A euforia com o Brasil acabou e o investidor estrangeiro come�a a mostrar sinais de preocupa��o com a frequ�ncia com que o governo tenta impor suas vontades �s empresas privadas. Esses s�o alguns dos raros coment�rios que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles se permitiu fazer sobre o governo da presidente Dilma Rousseff, desde que saiu de Bras�lia. "Prefiro acreditar que (as interven��es) s�o rea��es � crise e que a tend�ncia � voltar � normalidade", diz ele.
De volta ao setor privado, Meirelles hoje � presidente do Conselho de Administra��o do grupo J&F, dono do frigor�fico JBS, chairman do banco de investimentos franco-americano Lazard e membro do conselho da empresa a�rea Azul. Nesta entrevista, al�m de falar sobre economia, Meirelles contou sobre sua nova rotina e disse que seu pr�ximo passo pode ser virar empres�rio.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Os coment�rios de que o investidor estrangeiro come�a a manifestar um mal-estar com as interven��es do governo no setor privado est�o aumentando. O sr. j� ouviu algo assim?
O n�vel de preocupa��o geral do investidor estrangeiro aumentou muito. A situa��o da economia mudou bastante e os investidores est�o muito mais cautelosos no mundo todo. N�o h� d�vida de que aquela euforia com o Brasil e mesmo com outros pa�ses n�o existe mais hoje. O que, de certa maneira, acho saud�vel.
Mas o sr. tem percebido nos investidores apreens�o com a interfer�ncia do governo na vida das empresas ou n�o?
Existe, sim, essa preocupa��o. Me perguntam de fato muito sobre isso nas minhas palestras para investidores internacionais. Procuro chamar a aten��o desses investidores para as quest�es institucionais b�sicas do Brasil. O Pa�s tem a mesma estrutura institucional, pratica uma economia de mercado, existem garantias de contrato. Pode haver quest�es pontuais e a� a hist�ria vai dizer at� que ponto s�o rea��es conjunturais � crise ou uma tend�ncia no futuro. Prefiro acreditar que s�o rea��es � crise e que a tend�ncia � voltar � normalidade.
O PIB do primeiro trimestre cresceu s� 0,2%. Por que o Brasil est� crescendo t�o pouco?
Estamos vivendo uma situa��o de retra��o econ�mica global importante. E n�o h� d�vida de que isso impactou a economia brasileira. O governo est� adotando uma s�rie de medidas contrac�clicas e vamos aguardar os desdobramentos para ver a rea��o da economia nos pr�ximos meses. Estamos crescendo bem abaixo do potencial. H� espa�o para aumentar o crescimento sem press�es que gerem desequil�brio.
Alguns analistas entendem que no governo Dilma o Banco Central perdeu autonomia. O sr. Concorda?
Eu tenho uma decis�o autoimposta de, durante pelo menos dois anos depois de sair do Banco Central, n�o fazer coment�rios sobre meus sucessores. A rela��o do governo com os bancos est� quente por causa dos juros. Eles foram criticados pela presidente Dilma e pressionados pelo ministro Guido Mantega.