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Estado de Minas

Pre�o do feij�o salga o almo�o dos mineiros

Quilo do gr�o passa dos R$ 5 em Belo Horizonte e alta no ano chega a 41%. Safra menor levou aos aumentos


postado em 19/06/2012 06:00 / atualizado em 19/06/2012 07:34

O t�cnico em manuten��o Cl�udio Roberto Souza, de 48 anos, se assustou quando foi comprar um quilo de feij�o carioquinha, ingrediente de v�rios pratos da culin�ria mineira. “O pacote j� custa mais de R$ 5!” Nos �ltimos seis meses, o valor do gr�o disparou 41% no com�rcio da capital: pesquisa da Secretaria Municipal Adjunta de Seguran�a Alimentar e Nutricional mostra que o pre�o m�dio do quilo da mercadoria passou de R$ 3,75, em 21 de dezembro de 2011, para R$ 5,28 na semana passada. O percentual ficou bem acima do �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a infla��o oficial do pa�s, entre janeiro e maio, que foi de 2,24% no Brasil e de 2,88% na cidade.

Cláudio Souza foi às compras e ficou assustado comos valores(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Cl�udio Souza foi �s compras e ficou assustado comos valores (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)

“Vou ter de colocar mais �gua no feij�o”, brincou Cl�udio, sem saber que o excesso de �gua e umidade afetou parte da produ��o do gr�o no estado no in�cio do ano. Recentemente, o problema foi a estiagem no Norte. Para se ter ideia, a primeira safra mineira – o feij�o tem tr�s colheitas anuais – deveria produzir 216 mil toneladas, mas seis mil toneladas foram prejudicadas por quest�es clim�ticas. “A perda correspondeu a 5 mil hectares”, calcula Pierre Vilela, coordenador da Assessoria T�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg).

A perda ocorreu em v�rias regi�es do estado, pois, como avalia Pierre, “o feij�o � uma das culturas mais democr�ticas de Minas”. A queda na safra do gr�o n�o ocorreu apenas no estado, terceiro maior fornecedor de feij�o do pa�s. A situa��o foi pior no Paran�, principal produtor da leguminosa, onde a seca levou a Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de l� (Faep) a estimar retra��o de 14,1% na colheita deste ano em rela��o ao exerc�cio passado. Em algumas �reas, a perda foi de 66%. A economista T�nia Moreira, da Faep, estima que o preju�zo dos agricultores paranaenses deva chegar a
R$ 115 milh�es.

Em estados do Nordeste, como na Bahia, as planta��es tamb�m foram atingidas pela estiagem. A queda na produ��o atinge em cheio tanto o bolso dos consumidores, que pagam mais caro pelos produtos, quanto os caixas dos donos de bares, restaurantes e mercearias. “A gente segurou o pre�o at� quando p�de. Depois, tivemos de repassar aos clientes”, disse �ngelo Paulo dos Santos, propriet�rio de uma mercearia no Mercado Central de Belo Horizonte.

No tradicional Baianeira, famoso pelos caldos de feij�o, mandioca, camar�o e sururu, o pre�o � o mesmo do ano passado. “O caldo tem uma margem pequena de lucro. � mais para atrair a clientela”, disse Cristiano Lucas, dono do estabelecimento, que abre diariamente. Por outro lado, h� quem ganhe a explos�o do valor da mercadoria.

Os produtores brasileiros que n�o foram afetados por problemas clim�ticos comemoram a escalada dos pre�os. Em Minas, por exemplo, o pre�o pago aos agricultores acumula alta de 54% desde o in�cio do ano, segundo a Faemg. No acumulado dos �ltimos 12 meses, encerrados em maio, o percentual � bem mais atraente: 99%. A saca de 60 quilos, atualmente, � comercializada entre
R$ 180 a R$ 200.

Pierre Vilela esclarece, por�m, que o valor da mercadoria no fim de 2011 estava em baixa, em raz�o de a safra daquela �poca, afetada pela chuva, ter sido “ruim de qualidade”. A disparada do pre�o do gr�o vem sendo sentida com grande peso no IPCA mensal divulgado pelo IBGE. No �ltimo levantamento, referente a maio e publicado na primeira semana de junho, o quilo do carioquinha no pa�s subiu 58,36% no acumulado do ano. Em 12 meses, a escalada foi de 78,5%. Apenas em maio, a alta ultrapassou os dois d�gitos (10,02%).

O carioquinha responder por cerca de 80% do consumo nacional de feij�es, mas a produ��o de outras esp�cies tamb�m foi danificada por causa dos problemas clim�ticos, ajudando a empurrar a infla��o para cima. O pre�o do mulatinho, por exemplo, subiu 61% nos cinco primeiros meses de 2012, liderando o ranking de alta entre os itens alimentares avaliados pelo IBGE. O segundo colocado foi o carioquinha (58,36%). Para se ter ideia do destaque na alta de pre�os, o terceiro lugar ficou com a cebola (28,85%).

 

Medida da semana

A infla��o medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor – Semanal (IPC-S) ficou em 0,28% na segunda quadrissemana de junho, segundo a Funda��o Getulio Vargas (FGV). No per�odo anterior, encerrado em 7 de junho, a alta dos pre�os chegou a 0,43%. Das oito classes de despesas que comp�em o IPC-S, sete apresentaram decr�scimo em suas taxas de varia��o na compara��o com a leitura anterior. A alta da infla��o da alimenta��o, por exemplo, passou de 0,76% para 0,74%.

 

Pretinho que vem de fora

 

A expressiva perda da safra de feij�o levou o pa�s a importar o gr�o, nos primeiros cinco meses de 2012, em volume 109% maior do que o feito em igual intervalo de 2011. Levantamento feito pela Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado do Paran� (Faep), maior produtor de feij�o do pa�s, revela que este ano empresas brasileiras compraram 87,4 mil toneladas da mercadoria. Em 2011, haviam sido 41,9 mil toneladas.

O principal ingrediente dos tradicionais caldos já pesa mais no caixa dos bares e restaurantes(foto: RODRIGO CLEMENTE/ESP. EM/D.A PRESS)
O principal ingrediente dos tradicionais caldos j� pesa mais no caixa dos bares e restaurantes (foto: RODRIGO CLEMENTE/ESP. EM/D.A PRESS)

Os maiores fornecedores do gr�o ao Brasil s�o a Argentina e a China. � bom frisar que ambos os pa�ses plantam o feij�o preto, pois focam o mercado americano, onde essa esp�cie de gr�o � mais consumida do que o carioquinha. Juntos, Argentina e China venderam mais de 90% do feij�o preto comprado pelo Brasil este ano.

“Chama aten��o o que ocorre com a China. Em 2007, para se ter ideia, a importa��o de feij�o do pa�s asi�tico correspondia a apenas 5%. Este ano, 44%. Est� quase se aproximando do percentual da Argentina (48%)”, disse T�nia Moreira, economista da Faep e respons�vel pelo levantamento, calculado com base em dados do governo federal.

Especialistas estimam que a saca vendida pela Argentina, onde o c�mbio � desvalorizado em rela��o ao real, seja 15% mais barata do que a negociada no Brasil. Na China, especula-se que esse percentual seja em torno de 20% inferior. “A China tem um c�mbio artificial, al�m de seu pre�o ser menor por outros fatores. N�o � um competidor muito leal”, explicou Pierre. (PHL)


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