A queda do emprego na ind�stria brasileira em abril jogou num precip�cio as proje��es que as empresas ainda alimentavam para reverter o desempenho negativo das f�bricas at� junho. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou, ontem, recuo de 1,3% dos postos de trabalho no setor frente a abril do ano passado, s�timo resultado no vermelho e que atinge 13 dos 18 segmentos pesquisados. Com diferente metodologia, os indicadores da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostraram nova piora em retra��o generalizada frente a mar�o, de 0,9% do quadro de pessoal; 6,2% nas horas trabalhadas; 12,1% no conjunto dos sal�rios pagos e de 9,1% no faturamento. O primeiro semestre est� praticamente perdido, a despeito das medidas adotadas pelo governo para reanimar a economia, reconheceu o presidente do Conselho de Pol�tica Econ�mica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gon�alves Fernandes.

O recuo do emprego reflete o n�vel menor de produ��o da ind�stria, que no Brasil baixou 2,8% de janeiro abril e em Minas est� 1,4% inferior ao acumulado nos primeiros quatro meses do ano passado, ainda de acordo com o IBGE. “Vamos fechar o semestre com �ndices muito fracos e uma perspectiva de recupera��o no segundo semestre. N�o sabemos � se essa retomada ser� suficiente para salvar o ano”, afirma Lincoln Fernandes. Diferentemente da Fiemg, o IBGE ainda n�o apurou redu��o do emprego industrial em Minas, mas a perda de f�lego como tend�ncia do indicador ficou evidente nos n�meros.
O quadro de pessoal da ind�stria, de acordo com o levantamento do instituto, cresceu 1,1% em abril, ante o mesmo m�s do ano passado, influenciado pelo resultado melhor que na m�dia nacional de ramos como a ind�stria automotiva, de produtos qu�micos e de metal, de cal�ados e couro e da minera��o. No acumulado dos �ltimos 12 meses, no entanto, o IBGE mostra decr�scimo das contra��es tamb�m no estado desde junho do ano passado. Nessa base de compara��o at� abril, o emprego cresceu 2%, frente a expans�o de 2,23% nos �ltimos 12 meses at� mar�o e de 2,32% at� fevereiro.
Paliativos
Quando a produ��o fraqueja, em geral, as empresas tentam cortar o n�mero de horas trabalhadas antes de gastar com demiss�es ou se ver obrigadas a recontratar pessoal mais tarde, observa o analista do IBGE Ant�nio Braz de Oliveira e Silva. “A exemplo do Brasil, o emprego industrial em Minas vem decrescendo e a tend�ncia � de que em poucos meses caia a um n�vel de estabilidade ou se retraia”, avalia. As medidas de est�mulo � economia, como a redu��o das taxas de juros, e a ata do d�lar que favorece as exporta��es s� dever�o ter impacto efetivo sobre o setor no segundo semestre, para Felipe Queiroz, analista da empresa de consultoria Austin Rating.
“� bem prov�vel um resultado negativo da ind�stria neste semestre. As medidas adotadas pelo governo s�o paliativas, embora estejam surtindo efeito, mas que s� se ampliam a partir de junho”, afirma Queiroz. Para o analista, n�o h� d�vidas de que instrumentos complementares aos juros menores e a maior oferta de cr�dito na economia ser�o necess�rios num ambiente em que a crise internacional ganhar for�a.
Aposta
Repetindo o discurso da presidente Dilma Rousseff, o presidernte do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu, ontem, que a economia brasileira ter� um crescimento mais forte a partir de julho. Tombini admitiu, entretanto, que a crise internacional vai trazer volatilidade e expans�o abaixo do esperado nos pr�ximos dois anos. “Teremos um crescimento mais forte no segundo semestre deste ano, pela s�rie de est�mulos que a economia j� recebeu”, disse o presidente do BC. O governo trabalhava com meta de crescimento de 4% a 5% neste ano, mas j� n�o enfatiza esses n�meros. H� analistas apostando em percentuais de 2,5% a no m�ximo 3%.
Falta f�lego suficiente para retirar a ind�stria do vermelho nos pr�ximos dois meses, observa Guilherme Veloso Le�o, gerente de estudos econ�micos da Fiemg. Com uma pesquisa mais abrangente que a do IBGE, que cobre o estado, enquanto o instituto oficial tem como base o comportamento da Regi�o Metropolitana, a Fiemg constatou de janeiro a abril a primeira queda do emprego industrial, de 0,28%, depois de 27 taxas de crescimento no acumulado do ano, desde janeiro de 2010.
Retra��o
O faturamento real da ind�stria mineira caiu 4,4% no ano, repetindo o comportamento j� verificado a partir de fevereiro. De 15 segmentos analisados, s� tr�s fugiram da retra��o, os de alimentos, vestu�rio e acess�rios e de metalurgia b�sica. Segundo Lincoln Fernandes, presidente do Conselho de Pol�tica Econ�mica da Fiemg, os dados mostram que parte das empresas est�o operando em n�vel semelhante ao de janeiro a abril do ano passado quando se trata do uso da capacidade instalada. “Se estamos nesse ritmo e sofremos queda de faturamento, significa que os estoques est�o aumentando, o que � ruim. Estoque alto adia investimentos”, afirma.
Enquanto isso...
Bird reduz previs�o para o PIB do Brasil
O Banco Mundial reduziu, de 3,4% para 2,9%, a perspectiva crescimento da economia brasileira em 2012, segundo relat�rio divulgado ontem. A previs�o anterior constava de documento divulgado em janeiro. Apesar da redu��o, a expectativa ainda � maior que a dos economistas dos bancos brasileiros. Na segunda-feira, o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, apontou que esses profissionais esperam alta de 2,53% no PIB deste ano. Para 2013, a previs�o do banco � de uma alta de 4,2% no PIB brasileiro, e para 2014, de 3,9%, “apoiado por pol�ticas mais expansionistas e aumento dos investimentos antes da Copa do Mundo”, diz o documento do banco.