia externa”, completou Rog�rio Mori, professor da Escola de Economia da Funda��o Getulio Vargas (FGV) em S�o Paulo. Mori sugere ao governo federal, como forma de impulsionar a economia, reduzir o peso da carga tribut�ria.