Juros do cart�o ignoram cortes na Taxa Selic

As compras com cart�o de cr�dito s�o tentadoras. S� � preciso passar o dinheiro de pl�stico na m�quina, digitar a senha e escolher em quantas parcelas voc� quer quitar o pagamento. Tudo � muito tranquilo se o consumidor tiver o dinheiro para quitar a fatura no final do m�s. Caso contr�rio, ele precisa se preparar para pagar a mais alta taxa de juros cobrada por essa modalidade de cr�dito desde junho de 2000. A taxa m�dia do cart�o cobrada do consumidor em maio foi de 10,70%, ou 238,67% ao ano, segundo levantamento da Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as, Administra��o e Contabilidade (Anefac). Ao mesmo tempo em que a taxa do cart�o de cr�dito n�o cai h� 27 meses, o empr�stimo para pessoa f�sica tem o menor �ndice desde 1995, quando come�ou a s�rie hist�rica da Anefac.

“S� a taxa do cart�o de cr�dito teima em n�o cair. Talvez seja pela falta de competi��o entre os bancos ou concentra��o do mercado nas m�os de poucas empresas”, afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. A taxa m�dia de juros para pessoa f�sica foi de 6,18% em maio, redu��o de 1,12% em rela��o a abril, quando era 6,25%.

A redu��o, segundo a Anefac, pode ser atribu�da a quatro fatores: redu��o da taxa b�sica de juros (Selic), que caiu de 9% ao ano em abril para 8,5% ao ano em maio; maior competi��o entre os sistemas financeiros depois que os bancos p�blicos (Banco do Brasil e Caixa Econ�mica Federal) divulgaram queda em suas taxas; expectativa de novas redu��es da taxa b�sica de juros e queda nos �ndices de inadimpl�ncia. Em maio, a taxa de cheque especial caiu 0,48%, passando de 8,28% ao m�s para 8,24%. “Nunca o brasileiro pagou t�o barato pelo cheque especial”, observa Oliveira. Ele ressalta, no entanto, que h� espa�o para novas quedas na taxa.

Apesar da queda na maioria das modalidades de cr�dito, o professor de finan�as Paulo Vieira alerta que o dinheiro � mercadoria com pre�o, como outra qualquer. “Se a pessoa est� devendo no cart�o de cr�dito, � melhor buscar empr�stimo pessoal no cr�dito direto ao consumidor para pagar o d�bito”, alerta Vieira. � preciso, no entanto, ter disciplina para pegar o dinheiro e pagar a d�vida. “A pessoa tem que ter cuidado para n�o gastar o dinheiro e o d�bito virar uma bola de neve”, explica Vieira.

Mais barato

O professor faz as contas na ponta do l�pis e mostra que as taxas de juros de um empr�stimo pessoal s�o muito mais baratas do que a do cart�o de cr�dito. Quem pegar R$ 1 mil de empr�stimo pessoal no banco hoje, por exemplo, vai pagar taxa de juros de 3,59% ao m�s (m�dia). Em 36 meses, a mensalidade vai ser de R$ 49,92 e o total pago, ao final, ser� de R$ 1,79 mil. J� nos juros do cart�o de cr�dito, a taxa cobrada � de 10,69% ao m�s, a mensalidade sairia por R$ 109,73 e a conta final por R$ 3.950,28. “A tend�ncia � que a taxa de juros continue caindo, mas quem vai determinar esse ritmo � a inadimpl�ncia”, observa Vieira.

Os novos registros de inadimpl�ncia cresceram 1,8% em maio, segundo dados da Boa Vista Servi�os, empresa que atua na avalia��o de cr�dito. Nos 12 meses encerrados em maio houve avan�o de 18,4%, comparados aos 12 meses terminados em maio de 2011. Comparado a maio de 2011, o indicador apresentou alta de 7,8%.