Cidades do interior de Minas se destacam no mercado de trabalho e oferecem mais vagas

“Servi�o aqui n�o falta e ainda vai haver muitas contrata��es”, avisa o motorista especializado no ramo de escava��o e terraplenagem Renato C�lio Fernandes F�lix, de 42 anos, sem descuidar do volante no tr�fego j� intenso do canteiro de obras da f�brica de Itabirito, na Regi�o Central de Minas Gerais, da Coca-Cola Femsa Brasil. Maior franquia da companhia no mundo, a empresa contratou 165 pessoas para a primeira etapa da constru��o, dos quais 55 recrutados no munic�pio de 43,3 mil habitantes. A carteira assinada de Renato F�lix engrossa a estat�stica que levou a cidade ao grupo das 20 campe�s na gera��o de emprego formal no estado em abril, frente aos �ltimos 12 meses. Em comum, a maioria � de pequenos munic�pios, que registraram taxas de expans�o das vagas com registro variando entre 7,21% em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira, e 26,9% em Ouro Preto, tamb�m na Regi�o Central.

Conforme dados do Minist�rio do Trabalho e Emprego, em 44 cidades mineiras, ao todo, o emprego formal cresceu acima da m�dia de 4,9% do estado, que teve em abril um saldo (diferen�a entre as contrata��es e demiss�es) de 192.679 vagas, ante o mesmo m�s do ano passado. Da lista, 33 munic�pios, ou seja 75%, t�m menos de 100 mil habitantes. O f�lego do interior contribuiu com mais da metade do saldo, respondendo por 110.356 novos empregos, enquanto a Grande Belo Horizonte participou com 82.323 postos de trabalho, representando 42,7% do total.

A boa not�cia para esses munic�pios � que eles conseguiram manter um ritmo de gera��o de vagas surpreendente, diante do desempenho fraco da economia brasileira neste ano e que tem levado o governo federal a adotar medidas para reanimar a atividade produtiva. O setor de presta��o de servi�os, a constru��o civil e o com�rcio se revezam entre os setores que mais ajudaram nas contrata��es. Primeira do ranking, Ouro Preto se deparou com uma impressionante expans�o dos servi�os de alimenta��o, hospedagem, transporte e da constru��o, para atender a novos projetos de um segmento tradicional da economia local, as mineradoras Vale, Samarco e o grupo sider�rgico Gerdau. “Vivemos um boom que dobrou a receita do Imposto sobre Servi�os de Qualquer Natureza (ISSQN) em compara��o a 2011”, afirma o prefeito �ngelo Oswaldo. A arrecada��o subiu a R$ 3,6 milh�es por m�s, em m�dia.

Reflexo semelhante observou Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, onde o emprego formal cresceu 20,33% em abril, ante id�ntico m�s do ano passado, com um saldo de 2,8 mil vagas. Em cascata, os investimentos da Samarco Minera��o fortaleceram o ramo da hotelaria e outros servi�os para atender t�cnicos e oper�rios dedicados � constru��o, conta o secret�rio municipal de Or�amento, Planejamento e Desenvolvimento Econ�mico, Carlos Tiago Jorge de Azevedo. A f�brica da Latic�nios Porto Alegre aumentou o n�mero de empregados de 170 para 325, e a constru��o civil mant�m crescimento.

Futuro com o p� no freio

Acompanhar os rumos da economia nos pr�ximos meses ser� vital para os munic�pios que tentam estimular a chegada ou expans�o de empresas para gerar renda e emprego. No ano passado, o crescimento do mercado de trabalho superou o desempenho da produ��o de bens e servi�os, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), fen�meno que pode n�o se repetir neste ano, observa o economista M�rcio Ant�nio Salvato, professor da escola de administra��o e neg�cios Ibmec. “H� um movimento de enfraquecimento da economia brasileira e se ela se retrai o �ndice de emprego tende a diminuir, ou pelo menos a velocidade das contrata��es”, afirma.

Em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, que tamb�m apareceu em destaque na rela��o dos munic�pios campe�es do emprego formal em abril, a torcida vai na contram�o das dificuldades sobretudo da ind�stria. A demanda das empresas por espa�o para expans�o continua grande, segundo o secret�rio de desenvolvimento econ�mico Carlos Alberto Leite. O setor de presta��o de servi�os e a constru��o civil foram decisivos para explicar a boa posi��o do munic�pio de 57,4 mil habitantes, com taxa de 15,89% de aumento dos empregos formais em abril.

A vendedora Natielle Cristina Assun��o, de 22 anos, tem motivos para comemorar o com�rcio aquecido. Ao trocar o emprego de caixa de uma rede de varejo pela oferta no Dep�sito Petrolim, de material de constru��o, ela s� aguardou tr�s semanas e agora ser� promovida a supervisora de vendas, comunica o dono do neg�cio Greco Rocha. “Emprego n�o falta. � preciso ter for�a de vontade e querer sempre aprender mais”, afirma Natielle. O estoquista Felipe Henrique Dutra, de 20 anos, confirma a onda favor�vel ao emprego. “Quem procura emprego no com�rcio acha, se mostrar que tem compromisso com o trabalho”, diz.

As empresas � que encontram dificuldade para contratar gente com experi�ncia, destaca Robson Ant�nio Torres Santos, gerente da Casa Estrela, rede de tr�s lojas de vestu�rio e tecidos, que planeja a abertura de duas unidades neste ano. Em Itabirito, o secret�rio de desenvolvimento econ�mico, Geraldo Magno de Almeida, diz que a diversifica��o do munic�pio da minera��o para a ind�stria de transforma��o e o crescimento do setor de servi�os mant�m a economia local com boas perspectivas. S� na pasta que ele dirige, h� 68 projetos de expans�o de empresas em an�lise. (MV)