Ao reconhecer em ata que a “recupera��o da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava”, o Banco Central abriu espa�o para novas apostas de corte da taxa Selic em 2012. Al�m da redu��o de 0,5 ponto percentual prevista pelo mercado para ocorrer na pr�xima reuni�o da equipe colegiada, em 11 de julho, institui��es financeiras j� apostam em corte adicional de 0,5 ponto em 29 de agosto. Com a medida, a taxa referencial da economia encerraria 2012 a 7,5% ao ano, contra os 8% previstos no Boletim Focus, divulgado no in�cio da semana pela autoridade monet�ria.
Por meio de relat�rio enviado ao mercado, os bancos Bradesco, Barclays Capital e BTG Pactual informaram aos clientes que revisaram as proje��es em rela��o aos juros b�sicos da economia, que at� agosto deve chegar a 7,5% ao ano. "A ata do Copom (Comit� de Pol�tica Monet�ria) reproduz basicamente a mesma mensagem da ata de abril. N�o expressa preocupa��o a mais sobre o panorama global, mas reconhece que a recupera��o da atividade dom�stica continua muito fraca", ressalta documento do Barclays.
O comportamento do �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), ajuda a compor o cen�rio favor�vel a novas redu��es. Em 6,5% no acumulado dos �ltimos 12 meses at� dezembro do ano passado, a infla��o vem caindo gradativamente desde o �ltimo trimestre de 2011 e acumula, em maio, 4,99% em 12 meses, menor n�vel desde setembro de 2010 (veja quadro). “A proje��o para a infla��o de 2012 se reduziu em rela��o ao valor considerado na reuni�o do Copom de abril e se encontra em torno do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN)”, esclarece a ata do Copom divulgada ontem. Isso j� prevendo taxa de c�mbio em R$ 2,05 em rela��o ao d�lar.
A manuten��o das proje��es de reajuste de pre�os para produtos essenciais como gasolina, telefonia e eletricidade ajudou a tra�ar a nova proje��o. Segundo an�lise do BC, o custo do combust�vel f�ssil (gasolina e diesel) e do g�s de buj�o n�o deve sofrer mudan�a no acumulado de 2012, como j� havia sido considerado na reuni�o do colegiado em abril. Servi�os de telefonia fixa e eletricidade, por sua vez, devem ser reajustados em 1,5% e 1,3%, respectivamente, percentuais que tamb�m j� estavam previstos.
O coordenador do departamento de economia da Faculdade Ibmec, M�rcio Salvato, por�m, n�o compartilha do otimismo apresentado pelo governo quanto ao desempenho do �ndice de pre�os. “N�o acredito que v� para o centro da meta, ficando acima dos 4,5% por conta do esfor�o do pr�prio governo em manter a economia aquecida”, observa ao citar as medidas de expans�o do cr�dito e est�mulo a queda das taxas de juros. Assim como o mercado, que estima Selic em 5,15% no fechamento do ano, Salvato acredita que o �ndice ficar� pr�ximo � casa dos 5%.
Para a equipe de analistas da Bradesco Corretora, a ata do Copom traz poucas novidades. “O texto � quase uma c�pia do texto de apresenta��o com n�meros atualizados. Pequenas mudan�as s�o as previs�es de infla��o mais baixa geradas pelo modelo do BC (ainda acima de 4,5% da meta para 2013) e uma reitera��o mais expl�cita sobre o gradualismo da recupera��o econ�mica esperada", afirmou a corretora em relat�rio.
Demanda em alta O Copom aposta na expans�o do consumo interno j� nos pr�ximos semestres e conclui que “a demanda dom�stica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das fam�lias, em grande parte devido aos efeitos de fatores de est�mulo, como o crescimento da renda e a expans�o moderada do cr�dito”. Sem contar os efeitos esperados pelas recentes medidas de desonera��o fiscal, que costumam ser “defasados e cumulativos” como avalia o pr�prio Copom. Para Salvato, a recupera��o ficar� por conta dos �ltimos tr�s meses do ano. “� quando a popula��o tende a apresentar consumo mais acelerado”, observa. (Com ag�ncias)
De olho no drag�o
Infla��o acumulada nos �ltimos 12 meses
M�s Varia��o (%)
Dezembro/11 6,5
Janeiro 6,22
Fevereiro 5,85
Mar�o 5,24
Abril 5,10
Maio 4,99
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE)